Madeira engenheirada reforça inovações no setor de construção em meio a expectativa de alta de 3,5% do PIB

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou, no final de julho, a expectativa de crescimento de PIB em 3,5% em 2022, resultado que representa crescimento do setor acima do índice nacional pela segunda vez consecutiva. O cenário favorece o surgimento de novidades com o objetivo de maximizar a eficiência dos projetos construtivos. Uma das mais recentes é a madeira engenheirada ou mass timber, que deverá ganhar força no país, por oferecer vantagens como agilidade, segurança e praticamente nenhuma geração de resíduos no canteiro de obras.  

“O crescimento da construção civil e o engajamento de práticas ESG têm contribuído para o surgimento de sistemas construtivos em madeira. O mercado tem reagido positivamente à tecnologia do mass timber, já que busca encontrar produtos e soluções sustentáveis que emitam menor quantidade de carbono. Nesse sentido, o processo é um aliado do cliente, já que a madeira absorve o carbono durante o desenvolvimento da árvore e o estoca ao longo de toda a sua vida útil”, explica Ana Belizário, head de novos negócios da Urbem, que reforçará a atuação no mercado com o início das operações da fábrica instalada no estado do Paraná, no segundo semestre deste ano.

Em entrevista ao Podcast da FEICON, maior evento de construção civil da América Latina, a gestora revelou que a primeira fábrica terá capacidade de produção instalada de 100 mil m3 de  mass timber, o que representa aproximadamente 500 mil m2 de área construída, dependendo do projeto.

Utilizada em países da Europa e nos Estados Unidos e Canadá, a tecnologia reforça um conjunto de soluções sustentáveis que tem ganhado espaço no mercado, possibilitando a concretização de projetos com inovação, diferenciais estéticos, em menor espaço de tempo, com redução de prazo em até 40%, tornando os canteiros de obras mais produtivos.

De acordo com Ana Belizário, a empresa trabalha com dois principais produtos de mass timber: o Cross Laminated Timber (Madeira Lamelada Colada Cruzada), conhecido como CLT e o Glued Laminated Timber (Madeira Lamelada Colada), o Glulam, produzidos de forma muito parecida e que usam a mesma matéria-prima: o pinus, espécie mais apropriada para o desenvolvimento do sistema no Brasil. A madeira, tratada em ambiente industrial, passa por uma série de processos até chegar no resultado final e compor elementos estruturais homogêneos, resistentes, estáveis, de alta tecnologia e qualidade.

“A solução atende, basicamente, todas as categorias de projetos e tipologias. Veremos o mass timber sendo aplicado em construções residências unifamiliares de um ou dois pavimentos e edifícios de 18 andares com pilares, vigas e lajes feitas com o material e em galpões, shoppings, escolas, hospitais”, explica a gestora.   

As perspectivas para o setor da construção civil com a chegada de novas tecnologias são otimistas para Belizário, que aponta um paradoxo de mercado: enquanto o país se destaca em termos inovação em design e arquitetura, mantém métodos tradicionais nos canteiros de obras, apesar da movimentação industrial e sustentável estar ganhando força. “Tem um potencial adormecido muito alto para sistemas industrializados. Eles são uma ruptura de paradigma em um primeiro momento, mas os clientes que os adotam percebem imediatamente os benefícios e acabam se convertendo para essa linguagem, então teremos muita transformação nos próximos anos no Brasil”, finaliza.

Madeira engenheirada é justamente o tema do primeiro episódio da nova temporada do podcast da FEICON. Na entrevista com a executiva da Urbem, é possível conferir em detalhes os impactos e oportunidades do mass timber, além de uma visão sobre novos processos construtivos como um todo. O acesso pode ser feito pelo Spotify: https://cutt.ly/gZQTKlD .

Além disso, a organização da FEICON entrega um spoiler: o tema também fará parte das discussões programadas para a próxima edição, que acontecerá de 11 a 14 de abril de 2023, em São Paulo.