A Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, analisou dados de mais de 5 mil usuários do aplicativo entre os meses de janeiro e agosto de 2020, e constatou que os gastos com moradia cresceram nos últimos meses, atingindo em agosto um aumento de 11,19% em comparação com os gastos de janeiro nesta categoria.
Em março, início da quarentena no Brasil, os gastos com aluguel e condomínio tiveram uma queda de 16,57% em comparação com fevereiro. Para o CEO da Mobills, Carlos Terceiro, a queda no mês de março está relacionada com o medo das pessoas diante da incerteza da pandemia. “Muitas pessoas tiveram suas rendas totalmente perdidas ou parcialmente reduzidas. Vimos também uma movimentação, sobretudo dos jovens, que moravam sozinhos e que foram passar os primeiros meses da quarentena com os pais ou amigos próximos”, explica.
Porém com a flexibilização da quarentena que ocorreu gradualmente mês a mês, o gastos com moradia voltaram a crescer após a queda de março. Em junho, os gastos com moradia se estabilizaram em uma média parecida com a apresentada entre janeiro e março, porém em julho, mês em que a flexibilização aumentou na maioria dos estados e muitas empresas voltaram com o trabalho presencial, os gastos com moradia aumentaram 11,53% em relação a junho. Em agosto, os gastos continuaram apresentando um pequeno crescimento de 1,41% em comparação com o mês anterior.
Ticket Médio
Durante os oito meses analisados pela startup o ticket médio em relação aos gastos com moradia não apresentou grande variação.
Em janeiro, a média era de R$ 1.067,75, em março mês da maior queda o ticket médio registrado foi de R$ 1.005,15. Em abril, o ticket médio voltou a crescer e ficou em R$ 1.049,98. Já nos meses de maio, junho e julho a média se manteve parecida com a apresentada em março.
Em agosto, a média de gastos com moradia voltou a crescer, mas ainda se manteve 3,91% menor do que em janeiro, com ticket de R$ 1.025,95.
Condomínios
Dentro dos temas sobre gastos de moradia, estão os condomínios e com eles, as taxas de inadimplências ou ainda, valor do condomínio. Segundo um levantamento realizado pela LAR.app, primeira administradora digital de condomínios, um condomínio mais caro pode reduzir o valor do aluguel.
Por outro lado, uma boa administração de condomínios pode gerar redução de burocracias e do valor das taxas condominiais. Esses ganhos levam à valorização dos ativos, dado que os proprietários dos apartamentos não precisarão mais depreciar o preço dos aluguéis para compensar a mensalidade de condomínio excessivamente altas.
O raciocínio é simples e os ganhos que uma administração bem conduzida podem proporcionar ultrapassam os 10% nas taxas de condomínio. Ou melhor, é preciso pensar que que, se a gestão de condomínio fosse mais eficiente, seria possível economizar o equivalente a mais do que o valor de um boleto mensal. Os recursos economizados podem ainda ser revertidos para o bem-estar dos moradores, por meio de investimentos estruturais, a exemplo da criação de novas áreas comuns de lazer.
Por outro ângulo, a falta de uma gestão profissionalizada e com as falhas decorrentes desse improviso gera o que tratamos como a “conta da ineficiência”, a qual eleva o valor dos condomínios e deprecia o valor dos aluguéis.
Como resultado, a cada R$ 1,00 no valor no aumento do condomínio por unidade (apartamento ou casa) em São Paulo, há uma redução do valor do aluguel entre R$ 1,20 e R$ 3,20, nas residências entre 75 metros e 200 metros quadrados, as mais procuradas.
**A administradora digital LAR.app chegou a esses dados a partir de uma análise de 1.500 anúncios online de aluguéis nos bairros do centro expandido da capital paulista.
Conclusões do levantamento:
• Residência de 200 metros quadrados: para cada R$ 1 de aumento no valor de condomínio (unitário; cota condominial de uma unidade) em uma residência o valor do aluguel anual cai em R$ 3,20. Ou seja, em um aumento de R$ 100 mensais o proprietário perde em média R$ 3.820 anuais enquanto o inquilino continua pagando o mesmo valor.
• Residência de 150 metros quadrados: para cada R$ 1 de aumento no valor de condomínio (unitário; cota condominial de uma unidade) em uma residência o valor do aluguel anual cai em R$ 2,40. Ou seja, em um aumento de R$ 100 mensais o proprietário perde em média R$ 2.865 anuais enquanto o inquilino continua pagando o mesmo valor.
• Residência de 100 metros quadrados: para cada R$ 1 de aumento no valor de condomínio (unitário; cota condominial de uma unidade) em uma residência o valor do aluguel anual cai em R$ 1,60. Ou seja, em um aumento de R$ 100 mensais o proprietário perde em média R$ 1.910 anuais enquanto o inquilino continua pagando o mesmo valor.
• Residência de 75 metros quadrados: para cada R$ 1 de aumento no valor de condomínio (unitário; cota condominial de uma unidade) em uma residência o valor do aluguel anual cai em R$ 1,2. Ou seja, em um aumento de R$ 100 mensais o proprietário perde em média R$ 1.432 anuais enquanto o inquilino continua pagando o mesmo valor.