Por Eduardo Pires, diretor de produtos do segmento de Construção da TOTVS
Nos últimos anos, o setor de Construção passou a incorporar a tecnologia em diversos processos de sua operação. Mas diferentemente de outros segmentos, esse movimento ainda caminha a passos não tão rápidos. É o que demonstra levantamento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que apurou que apenas 23% das empresas do setor realizam investimentos em digitalização, número que sobe para 66% no varejo e 68% na indústria.
O mesmo levantamento também apurou que 95% dos entrevistados do setor da Construção querem aprender sobre inovação, mas apenas 25% conhecem aplicações concretas de tecnologia 4.0 como impressão 3D, inteligência artificial etc. Ou seja, o segmento está aberto à tecnologia e o futuro é promissor. Por isso, mesmo que a digitalização na construção avance gradualmente, a expectativa é de que seja um avanço significativo nos próximos anos. Soluções que já existem para modelagem, pagamento instantâneo, inteligência de vendas e digitalização de documentos devem estar mais presentes no dia a dia do segmento.
Para destacar o que já há de mais inovador no setor, trago 4 tendências que devem aquecer o mercado da construção em 2023:
Lean Construction e BIM (Building Information Modeling)
É verdade que estas não são exatamente novidades para o setor, mas Lean Construction e BIM continuam sendo alvo de atenção e investimento por parte dos players do setor, e essa tendência deve seguir em 2023.
Lean Construction (ou “construção eficiente”) nada mais é que um método para reduzir perdas (de tempo e dinheiro) e aumentar a produtividade na construção. A metodologia consiste no desenvolvimento de um plano de ação para alcançar esses objetivos a partir de 4 princípios: Just in time, adquirir os materiais necessários quando estiver próximo de seu uso; Controle de qualidade, para satisfazer fornecedores, clientes e funcionários; Adoção de planejamentos, em níveis estratégicos (longo prazo), tático (médio prazo) e operacional (curto prazo); e Negociação de prazos, para que todas as datas sejam cumpridas de forma adequada. E tudo isso pode ser potencializado com um sistema de gestão especializado.
Já o BIM (Building Information Modeling) é uma ferramenta que possibilita o desenvolvimento de modelos virtuais de obras, com a criação de projetos 3D, com todas as especificações de elementos de construção e materiais utilizados alinhando-a ao backoffice com cada etapa do projeto, da concepção até a manutenção pós-entrega. O BIM é tão completo que a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) avalia que a produtividade de um projeto pode aumentar em 10% com sua adoção.
Ascensão do PIX
Popular em diversos setores da economia, o PIX está assumindo protagonismo entre os meios de pagamento digital e seguramente vai continuar em alta no próximo ano. E, especificamente no setor de construção, acredito que o PIX ganhará ainda mais destaque, com foco nas transações B2B para fornecedores e parceiros. Muito simples e prático, essa é uma tecnologia que sem dúvida veio para ficar e que pode ser ainda mais explorada pelos players do segmento, trazendo mais economia para o ecossistema.
Assinatura Eletrônica
Por lidar constantemente com inúmeros processos burocráticos, como contratos de fornecedores e clientes, além de uma grande quantidade de documentação em diferentes etapas, o setor da construção é sem dúvida um setor que pode se beneficiar muito da adoção de ferramentas de assinatura eletrônica.
Além de facilitar a comunicação entre as partes, já que as assinaturas são coletadas em poucos cliques, a assinatura eletrônica agiliza o processo, evita burocracia e garante mais segurança em todo o fluxo de assinaturas de documentos, além de garantir a conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e total validade jurídica. É uma ferramenta de simples adoção e que pode trazer muito mais produtividade e agilidade ao setor.
CRM e marketing digital
A gestão de relacionamento com clientes e prospects representa um importante pilar do setor de construção. Neste contexto, ferramentas de CRM são aliadas para que construtoras e incorporadoras desenvolvam um bom relacionamento com seus clientes, otimizando o contato e podendo, assim, definir ações mais estratégicas de marketing e vendas. O CRM permite uma gestão de clientes mais aprimorada com segmentação e estudo do perfil de clientes, acompanhamento de vendas, criação de relatórios estratégicos, entre outros. Diante das inúmeras melhorias trazidas, como ganho de produtividade e fidelização de clientes, a adesão do CRM no segmento deve se destacar no próximo ano.
A cada dia surgem novas soluções desenhadas especialmente para as necessidades do segmento de construção. E, ainda que seja um setor tradicional, é essencial acompanhar as transformações e avançar no processo de digitalização. Por isso, reforço a urgência de dedicar especial atenção e investir em tecnologia. Mas vale ressaltar: para quem está iniciando o processo de digitalização, não pule etapas. Invista primeiro em tecnologias que darão base para toda a operação, como sistemas especializados de gestão de obras e projetos ou gestão de imóveis (a depender de sua atuação) e, principalmente, no aprimoramento do conhecimento e capacitação técnica para operá-los. Com uma base sólida de digitalização, a implementação de soluções mais avançadas será muito mais efetiva. Não se esqueça que a tecnologia pode revolucionar os negócios, se aplicada de forma estratégica!