Apesar de ampliar o crédito para o consumidor final, medida não deve aliviar a escassez de capital para quem constrói. Incorporadoras precisam buscar alternativas no mercado de capitais
O novo modelo de crédito imobiliário anunciado pelo governo federal promete injetar mais de R$ 100 bilhões no financiamento habitacional e ampliar o acesso à casa própria. Mas, segundo Diego Siqueira, CEO da Trinus, plataforma que combina soluções em tecnologia, capital e governança para o mercado imobiliário, os impactos para as construtoras e incorporadoras devem ser limitados.
“Os bancos e instituições devem seguir com mais foco em financiar o consumidor final. Então, para construtoras e incorporadoras, o crédito deve seguir mais escasso e criterioso. Essa escassez força o mercado a buscar alternativas como o mercado de capitais, que ampliou sua participação de 17% para 36% no mesmo período”, avalia Siqueira.
O executivo lembra que, embora o governo projete o aumento de recursos oriundos da poupança, o cenário histórico mostra o contrário. “De 2020 a 2024, os resgates líquidos da poupança somaram mais de R$ 240 bilhões, reduzindo a oferta de crédito para incorporadoras e concentrando o capital remanescente em financiamentos habitacionais para pessoa física. Essa perspectiva de aumento nos valores depositados tem contrapontos importantes”, explica.
Para ele, o novo ciclo de financiamento para quem constrói deve ser pautado por governança, transparência e dados. “Fundos de investimento, investidores institucionais e plataformas de crédito estruturado buscam segurança e previsibilidade. O maior desafio do desenvolvedor é falar a linguagem do mercado financeiro. Ter balanços auditados, processos sólidos e disciplina financeira deixarão de ser diferenciais e passarão a ser requisitos mínimos”, conclui o CEO da Trinus.
