Procura do exterior por propriedades rurais no Brasil cresce; EUA lidera interesse

Segundo o Chaozão, portal especializado em anúncios de fazendas, sítios e outros, as consultas de estrangeiros e brasileiros que vivem fora do País já respondem por 15% do total

A alta do preço do dólar nos últimos meses, que atingiu o pico de R$ 5,87 no início de novembro, pode ser o principal fator que intensificou a procura de estrangeiros e brasileiros que vivem no exterior por propriedades rurais no país. Um levantamento feito pelo Chaozão, portal especializado exclusivamente em anúncios de fazendas, sítios e chácaras, entre outros, mostrou que nos últimos três meses o volume de consultas feitas fora do Brasil na plataforma cresceu 17%. A procura estrangeira responde por 15% do total registrado pelo Chaozão em 2024, sendo o restante (85%) referente às consultas feitas no Brasil. 

“Há cerca de 5 anos os preços das propriedades rurais mais que dobraram no país, e isso atraiu além dos investidores tradicionais e já experientes do agronegócio. Ou seja, outros perfis, como pessoas que ‘tinham o sonho de criar boi, mas nunca tinham criado’ se aventuraram neste mercado. Nos últimos dois anos, porém, houve uma debandada por razões econômicas e políticas, principalmente dessas pessoas que não eram da área, o que resultou numa grande oferta de terras. Somando isso à desvalorização do real frente ao dólar, nunca houve momento mais propício para adquirir propriedades rurais do que o atual, especialmente para o brasileiro que mora no exterior”, afirma Geórgia Oliveira, CEO do Chaozão. 

Ainda de acordo com o levantamento, os 10 países com maior número de consultas em 2024, em ordem, foram: Estados Unidos (26%), Japão (15%), Reino Unido (12%), Paraguai (11%), Alemanha (8%), França (7%), Espanha (6%), China (6%), Argentina (5%) e Canadá (4%). 

Alysson Pessoa, 34, é brasileiro e reside nos Estados Unidos há 16 anos. Atualmente, ele mora em Tyngsboro, Massachusetts. Segundo ele, desde os 7 anos de idade seu sonho é ser fazendeiro no Brasil e trabalhar com cria, recria e engorda de gado de corte, além da criação de equinos para manejo e prática esportiva de laço. Pessoa adquiriu seu primeiro imóvel rural em 2016: uma fazenda de 65 alqueires no Pará e, há 2 anos, vem economizando para aumentar esse sonho, que ele estima demorar cerca de 5 a 6 anos, dentro do ganho financeiro atual.

“Pretendo comprar uma fazenda de aproximadamente 120 alqueires, para a mesma aptidão, nos estados do Pará e Tocantins. Minha ideia é ter uma nova fazenda na mesma região da minha atual propriedade e, pelo que pesquisei, as terras nesses estados são mais baratas que em Goiás ou Mato Grosso, que seriam as outras opções. Quero aproveitar os períodos de verão por lá (nos Estados Unidos) para trabalhar e, durante o inverno norte-americano, me dedicar às propriedades rurais no Brasil”, conta o brasileiro que trabalha no ramo da construção civil. 

Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), pelo menos 2,7 milhões de hectares do solo nacional estão oficialmente registrados em nome de pessoas ou empresas estrangeiras, o equivalente a todo o território do estado de Alagoas.