Feira Internacional da Construção Civil apresenta cadeira feita de lixo marinho, piso fabricado a partir de restos de chinelos e casa construída com blocos cerâmicos. Evento termina nesta sexta, dia 11, na capital paulista
Com os olhos voltados para o futuro da construção civil, o terceiro dia da FEICON destacou a sustentabilidade como um dos pilares estratégicos para o setor. A feira, que termina nesta sexta-feira, dia 11, no São Paulo Expo, reforça como os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) estão moldando práticas mais responsáveis, inovadoras e conscientes dentro do mercado da construção.
Expositores, especialistas e líderes do setor se reuniram para apresentar soluções práticas e inovações que reduzem impactos ambientais, otimizam recursos e transformam a maneira como se constrói no Brasil. “É possível perceber que sustentabilidade deixou de ser uma tendência para se tornar uma diretriz”, conta Ivan Romão, diretor do evento.
Produtos e tecnologias que priorizam o meio ambiente foram protagonistas
A Tramontina, por exemplo, apresenta uma linha com foco em impacto ambiental reduzido. Entre os produtos, chama a atenção uma cadeira feita a partir de lixo marinho reciclado, pneus de obra feitos com borracha triturada e cordas produzidas 100% com garrafas PET recicladas. Já a indústria Aubicon, a partir de uma parceria com a Havaianas Reciclo, trouxe pisos emborrachados e mantas acústicas fabricados a partir de sobras de chinelos de borracha e pneus reciclados. Os pisos podem ser aplicados em escolas, academias e espaços públicos.
Outra inovação vem da Imprimax, que substitui o papel de parede tradicional por revestimentos adesivos resistentes à água e ao calor. Os produtos são certificados com ISO 14001, além de serem atóxicos e sustentáveis, evidenciando como a comunicação visual também pode contribuir com a agenda verde da construção civil.
Redução de impacto ambiental
No setor de materiais estruturais, os blocos cerâmicos da Green City se destacam por sua contribuição direta à redução da emissão de CO2. Segundo dados da ANICER e do IPT, uma casa do programa Minha Casa Minha Vida construída com blocos de concreto emite cerca de 12 toneladas de CO2, enquanto com blocos cerâmicos essa emissão cai para apenas duas toneladas.
Também preocupado com a preservação de recursos naturais, o Espaço Smart apresenta a construção a seco, técnica que já economizou mais de 200 milhões de litros de água desde 2014. Utilizando perfis de aço galvanizado e dispensando materiais como cimento, areia e tijolos, essa metodologia reduz em 73% as emissões de gás carbono e gera 60% menos resíduos.
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Nos debates e painéis da Feiconference, a sustentabilidade também esteve no centro das discussões e reuniu especialistas que apresentaram temas como produtividade, eficiência, integração de processos e responsabilidade ambiental.
O Estúdio FEICON By Pedreiro Top recebeu os arquitetos Filipe Boni e Sami Meira, especialistas em projetos de construção sustentável, para uma entrevista sobre o tema “Os materiais de construção, transparência e o futuro da construção descarbonizada”.
Para Sami, abordar a descarbonização em uma feira de grande importância para o setor também dá a oportunidade para que as marcas estabeleçam novas relações colaborativas em prol de uma mesma causa. “A meta é criar uma cultura de construção civil mais sustentável, onde todos os elementos contribuam para impactos positivos no canteiro de obras”, frisa.
Em programação paralela no ENIC 100, o fundador e CEO da ENGEMAX, Francisco Monteiro Reis, apresentou os blocos sustentáveis da empresa, feitos com materiais reciclados, como alternativa viável e de impacto social para habitação popular. Após um ano de testes laboratoriais, a solução oferece uma alternativa de baixo custo e alto impacto social, voltada à construção de moradias para famílias de baixa renda.
O evento contou ainda com um painel sobre “COP 30 e os Impactos na Construção: caminhos sustentáveis para o futuro”. Com participação de grandes nomes e especialistas do setor, reforçou a importância de promover iniciativas para acelerar a transformação do setor da construção em direção à sustentabilidade.
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