Passados meses desde o início da pandemia da COVID-19, a pesquisa Raio-X FipeZap do 2º trimestre de 2020 oferece dados inéditos a respeito da percepção e do comportamento dos agentes do mercado imobiliário durante esse período de perdas econômicas e incertezas, incluindo informações sobre compras realizadas e intenção de compra; participação de investidores entre os compradores; incidência e percentual de descontos negociados sobre o valor anunciado; percepção e expectativas com respeito ao nível e trajetória dos preços dos imóveis no curto e longo prazos, entre outros. A seguir, são apresentados os destaques desta edição da pesquisa, elaborada a partir da contribuição de 2.909 respondentes entre julho e início de agosto:
– Participação de compradores: a participação de compradores na amostra (respondentes que declararam ter adquirido imóvel nos últimos 12 meses) voltou a crescer, passando de 8% no 1º trimestre para 10% dos respondentes no 2º trimestre. Em relação ao estado ou tipo do imóvel adquirido, a preferência por imóveis usados também se destacou pelo crescimento no último trimestre, respondendo por 68% das compras concretizadas pelos respondentes da amostra – o maior patamar da série histórica da pesquisa. Em termos de objetivos, o interesse na aquisição de imóveis como forma de investimento (seja para valorização e posterior revenda ou para obtenção de renda com aluguel) declinou ligeiramente na comparação com o objetivo moradia, abrangendo 42% dos respondentes que declararam ter adquirido algum imóvel recentemente. Dentre eles, prevaleceu o objetivo de alugar o imóvel para obter renda (68%).
– Intenção de compra: a proporção de respondentes que declarou intenção de adquirir imóveis nos próximos 3 meses apresentou forte alta no 2º trimestre, passando de 36% para 43% do total de respondentes da amostra. Entre eles, cerca de metade se declarou indiferente entre imóveis novos ou usados (51%). Já em termos de objetivo, a maior parte registrou a intenção de utilizar o imóvel para moradia própria (88%). Entre os fatores que podem explicar o aumento na intenção de compra, pode-se destacar a redução das taxas de juros do crédito imobiliário, a expectativa de queda nos preços, o aumento no número de lançamentos, bem como a recuperação da atratividade dos imóveis como alternativa de investimento.
– Descontos nas transações: o percentual de transações com desconto sobre o valor anunciado do imóvel oscilou pouco dos últimos meses, encerrando junho com uma incidência de 71% sobre as transações realizadas nos últimos 12 meses – resultado que mantém o indicador no maior patamar da série histórica. Considerando apenas as transações que envolveram alguma redução no valor anunciado, todavia, o percentual médio de desconto negociado entre as partes interessadas recuou ligeiramente nos últimos meses, encerrando junho em 13%.
– Percepção sobre os preços atuais: ainda repercutindo o quadro de incertezas e perdas econômicas trazidas pela pandemia, a percepção de que os preços estão “altos ou muito altos” recuou em relação ao observado no 1º trimestre do ano (68%), mas ainda foi preponderante entre os respondentes no 2º trimestre de 2020 (60%), equiparando-se ao patamar observado nas pesquisas realizadas entre 2017 e 2018. Em contraste, a proporção de respondentes que considerava os preços “baixos ou muito baixos” foi de 18% na amostra do último trimestre, enquanto os respondentes cuja percepção era de que os preços estavam em nível razoável foi referendada por 30% dos respondentes. Em uma perspectiva mais ampla, comparando-se a última pesquisa com o percepção no 2º trimestre de 2015, ainda é possível destacar uma queda expressiva na percepção de que os preços estão “altos ou muito altos” (de 78% para 60%), em paralelo ao crescimento na participação de respondentes que acreditam que os preços estão em nível razoável (de 15% para 30%); e “baixos ou muito baixos” (de 5% para 18%).
– Expectativa de preço: em relação às apostas e projeções dos agentes para os preços dos imóveis nos próximos 12 meses, os últimos resultados revelam que o período marcado pela chegada da pandemia ao país impactou negativamente as expectativas dos respondentes no 1º trimestre de 2020, levando-os a reverem projeção de ligeira alta no preço dos imóveis consolidada ao final de 2019 (+0,9%) por uma aposta de queda acentuada (-5,6%). Tais projeções, entretanto, foram parcialmente revistas pelos respondentes do 2º trimestre, de modo que a variação esperada do preço dos imóveis para os próximos 12 meses passou de queda nominal de 5,6% para queda nominal de 1,1%