Pelo nono mês consecutivo, aumento dos preços dos materiais de construção eleva o custo do setor
Construir em Belo Horizonte ficou 1,23% mais caro no mês de abril. É o que aponta a pesquisa referente ao Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m² – projeto-padrão R8-N), calculado e divulgado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Apesar desse aumento ser inferior ao observado em março (2,05%), o índice continua evidenciando a pressão exercida pela elevação dos custos com materiais de construção, que tiveram alta de 2,70% em abril, a maior variação para o mês desde 1995.
De agosto/20 a abril/21, o custo com os insumos básicos registrou elevação de 31,31%. Em abril, observou-se que 13 insumos registraram elevações superiores ao IGP-M/FGV (1,51%). Entre eles: aço, janela de correr, tubo de PVC-R, areia, cimento, bloco de concreto e fio de cobre. Pelo quarto mês consecutivo, o aço é o insumo com a maior elevação em seus preços, com alta de 7,48%. Nos primeiros quatro meses do ano, o aço CA-50 10mm já aumentou 41,45%.
No acumulado de 12 meses, encerrados em abril de 2021, o custo com materiais de construção aumentou 33,90%, maior alta para o período de 12 meses, encerrados em abril, desde 1996. Nesse mesmo período, alguns materiais registraram aumentos expressivos, como o fio de cobre (112,50%) e aço CA 50-10mm (107,89%). Além disso, a alta acumulada no período de janeiro a abril/21 (13,52%) demonstra a falta de previsibilidade para a solução do problema, que tem diminuído o ritmo de atividades da construção em todo o país.
O CUB/m² é um importante indicador de custos do setor e acompanha a evolução do preço de material de construção, mão de obra, despesa administrativa e aluguel de equipamentos. É calculado e divulgado mensalmente pelo Sinduscon-MG, de acordo com a Lei Federal 4.591/64 e com a norma técnica NBR 12721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Avaliação geral
– A elevação nos preços dos insumos, que representam cerca de 50% do custo de construção, alcançou patamares imprevisíveis. Isso tem prejudicado o andamento de obras em todo o país. Era impossível prever, há um ano, uma elevação do preço do aço, por exemplo, superior a 100% no período acumulado de 12 meses.
– Essas altas podem inibir os novos lançamentos no transcorrer do ano e prejudicar o mercado imobiliário. É importante lembrar que Belo Horizonte e Nova Lima possuem um estoque de cerca de 2.800 unidades, número que é considerado muito baixo para o atendimento da demanda local.
– Com a elevação de preços, caso se confirme o adiamento de novos lançamentos, poderá vir a faltar imóveis novos para venda na capital mineira.
– Em função dos aumentos elevados em seus custos, recentemente a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou a sua projeção de crescimento para o setor em todo o país. Enquanto em janeiro esperava-se crescimento de 4% do setor em 2021, agora a expectativa é de crescimento de 2,5%. É preciso ressaltar que o menor crescimento do setor significa menor geração de emprego e menor geração de renda. Num momento onde a economia encontra-se fragilizada, setores como a construção são estratégicos para impulsionar as atividades.