A ampliação dos financiamentos bancários ao maior nível dos últimos quatro meses e uma queda de preços que também é recorde no ano fizeram com que o mercado de imóveis usados da Capital paulista crescesse 20,04% em abril comparado a março. A participação dos financiamentos chegou a 54,53% do total de casas e apartamentos vendidos e os preços médios do metro quadrado desses imóveis foram 21,64% menores que os de março.
Os números foram apurados em pesquisa feita com 277 imobiliárias da Capital pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Crecisp). Elas venderam em Abril 78,65% dos imóveis em apartamentos e 21,35% em casas. Apesar de superadas pelos financiamentos, as vendas à vista tiveram forte participação nesse mercado, com 46,07% do total.
Os imóveis usados mais vendidos na Capital em abril foram os de preço final até R$ 400 mil, que representaram 53,93% do total de unidades negociadas pelas imobiliárias pesquisadas. A maioria desses imóveis (73,03%) era de padrão construtivo médio e foram vendidos com descontos sobre os preços originalmente pedidos pelos proprietários variando de 14,33% para aqueles situados em bairros da Zona A, como os Jardins, a 6,92% em bairros da Zona D, como Penha e Pirituba.
“Apareceu o crédito, surgiu o comprador”, resume José Augusto Viana Neto, presidente do CreciSP. Ele reforça o destaque que tiveram os financiamentos bancários em abril com outros dois fatos registrados pela pesquisa: “Ao contrário do que ocorre em todos os meses, neste não foi registrada nenhuma venda por meio de carta de consórcio e também não houve venda feita com pagamento parcelado pelos donos dos imóveis”, ressalta.
O crescimento da venda de imóveis usados é importantíssimo, segundo Viana Neto, porque “faz a roda do mercado imobiliário girar, levando dinheiro do segmento de usados para o de novos, tal como acontece no mercado de automóveis”. Para gerar empregos, renda e movimentar a Economia, no que chama de “círculo virtuoso da casa própria”, o presidente do CreciSP defende que o governo federal se preocupe em “aumentar o volume de financiamentos com juros menores e prazos maiores ao invés de propor a criação de mais impostos sobre a venda dos imóveis”.
Viana Neto se diz preocupado com a ideia da Receita Federal de criar uma taxa para atualizar o valor dos imóveis lançados na declaração do Imposto de Renda para, supostamente, reduzir o imposto de 15% recolhido sobre o lucro quando se vende o imóvel. “É uma ameaça a todo o mercado imobiliário, traz incerteza e insegurança a milhões de brasileiros que já têm seu imóvel próprio e por isso o governo precisa explicar detalhadamente como pretende aumentar a arrecadação sem aumentar a carga tributária sobre os donos de imóveis”, adverte.
Locação residencial
cresce 2,88% em Abril
A locação de casas e apartamentos na cidade de São Paulo cresceu 2,88% em abril comparado a março. Foi a segunda alta consecutiva no número de imóveis alugados, elevando o acumulado nos primeiros quatro meses do ano a 32,75% segundo os resultados apurados mensalmente pelo CreciSP.
Em abril, as 277 imobiliárias pesquisadas alugaram 54,74% do total em apartamentos e 45,27% em casas. Quase a metade desses imóveis (48,27%) tem aluguéis mensais de até R$ 1.200,00. Segundo a pesquisa, os aluguéis novos aumentaram em média 3,51% em relação a março.
Os descontos concedidos pelos proprietários sobre os valores iniciais dos aluguéis variaram de 14,59% para os situados em bairros da Zona A, como os Jardins e Vila Nova Conceição, a 7,91% para os localizados em bairros da Zona B, como Aclimação e Alto da Lapa.
A pesquisa CreciSP apurou que o aluguel que mais aumentou no período foi o de casas de 2 dormitórios também localizadas nos bairros agrupados na Zona B – o aluguel médio subiu 31,52%, de R$ 1.606,25 em março para R$ 2.112,50 em abril.
O aluguel médio que mais baixou foi o de apartamentos de 1 dormitório em bairros da Zona A, que foram alugados em média por R$ 1.876,92 em março. Esse preço baixou 33,02% em abril, com o aluguel desse tipo de imóvel custando em média R$ 1.257,14.
Os descontos que os proprietários concederam para alugar suas casas e apartamentos foram em média de 14,59% nos bairros da Zona A; de 7,91% na Zona B; de 9,97% na Zona C; de 9,91% na Zona D; e de 10,67% na Zona E.
O depósito de valor equivalente a três meses de aluguel superou em abril (presença em 35,24% dos contratos novos) o fiador (com 33,73% de participação) como principal modalidade de garantia da locação em caso de inadimplência dos inquilinos.
Segundo a pesquisa CreciSP, as outras formas de fiança adotadas foram a caução de imóveis (7,22%), a locação sem garantia (1,94%) e a cessão fiduciária (2,05%).
Inadimplência e devolução
A inadimplência nas 277 imobiliárias pesquisadas em abril pelo CreciSP foi a 5,07% do total de contratos em vigor, um aumento de 6,29% sobre o índice de 4,77% registrado em março.
Inquilinos que tinham contrato em vigor devolveram às imobiliárias consultadas as chaves de casas e apartamentos, por motivos como mudança (57,41%) e dificuldades financeiras (32,59%). Esse número equivale a 82% do total de novas locações, índice 1,17% maior que o de março, de 81,05%.
O número de ações judiciais propostas nos Fóruns da Capital ficou praticamente estável, registrando variação negativa de 0,13% em abril sobre março. Levantamento feito pelo CreciSP apurou que foram ajuizadas 2.351 ações de todos os tipos em abril, número que em março foi de 2.354.
Diminuíram as ações renovatórias de aluguel (- 22,45%, de 98 para 76); as de rito sumário (- 2,55%, de 942 para 918); e as consignatórias (- 54,55%, de 11 para 5). Aumentaram as ações de rito ordinário (+ 12,28%, de 57 para 64) e as propostas por falta de pagamento (+ 3,37%, de 1.246 para 1.288).