Energia solar, economia de água e materiais amigáveis ao meio ambiente já são preferência dos consumidores no setor imobiliário

Por Eduarda Tolentino, sócia e Presidente da BRZ Empreendimentos 

O mundo caminha e clama por soluções que unam o desenvolvimento ao cuidado com a natureza. Por isso, no mercado imobiliário e na construção civil, os consumidores estão mais atentos às boas práticas de impacto ambiental, privilegiando projetos, imóveis e processos que atendam aos critérios de sustentabilidade. 

Uma pesquisa publicada pela Brain Inteligência Estratégica aponta que 80% dos entrevistados que buscam um empreendimento para morar têm a questão do meio ambiente entre suas prioridades. Outro levantamento realizado em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) revela que 57% dos consumidores buscam empreendimentos que apresentem espaços arejados e integrados com a natureza. Além disso, 56% estariam dispostos a pagar mais por um imóvel com tecnologia para reutilização de água das chuvas, e outros 66% dos entrevistados consideram importante e estariam dispostos a pagar mais por um imóvel abastecido por energia solar. 

Esses pré-requisitos ganham destaque com a crescente integração do ambiente residencial e corporativo. Em outras palavras, o querido home office, que se consolidou com o passar dos anos e da pandemia de Covid-19, valorizou o poder de agregar mais qualidade de vida ao dia a dia das pessoas. Por isso, as práticas ESG no mercado imobiliário e na construção civil seguem em franca ascensão e prometem se consagrar como política obrigatória para a sobrevivência das empresas do setor, não apenas em 2023, mas também nos próximos anos. 

Impactos na construção civil 

A construção civil não é a área mais amigável quando se trata do meio ambiente. Isso porque o setor impacta a natureza de diferentes formas. Pesquisas da Agência Internacional de Energia (IEA) noticiadas recentemente colocam a construção civil mundial como responsável direta e indiretamente por 39% dos gases do efeito estufa liberados na atmosfera. Desse volume, aproximadamente 11% estão ligados à cadeia produtiva de aço e cimento, e o restante à produção de energia para manter os edifícios em funcionamento. 

Outro ponto a ser levado em consideração é o desperdício de água. A falta de planejamento para o uso hídrico é um dos principais erros nas obras, o que prejudica a natureza e torna o orçamento mais caro. Um exemplo clássico são os vazamentos não percebidos que ocorrem nos canteiros de obras. 

Além disso, a falta de cuidado com o escoamento do esgoto também é um fator preocupante. Infelizmente, o manejo inadequado dos dejetos das construções é um dos motivos da poluição do solo, do ar e da água. 

Mudança de chave 

A verdade é uma só: empreendimentos que não incorporam ações sustentáveis tendem a perder valor de mercado. Portanto, é urgente colocar em prática diferentes alternativas para tornar a cadeia de produção mais verde. 

Materiais recicláveis, como madeiras de demolição, tijolos ecológicos e eco granito, por exemplo, permitem o reaproveitamento de insumos, diminuindo a necessidade de materiais em excesso. 

Energia renovável: Implementar fontes de energia solar é uma das maneiras de otimizar os recursos naturais. A partir dela, é possível utilizar a energia do sol como força motriz para o andamento das obras e aquecimento para as edificações no inverno. 

Selo Casa Azul Caixa: Certificações “verdes” agregam valor aos projetos e atestam o compromisso das empresas com as práticas ESG. O Selo Casa Azul Caixa, por exemplo, da Caixa Econômica Federal, reconhece empreendimentos habitacionais que adotam soluções sustentáveis eficientes na concepção, execução, uso, ocupação e manutenção das edificações. 

O presente e o futuro pertencerão às empresas que conseguirem aliar às suas produções os cuidados com o meio ambiente. Ao colocar em prática ações voltadas para a preservação de recursos naturais, as companhias não só beneficiam a natureza, como também melhoram suas formas de trabalho e reduzem seus custos.