A tecnologia exige organização e, portanto, uma grande plataforma de integração para alcançar e praticar essa inovação
Os avanços das tecnologias aplicadas na construção civil têm sido grandes aliados no desenvolvimento do setor.
A impressão 3D, também conhecida como manufatura aditiva, é uma das tendências da indústria 4.0 que tem revolucionado a elaboração e a execução de projetos construtivos.
Um dos grandes destaques dessa técnica é a liberdade de fôrmas e formas que tem encantado e inspirado os principais agentes e atores do setor que trabalham incessantemente em um cenário de enorme crescimento populacional e de intensa urbanização, aos quais se somam a preocupação ambiental.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, a impressão 3D é uma das 10 tecnologias disruptivas que vão impactar a ordem social e econômica mundial. Considerada inovadora e revolucionária, esse tipo de construção digital tem o potencial para trazer vantagens como baixo impacto ambiental, maior produtividade pela otimização e aceleração do processo construtivo, alto desempenho e ganhos econômicos, razões pelas quais a tecnologia ganha força e acelera fortemente o mercado mundial.
Apesar da realização de alguns projetos ao redor do mundo e aplicação em uma infinidade de distintos projetos, as pontes têm tido papel de destaque – são as mais testadas -, pela variação de formas e desafios, além de poderem vencer grandes vãos de modo esbelto. Além delas, mobiliários urbanos, torres eólicas e mesmo habitações, entre outros, tem sido testadas com o uso da tecnologia.
No entanto, sua implementação é um desafio tecnológico que depende da integração e organização dos diferentes atores da cadeia da construção e de novos entrantes, sobretudo a mecatrônica. Ou seja, é necessária muita pesquisa que una matéria prima e equipamentos adequados com a manufatura, de modo a garantir o desenvolvimento dessa matriz tecnológica. Afinal de contas estamos falando de uma técnica dentro de todo um ecossistema.
No Brasil, a impressão 3D em concreto ainda está começando e o setor ainda se encontra em ordenação. Há notícias de alguns projetos e a busca de tecnologias que conheçam a nossa realidade. Porém, é importante destacar que o país ainda trilha os primeiros passos, pois é necessário preparar o mercado e a sociedade para alavancar o uso da tecnologia.
“É importante sabermos o que queremos e quando queremos, e assim, criarmos aglutinação. Temos todos os recursos necessários para criar essa infraestrutura e incorporar a tecnologia em nossa linha de produção. As iniciativas exploratórias, já presentes no Brasil, tornam a nossa cadeia forte e completa”, explica o Profº Rafael Pileggi, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
A impressão 3D tem grande potencial de crescimento, já que o país dispõe de matéria prima e outros recursos fundamentais para o processo, além de um papel importante no desenvolvimento da indústria da construção em nível mundial. “Um ecossistema criado com a finalidade de resolver projetos, visando a construção de algo diferenciado. Temos que fazer a impressão 3D de acordo com nossa realidade e a custo Brasil”, afirma o professor.
O projeto hubIC, primeiro espaço cooperativo de inovação e construção digital de base industrial do Brasil, surge como uma alternativa eficiente para impulsionar esse mercado. Resultado de uma parceria entre Universidade de São Paulo (USP) por intermédio da Escola Politécnica (Poli) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a plataforma é uma iniciativa inédita que une o mercado e alavanca o PD&I – Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
Entre as principais ações do hubIC está a inauguração de um laboratório batizado de Plataforma de Construção Digital, onde se possa produzir componentes e edificações, com infraestrutura laboratorial multiuso entre Poli e ABCP para produção e impressão 3D de componentes cimentícios em escala 1:1. Alinhado a pesquisa e produção de elementos, a infraestrutura também estará disponível para a produção de materiais com outras bases.
Em paralelo, o projeto propõe a instalação de um espaço de trabalho compartilhado (coworking), para profissionais focados na elaboração de pesquisa e desenvolvimento de empresas e soluções consideradas promissoras.
“Nossos laboratórios serão de alta qualidade e estarão prontos no final do ano a fim de contribuir e integrar os principais agentes do mercado na busca dessa organização para o setor”, comenta Vanderley John, Coordenador do hubIC por parte da USP. “O objetivo é criar uma infraestrutura, com braços robotizados e equipamentos próprios, em três eixos de atuação: inovação, produtividade e sustentabilidade. Os resultados dessa cadeia integrada vão nos permitir quebrar as barreiras que impedem o desenvolvimento da indústria da construção civil”, conclui John.