O mercado de imóveis residenciais apresentou desempenho moderado no primeiro trimestre deste ano, com demanda e vendas praticamente estáveis para ambos os segmentos: Médio e Alto Padrão (MAP) e Minha Casa Minha Vida (MCMV), é o que aponta o Indicador de Confiança do setor Imobiliário Residencial, realizado pela ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) em parceria com a Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo. Nesta edição, a pesquisa foi realizada com 49 empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário residencial, entre 10 e 20 de abril.
Após dois trimestres de altas, a expectativa para lançamentos de imóveis teve um leve recuo frente ao anterior, para ambos os segmentos. Mesmo assim, as perspectivas, no geral, seguem positivas em médio prazo (90% dos executivos pretendem lançar imóveis). O relatório aponta também que houve um recuo na expectativa geral de empresas que pretendem adquirir terrenos para futuros empreendimentos de imóveis residenciais. Diferente do observado em lançamentos, a perspectiva de aquisição de terreno do segmento de MAP foi menor frente ao trimestre anterior – 78% dos executivos pretendem adquirir terrenos.
O presidente da ABRAINC, Luiz França, acredita que, apesar do comportamento de estabilidade, o setor tem potencial para ter bons resultados ao longo do ano: “Nos últimos 10 anos, o investimento em imóveis se tornou mais vantajoso que outras aplicações financeiras. Por isto, a expectativa de valorização dos imóveis deve continuar aquecendo o mercado e atraindo novos investimentos. No geral, os empresários sinalizam que o desempenho do setor neste ano deve ser similar ao dos últimos anos”, avalia.
O levantamento usa uma metodologia diferenciada para interpretar os resultados e facilitar a leitura entre os trimestres. Desse modo, os percentuais de respostas foram transformados em notas, variando de 1 (para forte redução) a 3 (para forte aumento), e cada segmento foi classificado dentro desse padrão. As respostas dos participantes da pesquisa indicaram se houve redução, manutenção ou aumento em relação ao trimestre anterior para os itens procura, vendas, e preços dos imóveis. Além da variação do trimestre apurado, os respondentes indicam as expectativas.
Indicador de confiança do setor imobiliário residencial
“O estudo nos mostra que o mercado de imóveis residenciais está moderado no momento. Apesar de o indicador de vendas de imóveis residenciais ter registrado uma leve retração, o segmento MCMV segue se aquecendo e em processo de recuperação. As expectativas para lançamentos de empreendimentos também são boas para ambos os segmentos, o que indica que o mercado imobiliário pode continuar a se desenvolver nos próximos trimestres e continuar como um forte indutor da roda econômica no país” destaca Claudia Baggio, sócia de Financial Advisory e líder da prática de Real Estate da Deloitte.
Resultados do 1º trimestre e expectativas:
Procura de imóveis (Nota 2,03 = Manutenção). Apesar de o trimestre não ter sido aquecido para o segmento de Médio e Alto Padrão (MAP), houve manutenção da demanda por imóveis residenciais no 1º trimestre de 2023 em relação ao anterior, o que também foi observado para o segmento MCMV. Essa manutenção, por sua vez, indica um melhor cenário que o do período anterior, quando houve retração.
Vendas (Nota 1,98 = Manutenção). As vendas de imóveis residenciais também se mantiveram no 1º trimestre de 23 frente ao período anterior, para ambos os segmentos. O segmento de Minha Casa Minha Vida aponta para expectativas de aumento, tanto em curto prazo quanto para daqui a 12 meses. Já o segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) tem expectativas de manutenção.
Expectativas para vendas (Nota 2,15 = Manutenção). Os executivos do setor imobiliário residencial esperam manutenção nas vendas para o 2º trimestre de 2023 (nota = 2,15), e aumento nos próximos 12 meses (nota = 2,23).
Preço de imóveis (Nota 2,48 = Aumento). Os preços de imóveis seguiram em alta no 1º trimestre de 23 e continuam com tendência de aumento. Existe a tendência de “forte aumento” apenas para daqui a 12 meses e em longo prazo – até o trimestre anterior, foi possível observar “forte aumento” também em curto prazo.
Expectativa para os preços dos imóveis (Nota 2,41 = Aumento). As expectativas para os preços dos imóveis residenciais seguem com aumento para o 2º trimestre do ano (2,41), com forte aumento para os próximos 12 meses (nota 2,78) e para os próximos cinco anos (nota 2,94).
Índice de preços segue em crescimento e procura por imóveis apresenta leve retomada
Esta edição da pesquisa revela que o índice de preços de imóveis residenciais continua em crescimento: no primeiro trimestre do ano foi registrado aumento de 6,3% frente ao trimestre anterior. Entretanto, o aumento nos preços, em 2023, tende a ser menor que o de 2022. O indicador do custo de construção também está menor neste início de ano frente a 2022, mas ainda segue em alta: a variação do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), no acumulado 12 meses até março, esteve em 8,04%.
O estudo aponta que o índice de procura por imóveis apresentou leve retomada e voltou aos patamares do 1º trimestre de 2022. Esse cenário foi possível devido à demanda mais aquecida do segmento de menor renda (MCMV), tendo em vista que o indicador de MAP teve leve retração em sua procura. O índice de vendas geral teve leve retração neste trimestre de 0,7%, pressionado pelo desempenho de vendas de imóveis do segmento de MAP, que registrou o menor índice de vendas da série histórica (-4,4%). Por outro lado, o segmento MCMV se aqueceu, recuperando os patamares do 3º trimestre do ano anterior. As expectativas para os 12 meses seguintes são de alta para MCMV e de leve recuperação para MAP. O crescimento lento da economia vem impactando o mercado e afetando as condições de financiamento, que não têm sido atrativas.
Metodologia da pesquisa
O indicador de confiança do setor imobiliário residencial do 1º trimestre de 2023, realizado pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, em parceria com a ABRAINC, contou com a participação de 49 empresas construtoras e incorporadoras do setor imobiliário residencial, divididas nos seguintes segmentos: 24% Minha Casa Minha Vida (MCMV), 33% Médio e Alto Padrão (MAP) e 43% atuantes em ambos os segmentos. O levantamento, realizado entre 10 e 20 de abril de 2023, ouviu executivos de alto escalão (C-Level) das empresas participantes.