Levantamento feito pelo QuintoAndar, plataforma digital de moradia com mais de R﹩ 50 bilhões em ativos sob gestão, aponta que, durante o primeiro trimestre de 2021, houve crescimento de 25% no número de aluguéis de imóveis residenciais que não contam com nenhuma vaga de garagem, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em algumas cidades, como Belo Horizonte, o crescimento ultrapassa 56%. Em 2019, por exemplo, cerca de 15% das residências alugadas não tinham local para estacionar um carro ou uma moto.
A falta de interesse em ter uma garagem pode estar relacionada com a mudança de hábitos dos brasileiros, transformados durante a pandemia de Covid-19. No primeiro trimestre deste ano, um em cada quatro apartamentos alugados pela companhia não possuía garagem.
O período de crescimento coincide com a adoção, por muitas empresas, de home office – em que mesmo o carro não é tão necessário, esse fator pode ter influenciado nessa acomodação da tendência. Atualmente, cerca de 85% dos usuários da plataforma não utilizam o filtro de garagem na hora de escolher uma residência, segundo buscas no site do QuintoAndar
A construção de empreendimentos sem garagem, tendência percebida nos últimos anos em algumas cidades, também pode explicar esse fenômeno. Os números indicam um fenômeno que acontece nas capitais e também no interior do país, mas com maior magnitude nos centros administrativos dos estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Em São Paulo, a variação percentual entre o primeiro trimestre de 2020 e 2021 foi de 30%. No Rio, por sua vez, o crescimento foi de 26%. Apesar do avanço de menor magnitude, a capital fluminense tem um percentual que é 12 pontos percentuais maior que a cidade paulista no percentual de imóveis alugados sem garagem.
Um dos fatores que pode impactar nessa diferença é que na capital paulista as pessoas usam muito mais carro do que na cidade fluminense. Dados do Denatran mostram que a frota em São Paulo é quase três vezes maior do que a do Rio de Janeiro.
A ocupação do solo urbano nas últimas décadas também ajuda a entender, com construções mais antigas na capital fluminense, erguidas há mais de meio século.
“No último ano, vimos surgir necessidades em relação a casa que não tínhamos antes, como home office e espaços para lazer. Por outro lado, outras coisas deixaram de fazer sentido, como as vagas de garagem. Ainda é muito cedo para dizer se todas essas mudanças serão duradouras, mas o que podemos afirmar é que a pandemia mudou a forma com que pensamos as necessidades de moradia”, conta Flávia Mussalem, diretora de marketing do QuintoAndar.