A Tenda, uma das maiores construtoras e incorporadoras do Brasil, concluiu nesta semana a montagem das primeiras casas em woodframe em condomínio fechado no interior de São Paulo, um importante passo no desenvolvimento de um modelo de negócios inovador baseado na construção off-site – em que os imóveis são produzidos em fábrica para, em seguida, serem transportados para os canteiros de obra apenas para montagem e acabamento.
As casas incrementam o portfólio de produtos da companhia, que até agora estava focada exclusivamente no lançamento de empreendimentos verticais em regiões metropolitanas. Com o novo produto, a Tenda poderá atender também as cidades médias do Brasil, mantendo seu diferencial de custo de obra competitivo através da já comprovada abordagem industrial na construção civil.
Caso os planos sejam bem-sucedidos, a empresa pode atingir uma produção total de aproximadamente 60.000 unidades/ano, quase quatro vezes o seu tamanho atual (foram cerca de 18 mil unidades lançadas em 2019).
Inovação
Há dois anos estudando a construção off-site, a Tenda dedicou, no final de 2019, uma equipe exclusivamente para a iniciativa. Após inúmeras rodadas de prototipagem em centro de inovação situado na região de Campinas, no Estado de São Paulo, a Tenda definiu uma casa-modelo que será referência para seus primeiros projetos-piloto.
“A definição de uma casa-modelo abre portas para acelerarmos a validação de diversos conceitos da construção off-site”, afirma Rodrigo Osmo, CEO da Tenda. “Diferentes formatos de casas e tecnologias construtivas continuam sendo prototipados, mas, agora, podemos avaliar outros aspectos igualmente importantes e relacionados à construção off-site, como logística e montagem do produto no canteiro de obras”, destaca.
O novo modelo de negócios está focado em viabilizar produtos de maior qualidade e mais acessíveis para as famílias que adquirem seu primeiro imóvel dentro do Programa Casa Verde e Amarela (PCVA).
A casa-modelo utiliza tecnologia woodframe, amplamente aplicada em residências de alto padrão em países como Canadá, Estados Unidos, Japão, Alemanha e Suécia. “Mercados desenvolvidos utilizam woodframe no alto padrão pois ele garante um conforto térmico e um isolamento acústico superiores ao que as tecnologias convencionais oferecem”, explica Osmo.
A Tenda acredita ser viável proporcionar as vantagens deste produto para o segmento da habitação popular, algo pouco usual no mundo.
Segundo Osmo, “o mercado de habitação popular brasileiro tem um tamanho expressivo e aceita bem a padronização de tipologias. Esses dois componentes são muito importantes para viabilizar uma operação industrial de larga escala e com ganhos de produtividade. Apostamos nesta combinação para oferecer um produto de qualidade superior a um preço acessível”.
A construção off-site em woodframe é transformacional em termos de impacto ambiental, com a tecnologia mais sustentável da construção. Diferente de outros insumos, como aço e concreto, que são emissores de carbono, a madeira sequestra carbono do meio ambiente para crescer. Além disso, a construção em fábrica reduz significativamente o volume de resíduos e o consumo de água nas obras.
Construtech
Com o desenvolvimento de um modelo de negócios inovador, permitindo construção cada vez mais eficiente e sustentável, a Tenda se posiciona como a maior Construtech brasileira.
“O termo Construtech tem sido banalizado. Ser uma Construtech não significa simplesmente adotar ferramentas digitais, como o BIM, em modelos construtivos tradicionais. Ser Construtech é criar modelos de negócio disruptivos, que enderecem a ineficiência histórica do setor da construção civil”, afirma Osmo.
“Empresas pequenas têm dificuldade de liderar transformações relevantes no nosso segmento, com ciclo longo e alta necessidade de capital. O desafio também é relevante para grandes empresas, focadas em maximizar a rentabilidade de cada projeto”, complementa o executivo. “Uma inovação realmente disruptiva, e não incremental, demanda tirar o foco da rentabilidade de curto prazo para construir uma plataforma, que será muito competitiva após anos de ganho de escala e de eficiência pela melhoria contínua.”
A companhia deve continuar realizando testes visando comprovar os principais elementos de viabilidade técnica e econômica da construção off-site. Até 2021, a empresa estará focada em testar conceitos para então tomar as decisões que darão escala para esta plataforma de crescimento.
Após os testes, o projeto deverá exigir importante alocação de capital para ganhar escala. A Tenda ainda não tem detalhes dos investimentos necessários, mas afirma que a posição de caixa líquido (atualmente em R$ 188 milhões) mostra a capacidade financeira para promover transformações.
“Estamos comprometidos com a visão de futuro de uma construção verdadeiramente inovadora, que passa pela industrialização”, finaliza o CEO.