Os três setores que compõem a cadeia de construção (infraestrutura, infraestrutura de base e construção civil e incorporação imobiliária) devem somar investimentos da ordem de R$ 2,7 trilhões até 2030, é o que aponta o estudo Produtividade e Oportunidades para a Cadeia da Construção Civil elaborado pela Deloitte e divulgado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), nesta quinta-feira (9/2), em São Paulo.
O trabalho prevê que, deste montante, R$ 312,8 bilhões devem vir diretamente das obras de construção e incorporação imobiliária. O levantamento ainda destaca alguns dos principais avanços da cadeia produtiva da incorporação imobiliária e como ela deve se desenvolver nos próximos anos.
Estes novos investimentos serão construídos a partir de uma interface cada vez mais alinhada às novas tecnologias e práticas sustentáveis, com os primeiros reflexos já aparecendo. Atualmente, 38% das empresas do setor da construção e incorporação investem em parcerias com startups e 83% delas têm colaboração com as construtechs. Neste caminho sem volta, as empresas do setor ainda devem aumentar em 10% os investimentos em tecnologia.
Um outro destaque do estudo foi a constatação do aumento da escolaridade dos profissionais da construção civil. Para manter os ganhos de produtividade e estimular novos investimentos, o setor deve adotar cada vez mais métodos e parâmetros ao mensurar seus ganhos de eficiência.
Na avaliação do presidente da ABRAINC, Luiz França, o trabalho desenha ferramentas e parâmetros que vão mensurar ganhos de eficiência e produtividade em projetos do setor. Ele lembra que a incorporação imobiliária e a construção civil envolvem múltiplos processos produtivos e medir a produtividade envolve compreender os fatores que impactam o setor para buscar melhorias, já que este eixo é fundamental para o sucesso dos projetos e investimentos. “O estudo é uma forma de entender mais sobre a produtividade do setor, medir novos indicadores. Trata-se de um trabalho de grande valia para a incorporação imobiliária e a construção civil, pois a troca de informação e o diálogo com todos os elos que nos envolvem são caminhos para aumentar a competitividade e oferecer serviços de qualidade”, afirma.
Ao longo do evento, foram destacados quais devem ser os comportamentos do setor nos ambientes digital e regulatório. O documento ainda agrega dados importantes sobre inovação, qualidade e sustentabilidade dos projetos.
Painéis – Após a abertura, o diretor de pesquisa e inteligência da Deloitte, Giovanni Cordeiro, ponderou que o trabalho permite a previsibilidade do comportamento da cadeia produtiva da construção para os próximos anos, incluindo o montante em investimentos. Ele ainda destacou que o setor caminha cada vez mais na vanguarda tecnológica. “Nos últimos anos, foram registrados grandes avanços no campo tecnológico com a busca de parcerias junto a empresas de tecnologias como startups e construtechs”, destacou.
Após uma análise dos dados da pesquisa para o público, o evento abriu um debate fundamental: como tornar as nossas cidades mais sustentáveis de forma a preservar o ecossistema ambiental e melhorar o bem-estar humano. Isto significa pensar sobre a construção das nossas cidades e como a mobilidade deve ser organizada em ambiente urbano. Na oportunidade, o líder de Infraestrutura, Governo e Serviços Públicos da Deloitte, Elias de Souza, e a Coordenadora do Centro de Excelência de Infraestrutura e Projetos de Capital da Deloitte, Danielle Avila, discorreram sobre cidades sustentáveis e resilientes.
A dupla destacou que a pandemia da Covid-19 impôs uma série de desafios aos municípios brasileiros e que eles não podem ser solucionados apenas com adjetivos como “cidade do futuro”. Souza, inclusive, reforçou alguns dos obstáculos: “Temos três matrizes para olhar na cidade: econômica, social e ambiental. Acordamos com a pandemia para ver que temos um problema de urbanização, porque a população está vindo cada vez mais para a cidade e precisamos estar preparados para isto”, afirmou.
Ao fim do evento, as novas tendências do mercado de Real Estate no Brasil foram apresentadas por Claudia Baggio e Rafael Camargo, respectivamente sócia e diretor de soluções em Real Estate, da Deloitte.
Na oportunidade, eles detalharam como incorporadoras e construtoras podem atender às necessidades evolutivas dos investidores e futuros moradores, priorizando as questões ambientais, sociais e de governança (ESG) e às exigências regulatórias e mudanças recentes do comportamento de novos consumidores. “Com relação a moradia ainda é forte o desejo do jovem. Mas, hoje, o que ele busca é ter independência financeira e profissional antes da aquisição do seu primeiro imóvel. Isto quer dizer que a decisão vai ser um pouco mais tardia para estas novas gerações, o que faz com que sigam alugando um imóvel, e tende a criar um novo mercado. Ou seja: há um espaço gigantesco para empreendedores imobiliários criarem grandes espaços para locações”, finalizou.