Pesquisa Sinduscon-MG: Custo da construção civil tem maior alta em 26 anos

Pelo décimo mês consecutivo, aumento dos preços dos materiais de construção eleva o custo do setor

Construir em Belo Horizonte ficou 1,64% mais caro no mês de maio, maior aumento para o mês nos últimos 26 anos. É o que aponta a pesquisa referente ao Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m² – projeto-padrão R8-N), calculado e divulgado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Pelo décimo mês consecutivo, o gasto com material pressionou fortemente o custo da construção, apresentando alta de 3,54% em maio.

Nos primeiro cinco meses do ano, o custo com os insumos básicos registrou elevação de 17,54%. Em maio, os produtos que tiveram o maior aumento em seus preços foram: emulsão asfáltica impermeabilizante (11,43%), aço CA 50 10mm (9,56%), tubo de ferro galvanizado (8,95%), chapa compensado plastificado (7,22%), telha de fibrocimento ondulada 6mm (5,67%) e porta interna semioca para pintura (4,17%). 

No acumulado de 12 meses, encerrados em maio de 2021, o custo com materiais de construção aumentou 38,24%, maior alta para o período de 12 meses, encerrados em maio, desde 1996. Nesse período, alguns materiais registraram aumentos expressivos como o aço CA 50-10mm: 127,76%, o fio de cobre: 108,42% e o cimento 48,52%. Só nos primeiros cinco meses de 2021, o aço CA-50 10mm já aumentou inacreditáveis 54,97%.

O CUB/m² é um importante indicador de custos do setor e acompanha a evolução do preço de material de construção, mão de obra, despesa administrativa e aluguel de equipamentos. É calculado e divulgado mensalmente pelo Sinduscon-MG, de acordo com a Lei Federal 4.591/64 e com a norma técnica NBR 12721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Avaliação geral

– O aumento do custo com materiais de construção segue registrando recordes. A alta acumulada no período de janeiro a maio/21 (17,54%) demonstra a falta de previsibilidade para a solução desse problema, que tem provocado o menor ritmo de atividades da construção em todo o país.

– O aumento no custo dos insumos tem levado os empresários do mercado imobiliário a adiar lançamentos. Apesar das vendas registrarem tendência de alta, os lançamentos apresentam tendência de queda, o que compromete o mercado, que já possui um estoque disponível para comercialização no menor patamar histórico. Nos últimos 12 meses encerrados em março/21, as cidades de Belo Horizonte e Nova Lima venderam 4.615 apartamentos novos, enquanto os lançamentos totalizaram 3.266 unidades.

– Considerando a média de vendas do 1o trimestre de 2021 (cerca de 400 unidades), o escoamento do estoque será de 6,46 meses. Isso significa que, se os lançamentos não aumentarem de forma consistente nos próximos meses, pode vir a faltar imóvel novo para venda.

– Esse movimento reflete no mercado de trabalho, e contribui para resultados menos expressivos na geração de vagas. A média de geração de 44.327 novos empregos formais na construção civil no Brasil, registrada no primeiro bimestre do ano, caiu para 23.215 nos meses de março e abril. Isso significa que o setor reduziu em quase 50% o ritmo de criação de vagas.

– Em Minas Gerais, o número de geração de novos postos de trabalho com carteira assinada na construção, em abril, foi de 2.340, o menor patamar do ano. Esse também é um reflexo do incremento expressivo no custo dos insumos.