Técnica de construção que vem crescendo nos últimos anos é mais barata, sustentável e reduz pela metade o tempo de construção
Quem tem pressa de sair do aluguel ou gerar renda com um imóvel próprio encontra no isopor uma alternativa mais rápida, limpa e econômica para construir. Imóveis feitos com os painéis monolíticos de EPS (poliestireno expandido) ficam prontos na metade do tempo de uma obra de alvenaria convencional. Em tempo de inflação descontrolada, juros altos e disparada no preço dos aluguéis, essa alternativa vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil. “Estamos construindo uma casa de 380 metros. Pelos métodos tradicionais, uma das etapas demoraria seis meses para ficar pronta. Com o uso do EPS, entregaremos em três meses”, explica o engenheiro civil Matheus Moura, da Construtora Vizotto Moura, especializada nessa técnica.
Segundo o especialista, o custo da produção pode ficar em média 10% mais barato, mas a economia continua depois que o imóvel fica pronto. As paredes feitas com isopor oferecem um isolamento térmico que, em ambientes residenciais, geram uma economia de 40% no uso do ar-condicionado. Em prédios comerciais, a redução chega a 70%. “O desperdício de materiais em uma obra convencional chega a 40%. Com os painéis de isopor, não passa de 2%. Além disso, esse tipo de construção consome menos água e ainda permite economizar com a contratação de caçambas e de profissionais para o descarte adequado dos resíduos”, pontua o engenheiro.
Nos últimos anos a técnica vem conquistando espaço maior no mercado brasileiro. “Quando comecei a trabalhar com isopor, em 2019, 15% dos meus clientes utilizavam o método. Hoje, esse percentual chega a 80%”, comenta Moura.
Outro benefício do uso de EPS é o maior isolamento acústico. “Para atingir o mesmo desempenho acústico e térmico que o isopor, uma parede de tijolos precisaria ter pelo menos 1 metro de espessura, o que custaria cinco vezes mais”, completa o engenheiro.
Parede anti-infiltração
Estruturas feitas com o EPS são à prova de infiltrações, mofo e bolor. “O isopor é um material inerte, não absorve a umidade e, por isso, não permite a proliferação de fungos e bactérias. Isso aumenta a durabilidade da obra”, pontua Moura.
Cada painel é composto por uma placa de isopor revestida por malha de aço com espaçamento de 1.5 centímetro entre o metal e a placa. Depois de ser fixado, o painel recebe duas camadas de argamassa, preenchendo o espaço entre o painel e o aço e a segunda fazendo uma camada de mais 2 centímetros, que será o reboco e fará com que a parede se torne estrutural.
Dependendo do método utilizado e da densidade do isopor, a construção pode ser mais resistente que uma parede de alvenaria e suportar até 80 toneladas por metro.
Mercado aquecido
O mercado imobiliário e a construção civil foram dois dos setores que conseguiram manter alta mesmo com a crise econômica provocada pelo coronavírus. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), em 2020 as vendas de unidades residenciais novas cresceram 9,8% no Brasil. Para 2021, a expectativa é fechar o ano em alta. De acordo com o estudo Desempenho Econômico da Indústria da Construção do 2º Trimestre de 2021, realizado pela Cbic, a projeção de crescimento do setor neste ano subiu de 2,5% para 4%.