Setor deve ser impactado pelos fatores macroeconômicos e de conjuntura neste ano, mas aproximação com mercado de capitais sinaliza para empresas oportunidades de novos projetos, além da ampliação do crédito para pequenas e médias incorporadoras
O ano de 2025 deve ser de diversificação nas opções de crédito para o mercado imobiliário, incluindo pequenas e médias incorporadoras, que têm hoje mais dificuldade de acessar crédito profissional. Esse cenário se desenha em função da redução constante nos recursos de poupança, que historicamente têm financiado o setor, mas estão cada vez mais escassos. A oportunidade de novas possibilidades de crédito deve vir da aproximação com o mercado de capitais, com a intermediação de startups que usam a tecnologia para criar pontes entre o setor imobiliário e potenciais investidores.
Caio Bonatto, CEO da Makasí, fintech que tem como missão desbloquear o fluxo de capital para o setor da construção por meio de inteligência de dados, aponta que a tecnologia é uma importante aliada para eliminar essa dor, auxiliando o mercado de capitais a se aproximar e financiar a construção civil de forma mais segura. “Assim, as construtoras e incorporadoras conseguem acessar outras alternativas e não dependem de um ou dois bancos apenas. Apesar de 2025 ser um ano de maior cautela no cenário macroeconômico, temos uma demanda enorme por imóveis no Brasil, e um apetite grande do mercado de capitais para participar dessa cadeia. Existem oportunidades para serem aproveitadas” , opina.
O uso desses recursos deve se intensificar em 2025, opina Caio, e é uma boa oportunidade para pequenas construtoras, que, juntamente com os construtores individuais, são responsáveis por 80% de tudo que é construído no Brasil. Ao mesmo tempo que têm esse grande impacto no setor, 80% das incorporadoras do Brasil nunca acessaram financiamento profissional – e nesse dado, se inserem em especial as empresas menores, locais ou com menos tempo de mercado.
Tecnologia amplia capacidade de acompanhar projetos
Quando uma incorporadora busca financiamento, os grandes bancos costumam avaliar a empresa para entender o risco da operação. Nessa lógica, empresas menores, locais e empresas com menos tempo de mercado, ainda que com projetos sólidos, acabam ficando à margem das oportunidades de crédito profissional.
Com o uso da tecnologia, é possível acompanhar um número maior de projetos de perto, de forma facilitada e mais ágil, avaliando o risco daquele empreendimento e dando mais confiabilidade ao processo.
“A tecnologia permite que a gente olhe para um portfólio grande de operações, menores. Dessa forma, se um investidor tem R$ 500 milhões para aportar, podemos destinar esse recursos para 100 obras de R$ 5 milhões, usando recursos tecnológicos para ter um total acompanhamento e controle das etapas do projeto”, aponta.
Dentro da plataforma da Makasí, por exemplo, a construtora consegue comprovar os avanços na obra, verificar o fluxo e fazer a gestão dos recursos, além dos pagamentos de fornecedores, através de uma conta bancária embutida. Já o credor consegue ter, através da plataforma, segurança do uso do recurso, acompanhando todo processo. Com o uso de machine learning e IA, a plataforma consegue precificar as operações e permitir que o investidor faça uma gestão de risco.
Um ano para focar em eficiência
O ano começou com notícias que indicam um momento de maior cautela para as empresas, com economistas projetando aumento do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) em 2025, assim como a projeção para a Selic (taxa básica de juros). Assim, o mercado imobiliário pode ter um 2025 mais cauteloso em termos de crescimento, mas também pode aproveitar esse período para identificar e corrigir pontos que estejam impactando a eficiência da empresa.
Caio, que já acumula mais de 15 anos de experiência no setor de construção, acredita que as empresas, em 2025, devem focar em lançar projetos realmente diferenciados e com grande potencial, e olhar menos para um grande e rápido crescimento e mais para “organizar a casa”, preparando a empresa para as próximas ondas de crescimento. Isso significa melhorar a governança, a gestão financeira, a contabilidade, identificar dores e buscar caminhos de melhoria. Muitas vezes, a tecnologia pode ser esse caminho, mas o CEO da Makasí indica a importância da transformação digital ser feita de forma a realmente trazer mais eficácia.
“É comum o empreendedor adotar uma tecnologia por estar na moda, por estar sendo muito falada e usada, mas ele não avalia se ela realmente soluciona o que a empresa mais precisa, Meu conselho é que sejam identificados os desafios da empresa, os gargalos do negócio, e, a partir disso, buscar tecnologias que possam ajudar na resolução do problema”, ensina.
Para Caio, o mercado de imóveis voltados para a classe média é o que pode ser mais impactado por fatores como inflação, juros e alta do dólar. “O mercado de luxo acaba sendo mais resiliente quando olhamos para fatores macroeconômicos e os empreendimentos voltados para famílias de baixa renda também sofrem menos impacto, pois temos recursos subsidiados e uma demanda muito mais alta”, pontua.
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