Proptech brasileira usa inteligência artificial para escalar construção de casas de alto padrão nos EUA

Com atuação no mercado norte-americano de single-family homes, a Invisto tem adotado inteligência artificial como parte central de sua estratégia para ganhar escala na construção de casas de alto padrão em regiões como Orlando, Tampa e Winter Park, na Flórida. A empresa foi criada por João Vianna, cofundador da Loft, e estrutura fundos que oferecem exposição ao setor imobiliário norte-americano com rentabilidade em dólar.

O diferencial da Invisto está na combinação entre tecnologia e controle da execução. Desde 2024, a companhia iniciou um processo de verticalização da operação com a aquisição da construtora LUIH (Luxury Urban Infill Homes), responsável por mais de 60% das obras em andamento. Essa estrutura permite aplicar algoritmos e modelos preditivos em todas as etapas: da escolha dos terrenos ao projeto e obra.

“Usamos IA para tomar decisões mais rápidas e precisas. A tecnologia nos ajuda a identificar terrenos subutilizados com alto potencial construtivo, simular diferentes configurações de projeto e antecipar os impactos financeiros antes mesmo da aquisição”, afirma João Vianna.

Na prática, a empresa cruza dados urbanísticos, históricos de transações, padrões de consumo e restrições regulatórias para identificar oportunidades com maior chance de valorização. Durante a execução, ferramentas de IA apoiam o controle de cronogramas, inspeções automatizadas e ajustes no planejamento com base no desempenho das obras anteriores.

Além de eficiência, o modelo tem resultado em entregas mais rápidas. Em Orlando, um dos projetos da Invisto bateu o recorde local de aprovação em apenas 32 dias. As primeiras 15 casas vendidas pelo Fundo I geraram uma TIR de 28,7% ao ano no nível dos ativos e cerca de 21,3% ao ano no nível do fundo — com 12 unidades comercializadas ainda durante a obra.

Desde sua chegada aos Estados Unidos, há cerca de dois anos, a Invisto já ergueu 100 casas em Orlando, somando as unidades do Fundo I (73) e do Fundo II (27). O ritmo de produção vem sendo sustentado por uma esteira que combina dados, controle direto da obra e uma visão de longo prazo.

A ascensão da inteligência artificial impõe uma mudança de cultura em todas as indústrias — inclusive na construção civil, tradicionalmente mais resistente à adoção de tecnologia. Para empresas que atuam com margem apertada e alta complexidade operacional, como no setor imobiliário, aprender a usar IA não será mais uma escolha, mas uma condição para continuar relevante. “Estamos só no começo do que essa tecnologia pode destravar em eficiência e escala. Quem entender isso cedo, vai sair na frente”, diz Vianna.

Com cerca de US$ 1 bilhão sob gestão, a Invisto aposta na inteligência artificial como ferramenta para enfrentar os desafios do mercado imobiliário com mais previsibilidade e menos risco. “Tecnologia, quando usada com critério e combinada à execução disciplinada, vira alavanca de resultado”, resume Vianna.