Como todo o processo produtivo no país, a construção civil sofre um impacto direto dos efeitos da crise econômica agravada pela pandemia do coronavírus. Com isso, empresas tradicionais recorrem a serviços e suportes oferecidos pelas chamadas construtechs, startups do setor baseadas na inovação e na tecnologia, que contribuem significativamente para o estudo e execução de projetos e obras, com uso de tecnologia e um banco de informações mais precisas e ajustáveis ao novo cenário, tanto do ponto de vista do consumidor como do empreendedor imobiliário.
Para aumentar a eficiência e reduzir custos de projetos e obras, a construtech de destaque nacional Celere desenvolveu a “Budget Analitycs”, uma metodologia de geração e estruturação de dados de orçamento de obras. A solução facilita a geração de centenas de milhares de dados sobre custos e os transforma em inteligência de forma simples, rápida e precisa. Utilizando o Budget Analytics é possível reduzir até R$ 100 do custo por metro quadrado de uma obra, sem perder qualidade.
A Budget Analitycs é fruto de cinco anos de trabalho e participação em mais de 130 projetos, revela a engenheira civil Bruna Bérgamo, uma das sócias da Celere. “A experiência adquirida com eles nos fez democratizar o acesso à análise de dados. A Budget Analytics permite que projetos em qualquer formato, seja modelo 2D ou 3D, tenham este nível de análises, que não é possível através de orçamentos realizados pelas metodologias tradicionais”
A tecnologia, segundo a engenheira, torna real e viável o mapeamento de centenas de milhares de dados por trás dos projetos e abre caminhos para otimizar o produto e melhorar a margem do negócio. “Com um legado de dados criados, as construtoras e incorporadoras têm ainda mais vantagem para pensar em futuros empreendimentos”, diz.
A Huma Engenharia é uma das empresas que apostaram na tecnologia da Celere como forma de aliviar o budget, conta a gerente de engenharia Fernanda Bernardi. “Com o dashboard que eles oferecem, que eu acredito que é a cereja do bolo do trabalho, foi muito bacana. A gente pode elencar os itens da curva ABC de forma mais didática e suprimir itens não relevantesque estavam onerando o orçamento, agregar matérias melhores no produto e se encaixar no valor da obra,para conseguir um bom resultado final no empreendimento.”
Análise do mercado
O setor de construção civil concentra diversas atividades que são essenciais para o movimento da economia brasileira. O Sebrae aponta que o setor é responsável por 6,2% do PIB brasileiro, e também movimenta mais de 480 mil negócios no país. Com a pandemia, vieram à tona desafios para manter o setor na evidência do processo econômico e manter o papel social, avalia Bruna. “Apesar dos reflexos negativos em diversos setores, o fato ser classificado como um serviço essencial minimizou os impactos no mercado de construção, porém abalou o otimismo e confiança dos investimentos, que estavam fazendo o segmento aquecer no início de 2020.”
A queda da taxa de juros, diz a engenheira, fomenta o investimento fora do mercado financeiro e o acesso ao crédito com taxas mais atrativas. “Acredito que esta seja uma excelente oportunidade para as incorporadoras estudarem seus produtos e projetos. Os preços dos insumos da construção abalam consideravelmente a sintonia entre vendedores e consumidores e, além da paralização de obras e todos os seus reflexos, torna o momento bastante delicado para planejar vendas na hora de ir para o mercado”, diz a engenheira.
Bruna destaca a demanda reprimida do mercado, que apresenta estoque mais baixos nesse período da pandemia, como justificativa para o reajuste de preços. Além disso, o incentivo à exportação com a alta do dólar e também a questão de oferta e demanda “Hoje estamos com variações bem atípicas e, inclusive, até prazos de entrega bastante altos em relação ao convencional do mercado. Acredito que é uma questão peculiar do momento e que não será sustentado por um período tão longo.”