Aprovada dia 16 de abril pelo Conselho Curador do FGTS, a Faixa 4 do programa
deve atender famílias de classe média, com renda mensal de até R$ 12 mil
A ampliação do programa “Minha Casa, Minha Vida”, com a criação da Faixa 4 voltada à classe média, foi recebida com otimismo pelo setor da construção civil, que vê na medida uma oportunidade concreta de retomada do crescimento, geração de empregos e estímulo à produção habitacional. A iniciativa, que passa a contemplar famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, possibilita a aquisição de imóveis de até R$ 500 mil e amplia o escopo de atuação do programa. O cenário é de novas perspectivas para o mercado imobiliário, especialmente nos segmentos de médio padrão.
“A readequação do Minha Casa Minha Vida e a criação da Faixa 4 trazem expectativas positivas, pois se amplia o atendimento a uma parte da população que estava desassistida dos programas habitacionais. O setor prevê um aumento da compra de imóveis, possibilitando novos lançamentos no mercado, crescimento econômico e geração de emprego e renda”, afirma Raphael Lafetá, presidente do Sinduscon-MG.
Ele ressalta ainda que o estímulo à produção habitacional tem impacto direto na criação de novos postos de trabalho para a Construção Civil. “Apenas em Minas Gerais, o setor emprega 351.250 pessoas com carteira assinada. Podemos ampliar esse número. Estamos desenvolvendo mais programas de atração, capacitação e valorização do trabalhador e seguimos promovendo melhorias nas condições de trabalho.”
Para a economista da entidade, Ieda Vasconcelos, a entrada da classe média no Minha Casa, Minha Vida representa um avanço relevante na política habitacional e na dinamização da cadeia produtiva da construção.
“Temos um déficit de mais de seis milhões de moradias no Brasil. Portanto, quanto mais pessoas puderem ter acesso e oportunidade na aquisição da casa própria, melhor. A criação da Faixa 4 é um alento e um sopro de esperança para esse público, que até então era atendido pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No entanto, com os juros muito elevados, a poupança tende a continuar apresentando perda de recursos, o que pode significar melhor direcionamento de valores ao financiamento habitacional”, analisa.
A nova configuração do programa deve impulsionar um ciclo virtuoso de desenvolvimento para o setor. “A expectativa é que esse cenário se transforme em novas oportunidades de negócio, novos tributos, investimentos e empregos, contribuindo com o crescimento do mercado. A cada R$ 1 milhão investido na construção civil, 13 novos postos de trabalho são gerados, considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos”, afirma.
Com uma estimativa de R$ 30 bilhões em recursos destinados à nova faixa — sendo metade oriunda do FGTS e a outra metade captada por instituições financeiras habilitadas — o setor projeta uma expansão significativa da demanda e aumento da atividade construtiva já a partir do segundo semestre de 2025.
Além da criação da Faixa 4, o Conselho Curador do FGTS aprovou também reajustes nos limites de renda das demais faixas do programa. A Faixa 1 agora abrange famílias com renda de até R$ 2.850; a Faixa 2 foi ampliada para até R$ 4.700; e a Faixa 3 passa a contemplar famílias com renda de até R$ 8.600, com teto de aquisição elevado para R$ 350 mil. As condições de financiamento também foram ajustadas, com taxas de juros reduzidas — até 1,16 ponto percentual a menos — beneficiando mais de 100 mil famílias e incluindo cerca de 20 mil novos beneficiários em programas com subsídio do FGTS.
A análise do setor é de que a ampliação do programa reforça o papel estratégico da construção civil no desenvolvimento nacional, não apenas como motor da economia, mas como agente direto de transformação social. A retomada do Minha Casa, Minha Vida, que entre 2023 e 2024 já contratou 1,3 milhão de novas unidades habitacionais com R$ 190 bilhões em investimentos, ganha agora uma dimensão ainda mais abrangente. A inclusão da classe média no programa simboliza uma política pública mais plural, capaz de integrar diferentes faixas de renda e impulsionar toda a cadeia do setor, desde a produção até o consumo final.
Com as novas diretrizes aprovadas e a expectativa de implementação oficial das medidas até maio, a construção civil se prepara para um novo momento de expansão, apostando na força do crédito habitacional como alavanca de crescimento econômico e inclusão social.
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