O mercado de imóveis residenciais encerrou o último trimestre de 2023 consolidando a tendência de crescimento do segmento Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com alta nos indicadores de procura e de vendas deste segmento. É o que revela a nova edição do Indicador de Confiança do setor Imobiliário Residencial, realizado pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) em parceria com a Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo. Nesta edição, que analisa o desempenho do setor no 4º trimestre de 2023, a pesquisa foi realizada com 44 empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário residencial, entre os dias 15 e 31 de janeiro de 2024.
O segmento de médio e alto padrão (MAP) esboçou nova manutenção se comparado com o 3º trimestre de 2023, com perspectiva de seguir neste cenário por pelo menos mais um período. Os preços, em geral, mantiveram sua trajetória ascendente. As expectativas iniciais para 2024 indicam otimismo para MCMV e um cenário mais conservador para MAP, dado que mais de um terço dos executivos que trabalham com esse segmento não pretendem adquirir terrenos para novos empreendimentos no período.
O cenário de procura e vendas de imóveis se manteve positivo no 4º trimestre, influenciado pelo recuo da taxa de juros e pelo mercado favorável ao programa Minha Casa Minha Vida. O segmento MAP, por outro lado, registrou manutenção no último período do ano. Para os próximos 3 a 12 meses, é esperado que o MCMV permaneça aquecido, dada a perspectiva de ampliação do crédito no segmento econômico, a possibilidade de aumento real da renda per capita e a continuidade nos cortes da Selic, com projeções de 9% a.a. para 2024. Ainda, todos os executivos que participaram da pesquisa planejam lançamentos no período. Para MAP, porém, as expectativas são mais comedidas para a aquisição de terrenos.
Luiz França, presidente da ABRAINC, destaca a resiliência do setor imobiliário em 2023 diante dos desafios das elevadas taxas de juros. Ele aponta que “a expectativa otimista para o MCMV reflete as medidas implementadas pelo novo programa habitacional, que possibilitaram um crescimento de 47% nos financiamentos do MCMV no ano passado, em comparação com 2022. No entanto, para o MAP, houve uma queda no estoque de imóveis ao longo do ano, o que abre oportunidades para as empresas aumentarem o volume de lançamentos em 2024.” França ressalta que a alta taxa de financiamento no SBPE continua sendo um entrave para esse segmento e espera que, com novas reduções da Selic, ocorra uma diminuição nas taxas de financiamento e um aumento da procura por investidores interessados em adquirir imóveis.
O levantamento usa uma metodologia diferenciada para interpretar os resultados e facilitar a leitura entre os trimestres. Desse modo, os percentuais de respostas foram transformados em notas, variando de 1 (para forte redução) a 3 (para forte aumento), e cada segmento foi classificado dentro desse padrão. As respostas dos participantes da pesquisa indicaram se houve redução, manutenção ou aumento em relação ao trimestre anterior para os itens procura, vendas, e preços dos imóveis. Além da variação do trimestre apurado, os respondentes indicam as expectativas.
Indicador de confiança do setor imobiliário residencial
“A nova edição da pesquisa mostra a consolidação da tendência de crescimento do segmento econômico (MCMV), com alta nas vendas e na procura por imóveis. O mercado imobiliário residencial, no geral, segue aquecido e com boas perspectivas para os próximos meses, especialmente para o segmento Minha Casa, Minha Vida. A trajetória de queda da Selic, a redução no custo do crédito e os benefícios governamentais do programa MCMV indicam que o mercado imobiliário pode continuar a se desenvolver em bons patamares nos próximos trimestres”, destaca Rafael Camargo, diretor da prática de Real Estate da Deloitte.
Resultados do 4º trimestre e expectativas:
Procura de imóveis (Nota 2,22 = Aumento). A procura de imóveis residenciais aumentou no último trimestre de 2023, ainda influenciada pelo segmento MCMV (nota 2,43) que tem apresentado mercado aquecido e favorável aos negócios. Para o segmento de médio e alto padrão, apesar da manutenção (1,97) da demanda, o indicador ficou levemente acima do trimestre anterior, podendo indicar uma leve recuperação adiante.
Vendas (Nota 2,33 = Aumento). O indicador geral de vendas de imóveis residenciais apresentou alta frente ao trimestre anterior. Quanto ao desempenho do indicador de médio e alto padrão, apesar de registrar manutenção (2,03), foi um pouco melhor que no 3º tri/23, enquanto o MCMV segue em alta (2,57).
Expectativas para vendas (Nota 2,37 = Aumento). Os executivos do setor imobiliário residencial esperam aumento nas vendas para o 1º trimestre de 2024 (nota geral = 2,37) e forte aumento nos próximos 12 meses (nota geral = 2,64). Quando analisados os segmentos separadamente, há expectativa de aumento (2,51) para MCMV no 1T24 e forte aumento nos próximos 12 meses (2,80). Para MAP, a expectativa é de manutenção (2,20) no 1º trimestre e de aumento próximos 12 meses (2,47).
Preço de imóveis (Nota 2,54 = Aumento). No 4º trimestre, o indicador de preços se manteve em alta para ambos os segmentos. MCMV registrou forte aumento (2,69) e MAP registrou aumento (2,37).
Expectativa para os preços dos imóveis (Nota 2,48 = Aumento). As expectativas para os preços dos imóveis residenciais seguem com aumento para o 1º trimestre do ano (2,48), com forte aumento para os próximos 12 meses (nota 2,92) e para os próximos cinco anos (nota 2,99).
O 4º trimestre manteve o ritmo de crescimento do índice de preços do período anterior (+6%)
No acumulado do ano, o índice cresceu 27% em relação a 2022. Para 2024, a expectativa é que o indicador continue aumentando – o índice do custo da construção teve leve alta de 0,23% em janeiro de 2024, após elevação de 0,26% no mês anterior, acumulando expansão de 3,23% em 12 meses.
No último trimestre de 2023, a taxa Selic manteve a trajetória de queda iniciada no período anterior, mas ainda registra dois dígitos. Mesmo com o início dos cortes da Selic, o segmento de médio e alto padrão (MAP) só deve apresentar recuperação nos próximos meses. Por outro lado, já é possível observar um crescimento acentuado do segmento econômico (MCMV), diante da redução no custo do crédito, bem como devido aos benefícios governamentais do programa.
Metodologia da pesquisa
O indicador de confiança do setor imobiliário residencial do 4º trimestre de 2023, realizado pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, em parceria com a ABRAINC, contou com a participação de 44 empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário residencial, divididas nos seguintes segmentos: 32% Minha Casa Minha Vida (MCMV), 20% Médio e Alto Padrão (MAP) e 48% atuantes em ambos os segmentos. O levantamento, realizado entre os dias 15 e 31 de janeiro de 2024, ouviu executivos de alto escalão (C-Level) das empresas participantes.
- Alphaville alcança EBITDA de R$ 62 milhões no 3T24 e R$ 112 milhões no acumulado do ano
- CMI/Secovi-MG reúne empresários e especialistas do mercado imobiliário em Belo Horizonte no dia 26 de novembro
- Mercado imobiliário de alta renda: o que esperar dos próximos anos?
- 5 razões para investir em imóveis compactos de alto padrão
- Indicador ABRAINC-Deloitte: Mercado imobiliário segue aquecido para o segmento econômico Minha Casa, Minha Vida e estável no segmento de Médio e Alto Padrão