Por Ricardo Laham, Sócio e CEO da Vila 11
Com forte presença nos Estados Unidos, os empreendimentos multifamily são uma tendência do mercado imobiliário brasileiro. O modelo tem chamado a atenção daqueles que passam a conhecer as vantagens de alugar um imóvel residencial sem as preocupações do processo tradicional. De acordo com a Statista, plataforma global de dados de negócios, somente nos Estados Unidos em 2021, o valor dos edifícios multifamily ultrapassou USD 111 bilhões.
O conceito envolve residências exclusivamente destinadas à locação, desde a fase do projeto à operação condominial. Os empreendimentos pertencem em geral a uma única empresa que administra e faz a gestão das locações dos apartamentos. Os moradores, por sua vez, são todos inquilinos, convivendo com isonomia, sem distinção.
Além disso, o segmento de multifamily é sustentado por três pilares fundamentais: live, work and play (morar, trabalhar e se divertir). A localização, portanto, é fator chave para o posicionamento dos empreendimentos. As pessoas buscam viver em locais com opções de mobilidade, infraestrutura de lazer, serviços, e o mais próximo possível do trabalho – em geral, onde muitos desejam morar, mas nem todos teriam condições de comprar um imóvel. Assim, a diferenciação dos empreendimentos está diretamente relacionada à experiência de quem mora, além da qualidade da arquitetura, ambientação, ou funcionalidade das plantas das unidades.
É fundamental entender o que atrai e retém inquilinos, sobretudo como tornar toda a jornada mais leve, o que chamamos aqui de “hassle-free”, ou seja, livre de aborrecimentos. Deste modo, os contratos são simples, assinados digitalmente, com análise de crédito ágil e sem necessidade de garantias. As regras básicas de convívio, uso e manutenção são acessíveis e os funcionários capacitados para informar de forma clara e com prontidão. A tecnologia se faz mais presente pelos aplicativos e ferramentas virtuais, sempre com foco na simplificação do dia a dia do usuário. Serviços podem ser oferecidos à parte ou inclusos no preço do pacote, que reúne aluguel, taxa condominial, IPTU e contas de consumo em cobrança unificada.
No multifamily, a empresa proprietária é responsável pela gestão patrimonial do empreendimento, que é um fator estratégico para percepção de valor dos moradores e sustentabilidade das locações. E esta profissionalização assegura o padrão de qualidade diferenciado das áreas privativas e compartilhadas. Ambientes comuns têm usos continuamente avaliados e eventualmente são atualizados, conforme necessidade das pessoas, sem depender de assembleias e votações. Aos moradores, cabe apenas o uso e manutenções adequadas nas unidades e conformidade na utilização das áreas comuns. Por isso, a experiência de morar é livre de preocupações com vícios ocultos de construção, problemas técnicos pré-existentes ou incertezas na relação com o proprietário locador.
Sobre a decisão de compra do imóvel, o multifamily traz uma alternativa para as pessoas em diferentes momentos de vida e nas transições que são cada vez mais frequentes na rotina moderna. Também oferece a segurança que só uma empresa pode dar pelo cumprimento de contratos, permitindo que as pessoas se sintam em casa enquanto uma localização fizer sentido – e quando não fizer mais, tenham flexibilidade para mudar sem ter que lidar com vínculos definitivos, imobilização financeira ou endividamento. Em resumo, não é excludente, mas uma solução confortável para morar até que a decisão pela compra seja mais segura.
Em grandes metrópoles globais, onde o mercado de multifamily é mais avançado, a moradia por aluguel é mais representativa do que a propriedade. Na região metropolitana de São Paulo, 28% dos moradores pagam aluguel, segundo o Censo QuintoAndar de Moradia, realizado em parceria com o Datafolha em 2021 – dado que mostra o potencial desse mercado. Por isso, neste cenário, o multifamily se apresenta como solução interessante, livre das dores comuns de alugar e dos aborrecimentos de ser dono.
Acredito, portanto, que esta nova oferta de moradia encontra as tendências de consumo contemporâneas e o estilo de vida nas grandes cidades, trazendo oportunidades para se viver bem nas melhores localizações onde é cada vez mais difícil comprar um imóvel.