Com o anúncio do Copom nesta quarta-feira baixando a taxa básica de juros (Selic) de 6% para 5,5%, a menor taxa em mais de 30 anos, o consumidor se pergunta quais são os efeitos diretos no seu bolso, no crédito em geral e, para quem sonha em comprar a casa própria, se pode haver um repasse imediato para as taxas de crédito imobiliário.
Rafael Sasso, cofundador da Melhortaxa – maior plataforma digital de crédito imobiliário do país, afirma que as sucessivas quedas da Selic nos últimos meses foram possíveis graças à estabilidade da inflação e aos incentivos para o reaquecimento da economia: “Em teoria, quando a Selic cai, a população passa a ter maior facilidade em adquirir crédito e, consequentemente, consumir mais, aquecendo a economia. Na prática, a queda não reflete nos juros instantaneamente, mas, no último corte, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Itaú anunciaram redução das suas taxas para diversas linhas de crédito, pressionando a concorrência”.
Em relação ao crédito imobiliário, os efeitos e o tempo de reação do mercado são um pouco diferentes. Mas a tendência é que a queda da Selic pressione a Caixa e os outros bancos para baixarem ainda mais as taxas de empréstimos imobiliários, o que já começou a acontecer recentemente. Ainda há mais espaço para quedas, avalia o cofundador da Melhortaxa.
“Historicamente, a Caixa Econômica exerce um papel chave na pressão aos outros bancos para o repasse de reduções ao crédito imobiliário. Até recentemente, havíamos perdido esse papel, que começa a ser retomado agora com a CEF voltando a atuar e lançando novas linhas (taxa + IPCA) que aproximam o mercado de capitais do crédito imobiliário. Esse movimento também aproxima as fintechs e os fundos com interesse de entrar com mais força nesse mercado”, analisa Rafael Sasso.
“Até o início de 2017, a Selic estava num patamar maior (cerca de 14%) do que a média das taxas do financiamento imobiliário (cerca de 11%). De lá para cá, o cenário se inverteu. A Selic caiu bastante e o crédito imobiliário não acompanhou com tanta força. Mas a tendência agora é que a pressão seja maior, principalmente se for exercida pela Caixa, que tem um papel determinante de estimular a concorrência entre os grandes bancos”, diz Sasso.
Veja gráfico comparativo entre a evolução da taxa Selic e das taxas de crédito imobiliário: