Mesmo com mercado imobiliário aquecido, investimentos em novos empreendimentos requerem cautela e planejamento

Por Fábio Basso, empresário e sócio fundador da F.Basso Inteligência de Negócios

Com o mercado imobiliário aquecido, muitos empreendedores estão pensando em novos projetos para aproveitar o momento. Mesmo com cenário positivo e perspectivas otimistas para o segmento imobiliário é preciso cautela, muito estudo de mercado e um planejamento claro antes de investir. Para que seja possível tirar uma ideia do papel é necessário, antes de tudo, saber como colocá-la lá.

Apesar da pandemia e recessão econômica, aumentou o número de novos empreendimentos. De acordo com dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), São Paulo concedeu 161 alvarás para novos empreendimentos verticais no segundo trimestre de 2020, registrando um aumento de 13,4% em comparação ao mesmo período de 2019.

As vendas de imóveis no Brasil também estão em alta, de acordo com a Abrainc e a Fipe, as vendas no primeiro semestre de 2020 foram as maiores para o período desde 2014. Com 61.600 imóveis vendidos entre janeiro e junho, crescendo 10,6% em relação aos primeiros seis meses de 2019. Além disso, com a taxa Selic, em 2% ao ano, os investimentos bancários deixaram de ser um atrativo, impulsionando ainda mais o crescimento do setor imobiliário.

Com tantas oportunidades, muitos proprietários de terras, terrenos e imóveis pensam em ótimos projetos comerciais ou residenciais, porém eles acabam não acontecendo, pois falta planejamento prévio. O importante, nesse caso, é saber filtrar opiniões e palpites que chegam de todos os lados e focar num trabalho sério, que responda às seguintes questões: qual a vocação do terreno, área ou imóvel que tenho? Ou seja, que tipos de negócios são atrativos para o local ou aquele mercado, identificando negócios que possam ser empreendidos com potencial de sucesso. Depois, e não menos importante, o mercado tem capacidade de absorver o que pretendo lançar? Procure saber se existe demanda presente e futura para o projeto.

A parte legal também tem um peso importante e deve ser levada em consideração, com muita cautela. Busque entender aspectos relevantes do plano diretor local e procure estar atento a antecipar-se a problemas futuros. Isso evita desgastes jurídicos e gastos desnecessários. Por fim, analise se há viabilidade financeira para o projeto. Pode ser que haja demanda, mas se houver desequilíbrio financeiro entre investimento e retorno, o negócio torna-se inviável.

Em síntese, são quatro abordagens estratégicas que devem ser realizadas ates mesmo de um esboço arquitetônico do empreendimento: vocação de área, viabilidade mercadológica, legal e financeira. Com essas respostas é grande a possibilidade que o empreendimento venha ser um sucesso e novos parceiros e investidores se interessarão em participar dele. Investir tempo em plano de negócios antecipadamente ajudará a ter segurança para executar projetos em qualquer setor do ramo imobiliário. Caso não consiga sozinho, procure a orientação de especialistas e consultorias especializadas.

O protagonismo do “I” do BIM no setor de saneamento

Por Marcus Granadeiro

Outubro de 2020 – O BIM (Building Information Modeling) dentro do contexto do saneamento é muito mais amplo do que aplicá-lo em partes do processo, como nas estações elevatórias e de tratamento. Ele deve ser visto como um sistema, integrando seus elementos, e quando conectado a outras estruturas da cidade, podemos incluí-lo dentro do conceito de cidade inteligente.

Esta visão vem sendo consolidada nos últimos anos e formalizada na publicação da ISO 19.650, lançada no final de 2018. Esta norma conceitua o processo BIM dando ênfase à gestão da informação e ao seu fluxo, tanto dentro do ciclo dos empreendimentos, quanto na visão sistêmica. Nesta linha, os smart buildings formam os smart cities.

Esta mudança não aconteceu de forma abrupta. Novas tecnologias e conceitos foram aparecendo e transformando essa mudança trazida por frentes inovadoras que emergiram, como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial, Digital Twin e Big Data, que permitiram esse salto nas ambições do BIM.

Embora audaciosa, a ideia é simples: o benefício do BIM será maior à medida em que houver um volume amplo de fluxo das informações. Os dados das edificações, tanto os estáticos, quanto os dinâmicos, estes gerados pelos sensores de IoT, formam o que se chamamos de Big Data. A análise desta massa de dados apoia na tomada de decisão é uma das aplicações da Inteligência Artificial.

E podemos ampliar o uso da informação com a adoção dos gêmeos digitais, que podem ser usados tanto para as edificações quanto para os sistemas. Trata-se de uma garantia de otimização na operação, pois é possível realizar simulações e entender plenamente o comportamento do mundo real. Os gêmeos digitais, quando conectados em tempo real, deixam o conceito de documentos “as built” (ou, “como construído”) obsoleto, pois entregam o “as is” (ou, “como está”). Para um sistema de saneamento, que é dinâmico por natureza, torna-se uma iniciativa extremamente útil.

Outra tecnologia que passa a ser tão importante quanto os softwares de modelagem BIM é o CDE (Common Data Environment, ou, em português, ambiente de dados comum). Ele tem o objetivo de controlar o processo e o fluxo da informação, sendo uma fonte única usada para coletar, gerir e trocar informações que estão em vários formatos, tais como modelos, desenhos, planilhas e banco de dados, entre outros. O objetivo é trazer produtividade e evitar erros e duplicidade de informação.

Estas novas tecnologias e conceituações elevam a importância do “I” do BIM, trazendo mudanças que tornam essa metodologia ainda mais aderente às necessidades da área de saneamento. Assim, pensar em apenas utilizar o BIM como ferramenta para construir e manter elementos do sistema de forma isolada é um avanço em relação ao cenário atual. Porém, vale dizer que essa condição é pensar muito pequeno em relação às possibilidades que existem neste conceito.

Marcus Granadeiro, engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do Construtivo

Leilão on-line de imóvel: oportunidade durante a crise

Por Fernando Nekrycz

Numa crise podem surgir inúmeras oportunidades. No mercado imobiliário não é diferente. Com a parada da construção civil em razão da pandemia de covid-19, pudemos observar o crescimento da procura de imóveis disponíveis em leilão on-line. O fato também é impulsionado pelas incertezas na economia e pela redução da rentabilidade de aplicações financeiras. Por isso, o investidor busca inovar sua atuação por meio desse tipo de compra e aproveita o isolamento social para pesquisar e participar dessa modalidade de aquisição.

A pandemia evidenciou que há pessoas dispostas a aprimorarem seus investimentos. Elas estão aprendendo que a compra de imóvel por meio do leilão on-line pode ser interessante para quem tem liquidez e não vê, no mercado financeiro, a possibilidade de retorno a curto prazo.

Sendo assim, o leilão é uma saída para quem pensa em lucrar futuramente com a revenda do imóvel que foi arrematado por um preço abaixo do valor de mercado – e que dificilmente sofrerá redução em relação ao valor pago pelo investidor. O leilão ainda possibilita retorno no curto prazo por meio de locação e também pode ser uma saída para quem necessita de liquidez imediata, já que a rapidez na venda aumenta em relação a outras modalidades de negociação do mercado imobiliário.

Vale ressaltar que a compra por esse meio é segura. Entretanto, existe a possibilidade, ainda que remota, de haver fraude na execução ou contra credores. Neste caso, vale a contratação de um advogado, para que ele verifique eventuais pendências do imóvel e de seu(s) proprietário(s), principalmente em caso de leilão judicial, bem como para auxiliar o comprador na interpretação do edital.

Além disso, é muito importante saber de antemão se o imóvel está ocupado e em quais condições se encontra. Quando há possibilidade, a visita pode ser imprescindível para a tomada de decisão.

No mais, vale ao comprador se planejar em relação ao seu lance máximo e não se empolgar com qualquer preço, avaliando sempre a melhor forma de pagamento e a que cabe no orçamento. Após a arrematação é importante registrar-se a transação no cartório de registro de imóveis, tendo em vista que pode recair sobre o mesmo imóvel mais de uma penhora.

Vale ressaltar que o vendedor poderá estipular um valor mínimo para a venda (lance condicional). Havendo oferta inferior ao valor mínimo estipulado pelo vendedor, caberá a ele concordar, rejeitar ou enviar uma contraoferta ao arrematante.

Fernando Nekrycz é especialista em direito imobiliário, sócio do NSE Advogados Associados e fundador da Xaza, plataforma de intermediação imobiliária que facilita a compra e venda de imóveis exclusivos 

Transparência, segurança e UX: os pilares do sucesso dos leilões on-line

Por André Zukerman

Usar a internet para encontrar boas ofertas e fazer compras já é um hábito comum à maioria dos brasileiros graças ao avanço da tecnologia. No caso dos leilões, foi uma das principais ferramentas que contribuíram na popularização dessa modalidade de negócio. Um leilão nada mais é do que uma negociação envolvendo órgãos públicos, empresas privadas e até pessoas físicas, em que o produto é comprado por quem oferecer o maior valor. Com o ambiente digital, a participação se tornou mais simples, e os descontos realmente vantajosos são atrativos para quem busca ótimas oportunidades. Entretanto, três questões formam os pilares do sucesso e explicam o crescimento dos leilões on-line de imóveis:

1 – Transparência na negociação

A transparência é característica fundamental de um leilão. Praticamente tudo é feito de forma clara, com os participantes sendo informados de todos os passos necessários. Dessa forma, a pessoa não precisa se envolver em longas negociações com o proprietário do imóvel ou com o corretor para chegar a um preço considerado justo. Tampouco ele corre o risco de perder o bem com negociações paralelas, uma vez que os lances feitos pelos interessados ficam disponíveis na plataforma para todos acompanharem o processo em tempo real.

2 – Segurança em todos os processos

Com transparência total em todas as etapas do negócio, o usuário tem mais confiança de que suas informações pessoais estão protegidas na plataforma. A página, as informações e os documentos dos clientes são criptografados por meio do protocolo SSL; além disso, as melhores empresas do setor dispõem de toda a tecnologia para proteção de dados.

A segurança, contudo, vai além da tecnologia e engloba também a própria negociação. Todos os detalhes do bem e condições de pagamento são fáceis de acessar no edital, principal documento em um leilão sempre disponibilizado na página específica daquele lote. Além disso, a pessoa pode contar com canais de atendimento para sanar todas as dúvidas.

3 – Experiência do usuário

Em um leilão on-line, todo o processo para arrematação é realizado por meio da internet, incluindo a escolha da opção de pagamento, o envio de documentos e comprovantes e a assinatura digital da ata. Assim, é extremamente importante ter uma plataforma de interface amigável e intuitiva, assim como rápido processamento de dados a fim de que a pessoa tenha todas as informações necessárias ao seu alcance para participar da melhor forma possível.

Desse modo, o cliente pode participar de uma negociação em qualquer lugar; basta estar conectado a um dispositivo com internet. Assim, a experiência do usuário também passa pela necessidade de manter relacionamento próximo com ele, oferecendo não só diversos canais de relacionamento, como telefone, chat, e-mail e WhatsApp, como conteúdos informativos com dicas e particularidades desse universo. Tudo para que ele se sinta confortável em se habilitar e dar lances.

Com esses três pilares em perfeita sintonia, a tendência dos leilões on-line é aumentar ainda mais sua popularidade no Brasil. Cada vez mais a modalidade está se transformando em uma opção viável para o público. Há crescente interesse de diversos grupos e classes sociais que buscam alternativas ao mercado tradicional por conta da facilidade ao acesso das ofertas, os valores abaixo da avaliação e a flexibilidade do pagamento. Quando todas essas características se juntam em uma negociação, todos saem ganhando.

André Zukerman, CEO da Zukerman Leilões