Dois em cada três brasileiros (65%) já deixaram de alugar, comprar ou vender um imóvel com medo de fazer um mau negócio por conta do preço, mesmo depois de muito tempo procurando ou esperando uma oferta. O dado faz parte de uma pesquisa inédita realizada pelo Datafolha em parceria com o Grupo QuintoAndar, que revela as dificuldades enfrentadas pela população na hora de precificar um ativo residencial.
Foram entrevistados mais de 2 mil inquilinos, compradores, vendedores e proprietários de imóveis em todas as cinco regiões do país.
Segundo a pesquisa, 84% dos entrevistados sentem que é difícil obter informações precisas sobre o preço adequado de um imóvel. Esse obstáculo é comum entre aqueles que desejam comprar, vender ou alugar.
Essa questão é especialmente relevante uma vez que mais da metade dos entrevistados (56%) afirma que o preço é determinante na hora de tomar uma decisão no mercado imobiliário. Além disso, para inquilinos e compradores, encontrar um imóvel dentro do valor que podem pagar é a maior dificuldade citada (por 47% dos participantes) na hora de alugar ou comprar uma propriedade. O aspecto financeiro é considerado mais importante do que saber se há problemas estruturais com o imóvel (34%) ou encontrar imóveis que atendam às necessidades específicas (32%).
“A incerteza em torno do preço é uma barreira que impede muitos brasileiros de realizar uma transação, evidenciando a necessidade de fornecer cada vez mais informações para que inquilinos, compradores e proprietários possam tomar decisões mais balizadas”, afirma Thiago Reis, gerente de Dados do Grupo QuintoAndar.
Atualmente, as principais dificuldades em precificar um imóvel ou entender se o valor cobrado faz sentido são: ter fontes confiáveis para se orientar (média 6,4), saber se o preço está adequado na hora da decisão (6,4) e avaliar o impacto das melhorias/reformas feitas no imóvel (6,3). As notas foram dadas em uma escala de 0 a 10.
A cultura da precificação no Brasil
Os dados reforçam que a prática de “gordura” no preço, que consiste em inflacionar um imóvel além de seu valor de mercado na expectativa de conceder desconto, é uma estratégia comum no setor imobiliário. Segundo a pesquisa, 53% dos entrevistados acreditam que os proprietários já colocam o preço acima esperando um desconto na negociação.
Essa visão é confirmada pelos próprios proprietários de imóveis. Mais da metade deles (56%) afirma que coloca o preço acima já contando com o desconto na negociação, enquanto 29% relatam que estipulam o valor que estão dispostos a aceitar e abrem pouco espaço para barganha. Apenas 16% dizem precificar no patamar que estão dispostos a fechar um acordo, sem flexibilidade.
Entre aqueles que desejam alugar ou comprar, 77% afirmam que iniciam a busca já pensando em obter um desconto. Além disso, mais da metade (52%) busca uma margem de negociação entre 5% e 10% do valor do imóvel.
“Essa estratégia, muitas vezes, acaba prejudicando quem planeja vender ou alugar, em razão da sobreprecificação, podendo, inclusive, impactar a liquidez do imóvel. Isso pode desestimular também os compradores e inquilinos que buscam preços justos e transparentes. Os dados mostram que 78% já tiveram dúvidas se o preço anunciado tinha margem para negociação”, destaca o gerente de Dados do Grupo QuintoAndar.
Metodologia da pesquisa
Ao todo, foram realizadas 2.005 entrevistas com a população brasileira com 18 anos ou mais, incluindo inquilinos, compradores, vendedores e proprietários de imóveis, em todas as cinco regiões do país (Sudeste, Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Há, ainda, uma amostra representativa das regiões metropolitanas de Rio, São Paulo e Belo Horizonte. A pesquisa foi feita entre os dias 27 de agosto e 12 de setembro de 2024 e tem uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos para o total da amostra.
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