Um estudo inédito realizado pela Deloitte, em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), mostra que o nível de confiança do setor imobiliário residencial encerrou o ano de 2020 em alta. Esse será o primeiro indicador de confiança focado no mercado imobiliário residencial brasileiro, realizado periodicamente a cada três meses, de forma a avaliar com mais precisão os movimentos das empresas do setor.
O levantamento, realizado entre 16 de dezembro de 2020 e 22 de janeiro de 2021, ouviu executivos C-Level de 45 empresas do setor para aferir a intenção de realizar investimentos em 2021. 25% das empresas ouvidas atuam no segmento dedicado ao programa de iniciativas habitacionais do governo federal, o Casa Verde Amarela (CVA), 30% no segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) e 45% atuam em ambos os segmentos.
Para Luiz Antônio França, presidente da Abrainc, os resultados da pesquisa mostram que o setor está confiante na retomada da economia, e que a vontade dos empresários em investir não foi afetada em função da pandemia. “O que vemos é um apetite enorme por parte das empresas em continuar investindo. O bom momento dos juros, que se encontram no patamar mais baixo da história, é fundamental tanto para o resultado das empresas em 2020, como para as expectativas em relação ao futuro. É preciso agora que o governo consiga implementar a agenda de reformas para que nosso setor, e a economia como um todo, possa seguir uma trajetória ascendente após um ano de crise” afirma o presidente da Abrainc.
Resultados 2020
A pesquisa também analisou os resultados apresentados pelas empresas no 4º trimestre de 2020. De acordo com 53% dos empresários do setor, a procura por imóveis aumentou entre outubro e dezembro do ano passado. Esse fato é maior no segmento MAP, para o qual o crescimento de vendas foi mencionado por 70% dos executivos. Isso pode ser explicado pois esse segmento é mais afetado pela atividade econômica que vem se recuperando no 4º trimestre, após um desaquecimento gerado pela pandemia nos seis primeiros meses do ano. A baixa taxa de juros e o aumento na oferta de crédito imobiliário foram os grandes indutores para o crescimento do setor. O segmento CVA, se mostrou mais resiliente durante o ano e apresentou boa performance mesmo durante a crise, em função do alto déficit habitacional e da continuidade do programa de habitação popular.
Expectativas para 2021
O ano de 2021 inicia com boas expectativas de retomada da economia devido à vacina contra a Covid-19. A pesquisa mostra que o segmento espera um aumento nas vendas e nos preços de imóveis residenciais neste ano. Para os empresários do setor, o primeiro trimestre do ano pode não ser tão aquecido, mas o segmento deve crescer a partir de abril.
Para Rafael Camargo, executivo da área de Real Estate da Deloitte, o otimismo do mercado se baseia nos resultados de crescimento observados nos últimos dois trimestres após o início da pandemia, bem como na sinalização positiva do mercado quanto às perspectivas para os próximos meses. “A figura é uma só: mercado vendendo, claramente retomando vendas e lançamentos aos patamares anteriores, menores taxas de juros da história, déficit habitacional e existência de linhas de financiamento. Temos demanda, oferta e funding. Logicamente, existe maior cautela se compararmos com o momento que vivíamos anterior à pandemia, contudo, os sinais positivos são concretos. Outro aspecto extremamente relevante, é o bom momento pelo que passa o mercado de investidores institucionais de base imobiliária e fundos Imobiliários, que apresentam grande potencial de novos recursos para o segmento”.
LANÇAMENTOS EM 2021 – A maior parte das empresas ouvidas na pesquisa afirmou que pretendem lançar novos empreendimentos em 2021. No segmento CVA, 100% das empresas ouvidas disseram que vão realizar lançamentos, percentual que cai levemente entre as empresas do segmento MAP (91%).
VENDAS 2021 – A percepção de vendas para o ano de 2021 é otimista; 48% das empresas do segmento CVA acreditam em aumento nas vendas. Entre as empresas MAP, 49% também enxergam essa possibilidade de crescimento, e apenas 3% apostam em um movimento de redução. Ou seja, é esperado, no geral, uma melhora em relação ao desempenho de 2020.
PREÇOS 2021 – Para os primeiros três meses de 2021, 56% das construtoras e incorporadoras têm expectativa para aumento no preço médio dos imóveis, sendo que essa tendência é mais forte para empreendimentos de médio e alto padrões (68% das empresas esperam alta, contra 42% das empresas do segmento CVA). Já a maior parte das empresas (58%) que trabalham apenas com imóveis para o programa do governo Casa Verde e Amarela tendem a manter os preços, pelo menos para o início do ano.
Preços no longo prazo – A expectativa dos empresários para o preço dos imóveis é ainda mais positiva no longo prazo, de acordo com as construtoras e incorporadoras participantes da pesquisa. Para 77% das empresas do segmento CVA, os preços devem aumentar nos próximos 12 meses, percentual que sobe para 95% quando consideramos o valor dos imóveis nos próximos 5 anos. Entre as empresas do segmento MAP, esses percentuais são de 96% (12 meses) e 91% (5 anos). Os juros baixos fazem com que a compra do imóvel com finalidade de investimento fique bastante atrativa nesse momento. Há também um excesso de liquidez nos mercados, motivada pelos pacotes de estímulos governamentais. Essa combinação serve para elevar o preço dos ativos reais, entre eles os imóveis, a longo prazo. Além disso, estamos observando um aumento nos preços dos insumos, principalmente o aço. O que também pode contribuir para uma elevação nos preços.
COMPRA DE TERRENOS – Com boa demanda por imóveis e expectativas positivas em médio e longo prazos, a maioria das empresas deve comprar terrenos para novos empreendimentos em 2021: 90% das incorporadoras do segmento CVA e 85% das empresas MAP vão adquirir terrenos neste ano. Esses dados corroboram a confiança dos empresários em continuar investindo para os próximos anos.