Mudanças nos condomínios afetam síndicos e moradores

Assim como acontece na sociedade, os condomínios também tiveram que se readaptar desde o início da pandemia pelo coronavírus. Afinal, as transformações nas cidades como a alta do desemprego, mudanças no formato de trabalho e nas relações interpessoais, refletiu em uma série de desafios para síndicos e moradores.

Para Leonardo Boz, COO e co-fundador da LAR.app, primeira administradora digital de condomínios, a convivência entre condôminos foi a primeira grande mudança que o isolamento social trouxe. “Com mais pessoas dentro de casa, em regime home office, os síndicos tiveram que lidar com uma superlotação nos condomínios e, por outro lado, uma mudança na convivência. Foi um momento atípico e em cada local tiveram que avaliar as novas regras, já que se tratava de uma situação bastante complexa”.

Outro problema comum foi sobre o barulho dentro dos apartamentos, com mais gente em casa, as conversas se tornaram mais frequentes e as obras e pequenas reformas também. Em âmbito nacional, a plataforma GetNinjas registrou um aumento de 18,14% nos pedidos de Reformas e Reparos na semana do dia 26 de julho em relação à semana do dia 08/03.

E essas ainda não foram as únicas mudanças. Durante o período, também aconteceram: o veto da Lei 14.019 sobre o uso de máscaras em locais públicos, porém, os condomínios não foram citados, deixando a cargo de cada local a decisão; a autoleitura de energia por síndicos; a PL 2.510 que passa a obrigar síndicos e moradores a denunciarem episódios de violência doméstica e a entrada de serviços como mercado e higienização para a rotina dos condomínios. Além disso, houve uma alta na adesão da tecnologia, no caso das assembleias que se tornaram onlines e na digitalização de comunicação e nos processos.

A LAR.app, por exemplo, iniciou parcerias com algumas marcas para facilitar a vida de moradores. Entre os parceiros estão: GetNinjas (aplicativo de contratação de serviços), Balance (BRF) (entrega gratuita de ração para cachorro) e o Queima Diária (plataforma de exercícios em casa).

Outro desafio trata-se da Lei 14.010 que deixou na mão dos síndicos as decisões sobre a flexibilização das áreas comuns dos condomínios. Henrique Luz, síndico de um dos condomínios administrado pela LAR.app, afirma que neste caso, teve que avaliar cada ambiente e levar em conta a idade dos moradores do condomínio. “No momento, acho que a flexibilização é bem vinda, desde que feita de maneira responsável e observando as regras de higiene e de distanciamento. Aqui eu sempre discutia a flexibilização com o corpo diretivo do condomínio, acho que é importante trocarmos opiniões e avaliarmos com calma, estamos lidando com uma nova realidade e com a vida de moradores”, explica.

Para este momento, ele completa que conversou com o corpo diretivo e embora sejam mais conservadores, houve pressão dos condôminos para a flexibilização dos espaços. Para decidir o que seria feito em cada local, ele realizou uma enquete e com ela conseguiu ajustar as necessidades e opiniões, tanto de moradores como do corpo diretivo. Neste condomínio, as áreas comuns são utilizadas por uma unidade familiar por vez, mediante a reserva e uso de máscaras. Salão de festa e brinquedoteca continuam fechados por tempo indeterminado.

“Mesmo com as adversidades da pandemia, a crise nos deu um impulso para o que seria o futuro dos condomínios, com fatores sobre convivência e soluções tecnológicas. Outro ponto é que a atuação dos síndicos e das administradoras se tornou ainda mais importante e isso deve prevalecer cada vez mais. Novos assuntos também passaram a ser discutidos, como a entrada de serviços, como supermercados, em condomínios, o que pode ou não o síndico proibir, o papel das administradoras e até, a relevância de escritórios e das grandes cidades”, finaliza Boz.