Fio de cobre e aço foram os insumos com maior inflação nos últimos 12 meses, com altas de 8,64% e 2,52%, respectivamente, seguidos do cimento, que registrou aumento de 1,79%. Por outro lado, a argamassa (-4,61%) e a tinta (-2,32%) tiveram deflação expressiva no mesmo período. É o que revela o Índice de Preços de Materiais de Construção (IPMC), lançado pelo Sienge — Ecossistema de Tecnologia e Negócios da Indústria da Construção e do Mercado Imobiliário — com metodologia autoral da Cica Rev Consultoria e apoio institucional da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Juntos, os insumos analisados podem representar até 55% do custo total de materiais utilizados nas obras no Brasil. A íntegra do novo índice pode ser acessada neste link.
Além da variação recorrente nos preços, a inflação também incide de maneira heterogênea no Brasil. “Quando pensamos nas dimensões do nosso país, fica evidente que uma média nacional tem limitações para refletir a realidade vivida no dia a dia do setor. O mesmo material, negociado no mesmo dia, pode ter preços bastante distintos a depender da região. O IPMC surge como uma ferramenta estratégica para apoiar o gestor na tomada de decisões mais embasadas — desde o planejamento de compras até a avaliação de custos e negociações com fornecedores, considerando as particularidades regionais do mercado”, explica José Carlos Martins, presidente do Conselho Consultivo da CBIC.
Segundo Gabriela Torres, Gerente de Inteligência Estratégica do Ecossistema Sienge, informações atualizadas e que levem em consideração a realidade de cada região é decisivo no sucesso de empreendimentos. “O IPMC permite uma leitura mais precisa dos custos, contribuindo para decisões mais estratégicas e maior previsibilidade. É uma contribuição importante para tornar o setor mais eficiente e competitivo”, diz.
Resultados do IPMC – abril de 2025
Fio de cobre
Este foi o insumo que apresentou a maior variação de preços, com uma inflação acumulada de 8,64% em 12 meses, o que segundo Gabriela, pode estar associado à valorização do dólar, que impacta diretamente a cotação internacional do cobre. No início de 2025, o cenário se manteve bastante volátil e, mesmo após uma forte deflação nacional em janeiro (-3,24%), os preços voltaram a subir em março, puxados principalmente pela região Norte, que registrou uma alta de 5,33% no mês.
Entre maio e novembro de 2024, os aumentos foram particularmente expressivos, com altas de 3,31% em maio, 2,50% em outubro e 3,26% em novembro, indicando forte pressão inflacionária no segundo semestre. O início de 2025 manteve o cenário de volatilidade: janeiro registrou uma queda acentuada de 3,24%, seguida por um leve aumento em março (+0,86%) e nova retração em abril (-1,55%).
A inflação do fio de cobre também foi disseminada nas regiões do país, com todas fechando os últimos 12 meses com preços em alta. O Norte (16,94%), o Centro-Oeste (14,62%) e o Nordeste (13,48%) foram as mais pressionadas.
Aço
A inflação do aço no Brasil acumulou alta de 2,52% nos últimos 12 meses, marcada por oscilações significativas. Após uma sequência de deflação, os preços começaram a subir gradualmente a partir de julho de 2024, culminando em um pico expressivo em setembro, com aumento de 1,92% no mês. No entanto, esse movimento foi seguido por uma queda acentuada no início de 2025, com recuos de 1,24% em março e 1,72% em abril, indicando uma possível correção de mercado após a forte valorização registrada no terceiro trimestre do ano anterior.
No cenário de inflação regional, entre julho e outubro de 2024, o preço do aço apresentou os maiores reajustes, com destaque para a região Norte, que registrou uma alta de 2,65% em julho. As demais regiões também acompanharam essa tendência, com variações acentuadas nos mesmos meses, impulsionando a inflação do insumo em nível nacional. No entanto, esse movimento de alta deu lugar a uma queda generalizada nos preços em março e abril deste ano, quando todas as regiões do país apresentaram deflação.
Argamassa
O item registrou uma deflação acumulada de -4,51% nos últimos 12 meses, refletindo um cenário de queda nos preços em nível nacional. Após recuos em julho e agosto de 2024, com variações de -0,47% e -1,01%, o insumo teve um pico de alta em dezembro, quando os preços subiram 1,39%. No entanto, esse movimento foi seguido por uma nova trajetória de queda no início de 2025, culminando em abril com o maior recuo do período, de -1,50%. A sequência de deflações sugere uma correção nos preços após os reajustes registrados no fim do ano passado.
Enquanto o Brasil registrou uma deflação acumulada de 4,51% no preço da argamassa em 12 meses, a região Norte se destacou como a única a apresentar alta, com inflação de 3,17%. Em contrapartida, as regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste foram responsáveis por puxar a média nacional para baixo, com quedas expressivas nos preços. O destaque ficou por conta do Centro-Oeste, que acumulou uma deflação de 7,51%, refletindo um movimento mais intenso de ajuste no mercado regional.
Cimento
Um dos insumos mais usados na indústria da construção civil apresentou alta discreta de 1,79% no acumulado dos últimos 12 meses. Entre junho e agosto de 2024, os preços registraram seu pico, com aumento de 0,69% em julho, seguido por uma reversão e oscilações negativas no início de 2025.
O começo do ano foi marcado por instabilidade, com recuo de 0,36% em janeiro e variações discretas em fevereiro (-0,13%) e março (-0,07%). O mês de abril, por sua vez, trouxe um aumento expressivo de 0,97%, indicando possível retomada da tendência de alta no curto prazo. Gabriela destaca que “o mês de abril trouxe um aumento expressivo de 0,97%.
No acumulado dos últimos 12 meses, o preço do cimento apresentou queda ou estabilidade na maioria das regiões do Brasil. O Norte, teve a maior deflação: 0,63%. A exceção foi o Centro-Oeste, que acumulou alta de 3,28%, responsável por elevar a média nacional.
Tinta
O preço da tinta apresentou uma trajetória marcada por forte volatilidade nos últimos 12 meses a nível nacional, encerrando o período com deflação acumulada de 2,32%. O insumo oscilou ao longo do ano, com quedas relevantes em julho (-0,94%) e dezembro de 2024 (-0,89%), intercaladas por altas pontuais, como em outubro (+1,39%) e janeiro de 2025 (+1,04%).
No entanto, o movimento mais surpreendente ocorreu em abril deste ano, quando a tinta registrou uma queda expressiva de 4,21%, a mais acentuada do período. Embora não haja uma causa única evidente, esse comportamento pode estar relacionado a variações no ritmo de consumo ao longo do ano. De acordo com o Indicador ABRAMAT, o faturamento deflacionado do segmento de acabamento recuou 3,6% em fevereiro de 2025 frente a janeiro, sinalizando possíveis ajustes de mercado. “Precisamos continuar acompanhando os próximos meses para entender se essa deflação representa uma tendência mais duradoura ou um movimento pontual”, avalia Gabriela.
No recorte regional, o Centro-Oeste apresentou a maior deflação no acumulado dos últimos 12 meses (-8,43%), seguido pelo no Norte (-7,93%) e Sul (3,32%). O Sudeste e Nordeste tiveram as menores quedas – 0,43% e 0,22%.
“Como foi possível perceber com os dados do IPMC, estamos diante de um setor que convive com realidades muito distintas. Enquanto alguns insumos sofrem forte influência do câmbio, como o fio de cobre, outros refletem diretamente a dinâmica da demanda interna, como tintas e argamassas. Essa diversidade exige monitoramento constante, bem como uma leitura regionalizada dos indicadores que permitam aos players da indústria tomar decisões embasadas na realidade de cada região do Brasil”, destaca Sergio André Castelani, Economista na Cica Rev Sócio da Cica REV.
Entenda a metodologia usada
O modelo estatístico foi desenvolvido para medir a variação média dos preços de insumos essenciais da construção civil em todas as regiões do Brasil. O IPMC utiliza técnicas avançadas de tratamento de dados e inteligência artificial para garantir precisão, representatividade e confiabilidade nos resultados, além de realizar classificação automática dos insumos e extrair características relevantes das descrições dos produtos. Esses atributos serviram de base para agrupar os itens em categorias homogêneas, assegurando maior precisão na composição dos indicadores. A validação dos resultados foi calculada com um intervalo de confiança de 95%, o que garante confiabilidade estatística nos valores mensais estimados para cada insumo.
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