Por Agostinho Celso Pascalicchio, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Um perfil do segmento da Construção Civil apresentou, principalmente a partir do segundo semestre do ano passado, um bom desempenho. Houve redução na quantidade das residências em oferta, aumento nas vendas de imóveis e dos insumos do setor. Entretanto, ao final do ano de 2020 e neste começo de ano, apresentou uma paradoxal queda na confiança e nas expectativas dos empresários nesta atividade.
O ano passado mostrou aumento nas vendas de unidades residenciais, incluindo as do programa Casa Verde Amarela (antigo programa “Minha Casa Minha Vida”). Apresentou também aumento nos financiamentos e nas operações de crédito do sistema financeiro. Estas operações foram beneficiadas pelas baixas taxas de juros. O ano de 2020, principalmente a partir do segundo semestre do ano, proporcionou a esta indústria uma boa performance. O consumo de cimento e de aço laminado foram fortes. Os preços dos produtos e insumos do setor também se elevaram. O índice Nacional da Construção Civil (INCC-DI/FGV), se mostrou em alta. O preço do cimento também apresentou uma forte elevação. O CUB (Custo Unitário Básico) que determina o custo global da obra, obtido através de pesquisa junto aos compradores, que no caso são as construtoras, também se elevou.
Entretanto, a divulgação do Índice de Confiança da Construção Civil e de Expectativas para Construção Civil, pela FGV/IBRE, mostram um paradoxo. Um enfraquecimento na confiança e uma diminuição pelo terceiro mês consecutivo nas expectativas dos empresários deste segmento, em contraste com o bom desempenho observado no segundo semestre de 2020 por esta indústria.
É possível que estes índices estejam refletindo as incertezas do cenário brasileiro quanto às expectativas de rendimentos da população, incertezas quanto às reformas econômicas e quanto ao combate à pandemia. Dentro destes aspectos, como mencionado pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, a vacinação em massa é “fator crítico” para a recuperação da economia. O setor de Construção Civil é gerador e multiplicador de empregos e o rápido cuidado com as pessoas é fundamental para garantir a boa performance a este segmento e reverter as expectativas negativas dos empresários.
Agostinho Celso Pascalicchio, doutor em Ciências; mestre em Teoria Econômica pela University of Illinois at Urbana-Champaingn/USA. Bacharel em Ciências Econômicas (FEA-USP) e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie nas áreas de economia, economia da energia e engenharia econômica/finanças.