Projeto construirá 44 blocos com 16 de apartamentos por bloco, totalizando 704 unidades. Previsão de entrega total é para maio de 2026
A Dimensional Engenharia entregou, no último dia 30/06, as primeiras unidades do conjunto habitacional do programa Morar Carioca, na Comunidade do Aço, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, um dos locais com o menor índice de desenvolvimento humano do Rio de Janeiro. As obras estão sendo certificadas ambientalmente, o que é algo inédito no Brasil em Habitação de Interesse Social e em urbanização de comunidades.
Para se ter ideia do ineditismo de aplicar certificação ambiental em uma habitação popular, apenas os prédios de altíssimo padrão no Rio de Janeiro – com apartamentos custando milhões de reais – e que estão sendo construídos ao lado do campo de golfe olímpico na Barra da Tijuca, possuem o certificado EDGE da etapa de projeto. Os prédios da Comunidade do Aço foram certificados no nível mais avançado, enquanto os da Barra alcançaram um nível inferior.
Ao todo, são 4 Certificações Ambientais diferentes: o selo internacional EDGE, mantido pelo grupo do Banco Mundial, e com o selo GBC Condomínio, do Green Building Council, maior certificador ambiental de ativos imobiliários do mundo. Na urbanização, a empresa busca os selos LEED para Comunidades e LEED ND (desenvolvimento de vizinhança), que são certificados de bairros planejados com sustentabilidade em todos os seus horizontes.
Na parte dos prédios, os auditores terceirizados avaliam, entre outros, a eficiência dos edifícios em relação ao consumo de energia, de água e de carbono incorporado aos materiais, bem como o conforto, a saúde e o bem-estar dos futuros moradores, além do baixo impacto ambiental das construções e o elevado impacto social para seu entorno. Na parte de urbanização, são avaliadas a acessibilidade, a arborização, o manejo das águas das chuvas, as larguras das calçadas, a integração com malha cicloviária e modais de transportes, entre outros aspectos. Para definir a altura de implantação dos prédios, foi feita uma simulação do comportamento das enchentes com uma chuva de tempo de recorrência de 200 anos.
A Dimensional já obteve a Certificação Ambiental EDGE da etapa de projeto, que atesta que as unidades habitacionais possuem uma eficiência 64% maior em energia, 37% em consumo de água e 39% menos carbono incorporado nos materiais utilizados em relação à uma edificação convencional. Isso significa que, além de menor impacto ambiental e economia de recursos naturais, haverá um custo de vida muito menor para os futuros moradores, com economias significativas nas contas de consumo.
Para atingir esse desempenho, foram adotadas estratégias como geração de energia solar, todas as lâmpadas em LED, chuveiros e torneiras com restritores de vazão, descargas de duplo fluxo, janelas maiores para aumentar a iluminação natural e com folhas triplas para aumentar a ventilação natural, materiais de alta refletância solar nas fachadas e isolamentos térmicos na cobertura. A usina solar irá fornecer energia para as áreas comuns e para abater aproximadamente 60% do valor da conta de energia dos moradores.
Segundo Vinicius Benevides, diretor Operacional da Dimensional Engenharia e Responsável técnico pelas obras, a certificação ambiental é uma concepção imensamente mais profunda do que apenas painéis solares e reuso da água da chuva porque impacta de forma mais ampla o meio ambiente e a sociedade. “Na realidade, um empreendimento verde acreditado é muito aderente aos preceitos ESG – Enviroment, Social and Governance. Em um imóvel com certificação ambiental, há a certeza de que aquela construção é totalmente aderente às leis, recolheu os impostos aplicáveis, resguardou o meio ambiente e cuidou de sua força de trabalho, tanto assinando suas carteiras quanto cuidando de sua saúde, segurança e desenvolvimento pessoal e profissional”, afirma ele.
As obras da Comunidade do Aço também são Carbono Neutra, já que a construtora contabiliza todas as suas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), através do Programa GHG Protocol mantido pela Fundação Getúlio Vargas, desde 2020, e compensa todas as emissões excedentes com créditos de Carbono do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da ONU, tornando a empresa e esta obra Carbono Neutras2.
Projeto Comunidade do Aço
Nesta primeira fase, foram entregues três dos 44 blocos previstos no projeto, somando 48 apartamentos a famílias da região, sendo um prédio de 16 unidades totalmente mobiliado. A obra segue com a construção dos primeiros 18 prédios. Já estão finalizadas as estruturas de 288 unidades, com previsão de entrega aos beneficiários para o final deste ano. Vale lembrar que as últimas licenças que autorizaram o início das obras foram obtidas em setembro de 2023.
O empreendimento consiste na construção de 44 blocos de apartamentos com 16 unidades por bloco, totalizando 704 unidades, com previsão de entrega total em maio de 2026. Além dos apartamentos, está prevista a construção de um reservatório de 3,3 milhões de litros de água potável, mais de 9 km de redes de água potável, uma elevatória de esgotos, 6 km de redes de esgoto, 8 km de redes de drenagem, 2 km de ciclovias, 37 mil m2 de calçadas e o plantio de 16 mil mudas de árvores.
Os apartamentos possuem uma área de 55 m2, 30% maior do que uma unidade padrão do programa Minha Casa Minha Vida, que contém em média 42 m2, e são dispostos em blocos de 4 pavimentos com 4 apartamentos por andar. As construções foram todas modeladas em BIM (Building Information Modelling), tecnologia de ponta utilizada para agilizar os projetos e minimizar as não conformidades, de forma tridimensional. Nessa metodologia, é realizada uma construção virtual idêntica à real e com todas as informações necessárias para a obra.
De acordo com Benevides, um diferencial deste projeto é o conceito de realocação na mesma microárea, ao invés de remoção das famílias ou desapropriação das casas. “Isso gera um alongamento das intervenções porque é preciso construir diversos prédios, transferir as pessoas para as novas unidades, demolir as construções antigas e construir um novo ciclo de prédios no lugar”, explica ele.
Os moradores da comunidade aguardavam por essas obras há 60 anos e, enquanto isso, viviam de forma precária em um espaço provisório criado emergencialmente pelo Governo do Estado, após uma inundação.
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