Por Carlos Castro, CEO do apepê
Estamos aprendendo sobre os impactos que os dois anos de Covid-19 nos causaram. O fato é: tudo mudou. Nos transformamos e adaptamos a uma nova realidade, muito suportada pelos recursos tecnológicos que hoje temos. O trabalho remoto já é uma realidade consumada, bem como a quantidade de coisas que fazemos apenas com nossos celulares. E, obviamente, uma nova forma de morar também surge neste cenário, chamada Multifamily.
O nome até que é estranho e não muito objetivo, mas multifamily, ou multifamília, é referente a um complexo de apartamentos ou casas pertencentes a uma pessoa ou empresa. Em outras palavras, é um determinado condomínio em que todos os moradores são inquilinos.
Apesar de ser ainda muito jovem no Brasil, este conceito já é bem difundido mundo afora. Nos EUA, por exemplo, são mais de 170 milhões de residências e 800 mil complexos de apartamentos nesta classe de ativos. Isso porque o brasileiro tem muito enraizado o famoso “sonho da casa própria”, mas como já mencionei, agora vivemos numa outra realidade, que abriu o espaço para este novo tipo de produto.
Vou me arriscar a definir um padrão deste tipo de imóvel e para quem se destina hoje no Brasil. São apartamentos menores, até uns 90m², já decorados e equipados de forma padronizada, bem localizados e, como a gestão é centralizada em um único indivíduo, as decisões do condomínio são muito mais rápidas e sem burocracias. Geralmente os inquilinos são estudantes, turistas ou empresários que enxergam este tipo de imóvel como uma boa solução urbana, preservando a liquidez de seus recursos e não preocupados em fixar moradia em nenhum local específico.
Explicado todo este cenário, deixem-me contar um pouquinho de como vejo esta operação funcionar, sob a ótica do usuário. Todo e qualquer futuro inquilino deste segmento, ao se deparar com o desejo de residir em determinado local e, ao encontrar o endereço mais adequado, buscará a forma mais fácil de “morar” lá. Esta necessidade latente de morar, somado à revolução tecnológica que a pandemia nos deixou, trouxe ao mercado imobiliário dezenas de startups voltadas a este tipo de negócio. Usam muito o termo “assinatura de moradia”, em que de maneira rápida, fácil e sem burocracia, qualquer pessoa possa vir a se tornar inquilino deste determinado produto. E o melhor: tudo feito pelo seu celular, com poucos cliques, com todas as taxas inclusas (aluguel, IPTU, etc). É bem simples: só clicar, assinar e pagar (geralmente via cartão) que o acesso a este apartamento já está garantido. E ele está prontinho para você, todo equipado!
Eu adoro isso, a simplicidade e agilidade de conseguir alugar um imóvel prontinho. Mas se também pensarmos avante, este inquilino ficou refém do momento. Uma vez que ele aluga o apartamento, será que ele continua “conectado” com a tecnologia? Não. Ele passará a usar o interfone para se comunicar internamente, assinar seu nome no caderno da portaria para receber uma encomenda ou terá que baixar uma série de apps de serviços para facilitar o seu dia a dia. Esta segunda perna da jornada deste inquilino é o que ainda não existia no Brasil, e ainda me arrisco a dizer que não existe em país nenhum: a digitalização de toda esta experiência de morar e viver que um morador nunca teve, com apenas um único aplicativo.
É isso que acredito ser o futuro: o famoso conceito da assinatura da moradia, ou LAAS (Living As A Service), unindo o multifamily com a digitalização da moradia. A facilidade de locação, juntamente com uma experiência digital dentro de casa que nunca tivemos.