Por Fernando Nekrycz
Vender um imóvel sempre foi uma operação complexa – antes mesmo da crise provocada pela pandemia do coronavírus. O processo pode levar meses e, no fim, o negócio nem ser concretizado. O medo de ter uma casa encalhada fez surgir os iBuyers, uma modalidade do mercado que utiliza soluções tecnológicas para comprar uma propriedade rapidamente mediante análise de diferentes informações para definir o melhor preço. Entretanto, mesmo com a vantagem de conseguir negociar rapidamente, a opção pode não ser benéfica do ponto de vista financeiro.
A expressão iBuyers é uma abreviação para a frase inglesa instant buyers (compradores instantâneos, em tradução livre). De forma resumida, são startups que atuam no mercado imobiliário, utilizando tecnologia e dados para cotar, analisar e comprar imóveis rapidamente de vendedores a fim de revendê-los posteriormente. É um conceito que cresce justamente por ser uma alternativa às pessoas que estão com propriedades “encalhadas”, ou seja, com dificuldade para vender. Cada vez mais consolidado nos Estados Unidos, ele começa a dar os primeiros passos aqui no Brasil.
A questão é que, por trás da facilidade de vender casas rapidamente, algo precisa ser levado em conta pelo usuário: a precificação utilizada por essas plataformas está totalmente correta? A maioria delas desenvolve um sistema próprio para determinar o valor de propriedades a fim de justificar a adequação da oferta. Contudo, antes de atender aos objetivos do proprietário, a prática deve atender ao próprio sistema. Em suma: o valor oferecido está orientado à margem de lucro da empresa e à cobertura dos custos dela.
É basicamente uma troca que o proprietário faz com essas empresas. Pelo “tempo” economizado na hora de vender seu imóvel, ele aceita receber um valor bem menor do que poderia conquistar em outras modalidades de negócio. O que o vendedor precisa entender é que a precificação de uma propriedade precisa abarcar o seu momento e os seus objetivos. Se ele tem pressa para vender, as iBuyers surgem como opção interessante. Mas, se a meta é ter ótimo retorno financeiro ou se não há urgência de fazer negócio, vale a pena esperar, pesquisar e encontrar alternativas a esse modelo de negócio.
Uma possibilidade é contar com o apoio de um consultor ou agente imobiliário. Com experiência e planejamento, esses profissionais podem buscar as melhores oportunidades e encontrar um valor muito mais próximo daquilo que o proprietário imagina e deseja. Isso só é possível porque ele é capaz de levantar todas as nuances em relação ao imóvel e tem autonomia para filtrar ofertas realmente vantajosas. Isso não significa que não precisa ser digital. Pelo contrário, hoje há plataformas tecnológicas que fazem a intermediação da compra e venda de propriedades para garantir a melhor experiência a todos os envolvidos.
É inegável que a tecnologia pode – e deve – ajudar a impulsionar o mercado imobiliário como um todo. A transformação digital também chegou ao setor e, atualmente, comprar e vender imóveis com o apoio de soluções tecnológicas é uma ferramenta importante para quem deseja encontrar boas oportunidades. O problema é que tal vantagem não pode servir de justificativa para obter rendimentos menores. Com planejamento, pesquisa e o apoio das melhores plataformas, a negociação será a melhor possível para todos.
Fernando Nekrycz, CEO da Xaza, plataforma de intermediação imobiliária que facilita a compra e venda de imóveis exclusivos