Apesar da leve desaceleração frente a um 2024 de forte aumento nos índices, a percepção dos empresários de construtoras e incorporadoras sobre procura e venda no mercado imobiliário residencial brasileiro foi de manutenção da estabilidade no primeiro trimestre de 2025. O Minha Casa, Minha Vida (MCMV) seguiu aquecido, mesmo com os dados ligeiramente inferiores neste 1T25, na comparação com os trimestres anteriores. O produto teve recorde de novos empreendimentos no ano passado, desde seu lançamento em 2009, e vem propiciando a ampliação do acesso das famílias com menor renda à moradia. É o que mostra a pesquisa Indicador da Confiança do Setor Imobiliário Residencial, da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), feita em parceria com a Deloitte.
O levantamento, um termômetro do mercado imobiliário residencial, considera dados obtidos junto a construtoras e incorporadoras dos segmentos do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), de Médio e Alto Padrão (MAP) ou de ambos. De acordo com o reporte, a média geral de procura por imóveis residenciais ficou em 1,95 (manutenção) pontos no primeiro trimestre do ano, e a média geral de vendas, em 1,96 (manutenção), na régua de até 3 pontos possíveis da metodologia Deloitte. Isso significa conservação dos índices de interesse e comercialização dos produtos.
“No ano passado, registramos um crescimento de 11,8% nas vendas gerais. Trata-se do melhor desempenho anual desde que iniciamos nosso levantamento junto a incorporadoras, em 2014. Esse resultado histórico foi impulsionado, principalmente, pela força do Minha Casa, Minha Vida, que alcançou, em 2024, seu recorde de lançamentos desde a criação do programa, em 2009. A demanda segue consistente e tem sido fundamental para sustentar os níveis de procura e venda no setor imobiliário residencial”, ponderou Luiz França, presidente da ABRAINC.
No segmento MAP, o impacto dos aumentos seguidos da taxa de juros Selic nos últimos meses vem sendo mais sentido. As expectativas sobre as vendas neste segmento ficaram em 1,69 pontos, o que significa queda de 0,09 pontos no 1T25 em relação ao trimestre anterior. Em termos práticos, foi percebida uma redução no interesse e no volume de comercialização dos produtos, segundo a metodologia Deloitte.
Apesar dos altos índices de saque da Poupança nos últimos meses, e do aumento na taxa de financiamento habitacional no segmento MAP, a intenção de compra de imóveis em geral segue em bom nível. “Isso se dá muito em função das altas consecutivas do aluguel e da maior percepção de poder de valorização dos imóveis, mesmo entre os consumidores das faixas mais econômicas”, frisou Luiz França. A resiliência da demanda se deve também ao alto déficit habitacional e bônus demográfico favorável – de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, nos últimos 10 anos a população com idade entre 35 e 40 anos, que é a faixa etária que mais compra imóvel, cresceu 16%.
“A desaceleração da performance em MAP, nos últimos seis meses, está relacionada principalmente à alta taxa de juros. Além disso, é preciso considerar que os indicadores estão em um alto patamar relativo, com 3 anos seguidos de aumento. Agora, os compradores estão mais receosos quanto aos investimentos diante da taxa de juros mais alta, e consequentemente do financiamento mais caro”, analisou Claudia Baggio, sócia de Financial Advisory e líder da prática de Real Estate da Deloitte.
O levantamento também mostrou que construtoras e incorporadoras ficaram mais divididas do que em outras ocasiões quanto à oscilação dos preços dos imóveis residenciais no 1T25. Para 46% dos executivos do setor houve percepção de aumento no valor para o consumidor – esse índice é o menor desde o início de 2024. Para outros 48% não houve majoração, enquanto 6% informaram redução.
Dos representantes de construtoras e incorporadoras entrevistados de MCMV, 98% destacaram que pretendem trazer a público lançamentos de empreendimentos nos próximos 12 meses. Em MAP, 89% foram na mesma linha.
No 1T25, 93% das construtoras e incorporadoras de MCMV informaram intenção de adquirir terrenos nos próximos 12 meses, dado semelhante ao expressado no trimestre anterior do levantamento. Em MAP, 63% mostraram ter o mesmo apetite, frente a 51% na versão precedente. Esse aumento de 13 pontos percentuais demonstra que no fim do 1T25, o empresário do segmento MAP melhorou seu apetite por investimentos, se comparado ao fim de 2024.
EXPECTATIVA PARA OS PRÓXIMOS MESES
Para os próximos meses, a pesquisa ABRAINC/Deloitte revela expectativa positiva das vendas em MCMV e sequência do arrefecimento da comercialização em MAP.
Recentemente foram aprovadas novas regras para o Minha Casa, Minha Vida, que ampliam o acesso ao programa e favorecem especialmente a classe média. A principal novidade é a criação da Faixa 4, voltada para famílias com renda mensal entre R$ 8.600 e R$ 12 mil. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 2024, do Ministério do Trabalho e Emprego, analisados pela ABRAINC, esse grupo representa cerca de 1,4 milhão de trabalhadores em todo o país.
“Com juros de 10% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), as condições dessa nova faixa são significativamente mais vantajosas do que as praticadas atualmente no mercado, que giram em torno de 13% ao ano mais TR. Essa diferença pode representar uma redução de até 27% no valor das parcelas mensais, facilitando o financiamento da casa própria para milhares de famílias”, destaca Luiz França, presidente da ABRAINC.
“A entrada da classe média no programa do governo federal era muito aguardada. A regulamentação pode impulsionar cadeias de negócios da construção civil e do mercado imobiliário, promovendo emprego, renda e desenvolvimento econômico no País”, concluiu Claudia Baggio, sócia de Financial Advisory e líder da prática de Real Estate da Deloitte.
As entrevistas do Indicador de Confiança do Setor Imobiliário ocorreram com lideranças de 56 empresas do setor, entre 31 de março e 14 de abril de 2025. As informações obtidas viraram notas, que variam de forte redução até forte aumento, em até 3 pontos possíveis. Foram considerados os dados de incorporadoras dos segmentos Minha Casa, Minha Vida (32% das entrevistadas), Médio e Alto Padrão (23%) e Geral (45% atuando com os dois produtos).
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