Com o aumento de carros elétricos no Brasil, condomínios precisam se adequar à demanda crescente

O aumento das frotas de veículos eletrificados e de carros totalmente elétricos não é uma surpresa. Com cada vez mais modelos disponíveis no mercado nacional, além de empresas investindo em peso no Brasil, como BYD e CaoaCherry, o consumidor tem apostado cada vez mais nos modelos. Porém, por mais que o segmento de carregadores públicos e semipúblicos tenha acompanhado o crescimento de vendas desses modelos, ainda é necessária a estruturação de condomínios e espaços compartilhados.

Dados recentes da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) apontam para um total de 38.663 unidades de veículos eletrificados comercializados no país até outubro, sendo que 11.658 são de automóveis completamente elétricos. Os números superam o ano anterior que, de janeiro a dezembro, alcançaram o total de 34.663 unidades vendidas. Dentre os motivos que explicam o aumento, a associação aponta o crescimento da oferta de carregadores públicos e semipúblicos. No total, são 2.800 eletropostos no país.

Para Ricardo David, sócio-diretor da Elev, empresa especializada em soluções para o ecossistema da eletromobilidade, os dados são um demonstrativo do potencial do setor. Porém, o especialista aponta para alguns pontos que precisam de atenção: a necessidade de um plano nacional de eletromobilidade e a entrada dos condomínios no debate, com a apresentação de soluções coletivas para o carregamento elétrico nesses locais.

“Um dos motivos principais para o aumento de carros elétricos emplacados no Brasil, apontados pela ABVE, é a disponibilidade de carregadores públicos e semipúblicos. Porém, vale atentar para a necessidade de discussão de espaços coletivos. Os condomínios brasileiros ainda precisam se adaptar e esse debate precisa acontecer”, afirma o executivo.

Atualmente, os novos empreendimentos residenciais de grande porte já apresentam os carregadores elétricos como um diferencial. Porém, Ricardo explica que essa tecnologia também precisa ser levada para locais já construídos, que precisarão se adaptar. “Não basta apenas conectar o carro elétrico na tomada do condomínio e pronto. São necessários investimentos e adaptação. A estrutura elétrica do condomínio consegue receber essa nova demanda de carros elétricos sendo carregados? Quem iniciar esse debate antecipadamente vai evitar dores de cabeça futuras”, explica.

Outro ponto que pode pegar os empreendimentos residenciais de surpresa é a legislação. Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou uma medida que tem o objetivo de zerar as emissões para os novos automóveis de passageiros e veículos comerciais até 2035. A ideia segue o que foi definido na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021 (COP26).

“Nós tivemos uma participação muito mais ativa na COP27 do que na conferência anterior. Naquele momento, o Brasil não havia se comprometido com o fim das frotas de automóveis a combustão. Porém, com uma nova gestão no Governo Federal, medidas de investimento no setor podem surgir nos próximos anos”, afirma Ricardo. Deste modo, medidas públicas de incentivo ao setor dos eletrificados no país podem estimular uma corrida dos condomínios para se adaptarem. Assim, o executivo aponta que o melhor momento para iniciar esse debate é agora.

“Quando as pessoas compram veículos elétricos, por mais que os carregadores públicos e semipúblicos tenham vantagens, como ter um preço de energia mais barata, os proprietários vão querer ter o conforto de carregar os veículos em suas casas”, completa o executivo.

Além dos condomínios, os municípios também precisarão se atentar a esse segmento. Principalmente quando consideramos o avanço do setor dos ônibus elétricos no país. Recentemente, a cidade de São Paulo sinalizou para a possibilidade de que, até 2024, sejam 2,6 mil ônibus do gênero circulando.