Mudança nos juros nos EUA e no Brasil vai ditar rumos do mercado imobiliário, diz economista da Nomad no Conecta Imobi

<em>Danilo Igliori economista chefe da Nomad no Conecta Imobi 2024<em>

Uma possível mudança de políticas monetárias na semana que vem tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil pode influenciar os rumos do mercado imobiliário para os próximos meses e anos, afirmou nesta quarta-feira (11) Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad e professor da FEA/USP, no Conecta Imobi 2024, principal ponto de encontro de profissionais do setor imobiliário da América Latina, que chega à 11ª edição.

Um dos fundadores do DataZAP, Igliori falou em sua palestra sobre o aumento recente nos índices de volatilidade e “medo”, tanto em âmbito global quanto no cenário brasileiro.

“Fora da economia, tem duas crises armadas. Uma, de mudanças climáticas, preocupação global com várias repercussões econômicas inclusive inflacionárias, e outra, geopolítica, relacionada aos conflitos bélicos na Europa e às tensões entre EUA e China”, afirmou.

Segundo Igliori, nos EUA as perspectivas são de um “pouso suave”, com a inflação voltando para a meta sem grandes custos em perdas de empregos. “O debate hoje é: será que tem uma recessão embrionária nos EUA? Olhando para os dados, não parece”, afirmou, concluindo que as probabilidades apontam para um início, na semana que vem, de um ciclo de cortes nos juros americanos.

No Brasil, na direção contrária, cresceram as probabilidades de um aumento nos juros na semana que vem, também na quarta-feira – daí a escolha pelo termo “Hiper Quarta”, em vez de “Super Quarta”. O motivo, segundo Igliori, são os problemas fiscais no país.
 

“Quando a taxa de juros cai nos EUA, a gente aumenta o chamado diferencial de juros. Quanto maior o diferencial, maior a atratividade dos ativos brasileiros. Então a queda nos EUA em tese favoreceria o aumento de fluxo de recursos para o Brasil. Porém, estamos em um momento de incerteza muito grande. E incerteza gera fluxos no sentido contrário, para lugares de menor risco, como EUA”, explicou.

Essas questões, afirmou, vão determinar se a melhora recente no mercado imobiliário brasileiro vai se manter nos próximos meses.

“Olhando os números da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), vemos que na pandemia tivemos uma alta histórica no mercado imobiliário. Depois, o mercado desaqueceu, mas saindo de um patamar muito alto. Agora, a pontinha do gráfico começou a apontar para cima de novo. A grande questão é: foi só um soluço, ou estamos engatando em uma nova onda de crescimento? Difícil dizer, afinal, o mercado imobiliário é dependente da macroeconomia, mas se guia pela microeconomia, também. Vamos observar”, completou.