Setor da Construção Civil no Brasil aposta em ferramentas de eficiência para enfrentar pressão de custos e instabilidade de mercado

Constatação vem de pesquisa realizada pela HR Tech Mereo, feita ao longo de 2022, que mostrou como MRV Engenharia (1º) e Direcional Engenharia (4º), empresas que estão no top 5 do Ranking Nacional 2022 da Construção Imobiliária, lidam com mecanismos estratégicos para enfrentar riscos setoriais

Desde o ano passado, o sinal vermelho está aceso na construção civil, já que o Índice Nacional de Custo da Construção, o INCC, responsável pela inflação oficial da construção civil no Brasil que impacta diretamente no reajuste do valor dos imóveis, em especial na compra de casa na planta, tem sido um dos principais desafios enfrentados pelo mercado imobiliário. Mas há boas notícias: pesquisa da HR tech Mereo mostra que parte das maiores empresas do país têm lançado mão de mecanismos eficientes para lidar com oscilações do setor, caso de MRV Engenharia e Direcional Engenharia. As duas companhias aparecem no top 5 do Ranking Nacional 2022 da Construção Imobiliária, produzido pela revista O Empreiteiro.

Em 2021, o índice fechou em 13,85%, o maior desde 2010. Entre os motivos, os efeitos das medidas de proteção sanitária e a desestabilização das cadeias mundiais de suprimentos para a construção, tornando o custo da construção mais caro. Neste ano, a projeção é que o ano finalize também com um alto índice, podendo ser o segundo maior nos últimos anos analisados – está acumulado em 9,18%, segundo dados de dezembro da Fundação Getulio Vargas (FGV). Quando o INCC está alto, há aumento de custo e redução de vendas e de margem de lucro para as empresas.

Pesquisa da RH tech Mereo, plataforma integrada de gestão de pessoas, junto a 15 empresas da construção civil, cinco delas presentes no top 20 do Ranking Nacional 2022 da Construção Imobiliária, mostra que 43% das companhias apostam em eficiência e os outros 57% se dividem por práticas ESG e metas de crescimento e expansão para enfrentar aumento de custo e instabilidade e riscos do mercado.

O eixo excelência operacional aparece em primeiro. Ele representa 20% e engloba métricas de lançamento de empreendimento, cumprimento de prazo de obra, produtividade durante o período de execução do empreendimento e sob quais condições a construção é entregue. Em segundo lugar, está a rentabilidade, que significa 11% do eixo, e é composta por métricas como margem bruta e líquida. Em terceiro, está a redução de gastos. Ela compõe 11% do eixo e envolve teto de orçamento, redução de despesas e de custos, além de propiciar ganhos financeiros.

“Sabemos que, ao enfrentarem um aumento de custo, com redução de margem, as empresas realizam uma força interna voltada para a excelência operacional, mas deparam com alguns problemas internos, como falta de processos otimizados, desperdício de materiais e despesas fixas muito altas”, avalia Ivan Cruz, cofundador da Mereo, RH tech presente em mais de 40 países e responsável por atender a 10% das 500 maiores empresas do Brasil.

São empresas que também utilizam uma série de competências humanas nos cargos de liderança para alcançar as metas. A mais utilizada é relacionamento e inteligência emocional (14%), seguida de organização e planejamento (12%), passando por atitude de dono (12%), melhoria contínua (12%) e valorização da segurança (12%).

“Para alcançar a eficiência e os resultados esperados, tão importante quanto fazer as adequações operacionais, de processos e/ou estrutura, é o desenvolvimento de competências humanas necessárias para realizá-las. Ao considerarmos as pessoas como protagonistas de resolução de desafios, podemos desenvolvê-las de forma mais eficiente”, avalia Ivan.

Os cargos C-level, ou seja, de alta administração, têm metas principais voltadas especialmente na liderança e gestão de pessoas (13%), relacionamento e inteligência emocional (12%) e organização e planejamento (9%). Já na gerência, o peso dado a cada competência muda: relacionamentos e inteligência emocional (14%), melhoria contínua (10%) e organização e planejamento (10%).

Tendo em vista o cenário desafiador, construtoras têm apostado em uma série de estratégias, desde os canteiros de obras até os cargos mais altos. Entre elas, está investir no desenvolvimento de pessoas, tarefa executada pelo setor de gente e gestão. Exemplo disso é a parceria da Mereo com a MRV, empresa top 1 do ranking, que acontece desde 2016, quando a companhia procurou a HR Tech em busca de uma plataforma de gestão de talentos que assegure o bom desenvolvimento de seus colaboradores a médio e longo prazo.

Só em 2021, 12% das empresas atendidas pela Mereo eram da área da construção civil, o que representou 10% do faturamento total. A plataforma fornece sistema de gestão, contribui para um impacto positivo nos resultados da empresa, oferece a padronização de regras e processos e contribui na agilidade no processo de tomada de decisões e na redução de custos.

“O software Mereo ajuda a MRV a consolidar o sistema de gestão e, consequentemente, na melhoria dos resultados. Padronizando as regras do programa de PLR, economizamos tempo no cálculo do alcance das metas e dos prêmios”, afirma Ricardo Paixão, diretor de Relações com Investidores e Planejamento da MRV Engenharia, empresa que oferece casas e apartamentos em mais de 150 cidades do Brasil.
 

Já a parceira da Mereo com a Direcional Engenharia, quarta colocada no ranking da construção civil, ocorre desde o ano passado. A construtora e incorporadora atua há mais de quatro décadas no segmento de empreendimentos do programa Cassa Verde e Amarela, além de médio padrão. “Quando se trabalha com mais de 6 mil colaboradores, espalhados por 14 Estados, são necessárias ferramentas robustas de gestão de pessoas. A plataforma permite visibilidade no acompanhamento de metas e indicadores fundamentais para o nosso negócio, trazendo governança para nosso modelo de gestão. Além disso, nos permite acompanhar o desempenho e desenvolvimento dos nossos colaboradores, fator fundamental para o engajamento dos nossos talentos”, pontua Valéria Plata, diretora de Desenvolvimento Humano.
 

De acordo com Marconi Rocha, cofundador da Mereo, o processo de gestão de pessoas requer processos cada vez mais automatizados e padronizados e uma cultura de resultados bem sedimentada. “No chamado RH Estratégico, toda cadeia de valor pode ser automatizada, iniciando pelo processo de atração seguindo para contratação, desenvolvimento, engajamento, retenção e sucessão. Exemplo disso é o processo de desenvolvimento das pessoas, no qual a maioria das organizações desenvolve programas de avaliação de competências, que geram uma série de planos de desenvolvimento individual (PDI). Trata-se de um processo fundamental para a empresa e para seus colaboradores, que se torna demasiadamente trabalhoso se executado de forma manual. A automatização por meio de softwares torna muito mais efetivo o processo de desenvolvimento das pessoas”, avalia o executivo.

Perfil das empresas analisadas

15 empresas

6 listas em bolsa de valores

A maior tem mais de 10 mil colaboradores

5 estão no Ranking Nacional 2022 da Construção Imobiliária da revista OP – 2 delas estão entre as 5 maiores

Ranking Nacional 2022 da Construção Imobiliária*

1º MRV Engenharia

2º Cyrela

3º Even

4º Direcional Engenharia

5º Cury

6º Tegra Incorporadora

7º Plano&Plano

8º A. Yoshii Engenharia e Construção

9º Eztec

10º Patrimar Engenharia

11º Gafisa

12º Trisul

13º BRZ Empreendimentos e Construções

14º Moura Dubeux Engenharia

15º Lavvi Empreendimentos

(*) O levantamento, que avalia as maiores empresas de construção e habitação do Brasil, faz parte do Ranking da Engenharia Brasileira 2022, promovido pela revista O Empreiteiro, e tem como base a receita operacional bruta das construtoras imobiliárias