Levantamento feito pela Archademy identificou que os clientes estão valorizando mais seus espaços. 65% dos entrevistados passaram a atender projetos de adequação das casas ao home office
O mercado de arquitetura e design de interiores não passou ileso aos impactos negativos sofridos pela economia durante o isolamento social, e quem trabalha na área teve que se readequar de diversas maneiras. Porém, a demanda do setor cresceu durante a pandemia, segundo um estudo feito em 2020 e 2021 pela Archademy, maior startup de arquitetura do País. Entre os 900 profissionais entrevistados durante o levantamento, 80% afirmaram que a pandemia gerou uma maior procura de clientes por projetos para arquitetos e designers de interiores.
De todos os escritórios participantes da pesquisa, 95,5% dos profissionais receberam demanda para reforma de ambientes residenciais. Entre eles, 67,4% relataram ter recebido pedido de adequação do layout geral da casa, 65.8% para adequação da casa para home office e 58,4% para alterar os espaços de convivência.
Para o CEO da Archademy, Raphael Tristão, a necessidade de novas adequações em residências, que agora se tornaram local de trabalho para grande parte das pessoas, contribuiu para o aquecimento deste mercado, mesmo em um período de cautela com os gastos. “A pandemia adicionou o home office ao programa de necessidades básicas de qualquer projeto. A própria pesquisa mostrou isso, já que 65% dos entrevistados disseram que foram procurados para reformas relacionadas a ambientes de trabalho remoto, o que antes era incomum”, conta.
Se em junho de 2020, as mudanças no perfil de projeto em meio à pandemia ainda eram tímidas (44,3% disse ter recebido demandas para adequação da casa em decorrência da COVID-19 à época da pesquisa), este ano a tendência se consolidou. Em 2021, 59,3% responderam que “estão recebendo solicitações diferentes para adequações de ambientes pós COVID-19”.
Ainda de acordo com a pesquisa “Impacto da COVD-19 para Arquitetos e Designers de Interiores”, 81% dos participantes relataram a percepção de que os clientes estão valorizando mais seus espaços. Tristão acredita que entender essa mudança de comportamento por parte de quem procura o serviço deve gerar um crescimento de demanda ainda maior pelos próximos anos.
“Esse estudo pode auxiliar os arquitetos sobre como o mercado está se comportando, principalmente neste novo cenário de valorização da casa. Sabendo o real impacto da quarentena no ramo de arquitetura e urbanismo, é possível traçar estratégias para melhor aproveitar as oportunidades que podem vir a surgir, gerando mais negócios e aumentando a visibilidade dos projetos”, explica o CEO da Archademy.
Apesar do aspecto positivo, o estudo também identificou as principais mudanças que tornaram a prestação dos serviços mais complicada. 72% dos arquitetos e designers de interiores alegaram que muitos fornecedores estão sem produtos para entregar. Não à toa, 67,4% relataram maior incidência de atrasos nas obras.
O boom de reformas fez com que os prazos de entrega ficassem mais longos também. 77,8% dos profissionais concordam que esse foi o maior impacto negativo da pandemia no setor.