A APSA – empresa líder em gestão de propriedade urbanas – realizou um estudo que mostra o aumento dos imóveis vagos disponíveis, como impacto da pandemia, se mantendo alto ainda no mês de setembro na cidade do Rio de Janeiro. Pelo segundo mês seguido, a maior taxa de vacância dos últimos cinco anos se manteve em 17,8%. Ou seja, a cada cem imóveis disponíveis para locação no município, aproximadamente 18 estavam desocupados naquele mês, à espera de um inquilino.
A variação do estoque de imóveis para o aluguel é diferente em cada região e bairro. E é na Zona Norte que o impacto é maior. Cerca de 27,1% de vacância, com destaque para o bairro de Vila da Penha, que chega a 33,3%. O Rio Comprido, na contramão, é o bairro que ajudou a diminuir a taxa da região. Com uma redução em agosto de 16,8%, sua vacância de 10,4% é considerada normal. O Grajaú teve aumento frente ao mês anterior de 20 pontos percentuais, chegando à taxa 10,2%. O Maracanã também aumentou seus imóveis vagos e em setembro está com vacância de 11,6%. A Tijuca segue na mesma tendência, com aumento frente ao mês anterior de 9,92 pontos percentuais, chegando a taxa de 13,3%.
O Centro é outro bairro com forte impacto, com aumento frente ao mês anterior de 12,44%, chegando a taxa de 24,4%.
Já na Zona Sul, o bairro que se mantém com maior vacância é Copacabana, com 20,9%. Com isso, imóveis de 3 quartos, em maior oferta, estão com o metro quadrado mais baixo do bairro, em torno de R$ 30. Ipanema também chama a atenção (20,3%), apesar de uma redução de 13,25% de agosto para setembro. Em seguida, vem Botafogo (18,3%), cuja taxa de vacância aumentou 5,17% de um mês para o outro. O Leblon também registra aumento de 8,15% com relação ao mês anterior, chegando a taxa de 14,6%.
“É um número alto, já que o nível considerado adequado para se manter os valores de aluguéis praticados é quando a taxa de vacância fica entre 8 e 10%. Ressaltamos, no entanto, que a demanda por moradia é alta, não faltam pessoas querendo ter suas casas no Rio de Janeiro, em vez de morar com familiares ou amigos, ou morar em cidades mais distantes, na Região Metropolitana. Mas se a renda não acompanha os valores cobrados, temos esse tipo de resultado. Muitas pessoas desistem de viver sozinhas, de casar, e continuam dividindo a moradia com outras”, explica o Gerente Geral de Imóveis, Jean Carvalho, da APSA.
Por conta da demanda em razão da retomada dos níveis de atividade econômica, a trajetória da curva da vacância do Rio de Janeiro havia estabilizado em maio de 2019 e vinha caindo desde novembro do ano passado. O índice na capital foi de 13,5% em fevereiro, 13,6% em março e 14% em abril.
Feito mensalmente pela APSA desde janeiro de 2016, a série histórica deste levantamento havia apresentado picos em setembro de 2017 (15%) e janeiro de 2018 (14,9%).
“Esse é o efeito do empobrecimento com crescimento dos níveis de desemprego. E quando não há inquilino, o prejuízo sobre os proprietários é grande também. Cerca de 76,7% de quem aluga seus imóveis têm apenas uma propriedade e contam com esses recursos para a subsistência mensal”, destaca Jean.
“Desde abril, enfrentamos as dificuldades financeira decorrente da queda de renda dos locatários, o que tem feito com que muitos rescindam seus contratos e devolvam os imóveis. Alguns vão para imóveis mais baratos e outros voltam para residência de parentes. Como temos redução de unidades alugadas na faixa de 37,3%, concluímos que o movimento de volta para casa de familiar ou amigo foi maior”, analisa Jean.
PREÇOS E VELOCIDADE DE LOCAÇÃO
Os valores do aluguel tendem a cair quando o estoque aumenta. Atualmente, imóveis de um quarto ainda mantém aluguéis com tendência de aumento, já que existe menor oferta e maior procura. Mas os valores de aluguel de imóveis de dois quartos ou mais já caem em percentuais diferentes dependendo da tipologia e local. No Méier, por exemplo, com maior oferta, observa-se redução de aproximadamente 14 % nos imóveis de 2 quartos.
Caindo preços, a velocidade com que são alugados tende a aumentar em relação ao que vinha ocorrendo. Na Tijuca, em 2017, no período de janeiro a setembro, imóveis residenciais de 1 a 3 dormitórios levavam em média 108 dias para serem locados. Esse ano, a média é de 75 dias, demonstrando uma eficiência melhor.
“Pode influenciar também para essa redução do tempo em que ficam vagos, o aumento do uso de plataformas digitais de aluguéis, que facilitam o encontro do imóvel e agiliza a finalização dos trâmites necessários. Outro ponto a favor são as facilidades oferecidas por inquilinos, em que muitos adotam descontos especiais nos primeiros meses de aluguel. A redução das taxas de seguro-fiança recentemente anunciadas pelas seguradoras também deve impulsionar o mercado. Estamos otimistas. Achamos que de agora em diante os negócios imobiliários de locação vão voltar aos níveis pré-pandemia com ajustes de preços e facilidades”, finaliza Jean.