Estudo inédito encomendado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) à Ecconit Consultoria Econômica, mostra que o déficit habitacional do Sudeste é o maior do país. A região sofre com a falta de 1.418.352 residências para atender a população. O Sudeste é a segunda região do país com maior deficiência de imóveis para atender a demanda reprimida, atrás do Nordeste, quando se observa o déficit reprimido (sem contar o ônus excessivo com aluguel).
Mas assume a liderança do ranking quando o gasto excessivo com aluguel (mais de 30% da renda da família) forma o déficit ampliado: 1.726.242 moradias estão na categoria do ônus, elevando o total do residências faltantes para 3.144.594 unidades. Desse total, 97% é de moradias faltantes para a população com renda de até 5 salários mínimos (totalizando 3.056.209 unidades habitacionais).
O presidente da Abrainc, Luiz Antonio França, observa que o déficit seria maior se o Sudeste não o tivesse reduzido em 888.621 unidades entre 2004 e 2019. “Ao longo de 15 anos, o país reduziu o déficit em mais de 2 milhões de moradias. A redução reflete as políticas públicas de habitação para a população de baixa renda adotadas pelo Estado. É preciso reforçar e ampliar essas políticas para zerar o déficit habitacional brasileiro, bem como focar na redução dos juros do financiamento imobiliário para permitir que os mais pobres realizem o sonho da casa própria”, afirma.
França pondera, contudo, que o aumento do comprometimento da renda com aluguel fez o déficit ampliado nacional subir em 1,8 milhão de moradias entre 2004 e 2019, resultando em um saldo positivo global de apenas 193 mil unidades. A maior fatia do crescimento com o ônus ocorreu no Sudeste (43%), movimento iniciado a partir da crise econômica de 2014.
O estudo foi elaborado com base em dados do IBGE reunidos e analisados pela equipe da Ecconit, que é formadas pelos economistas Robson Gonçalves, Marco Capraro Brancher e Ana Maria Castelo.
Ranking nacional
Em 2019, a dimensão absoluta do déficit alcançou 7,797 milhões de unidades. Isso corresponde a 9,6% do total de domicílios existentes no país no ano. Desse universo, 3.345.809 unidades compõem o chamado ônus excessivo com aluguel.
O ônus excessivo saltou de 18,9% do total do déficit em 2004 para 42,9%, em 2019, puxado pela perda de renda pelo brasileiro – especialmente a partir de 2014.
O Sudeste é a região com maior peso do aluguel na composição do déficit (1.726.242 moradias na categoria). Seguida pelo Nordeste (748.429), Sul (403.458), Centro-Oeste (305.562) e o Norte (162.118).
Ranking estadual
O estado de São Paulo lidera o déficit de habitação tanto na região Sudeste como no país como um todo. Faltam 1.758.158 moradias para os paulistas, sendo que 97,7% se concentra em famílias com renda mensal de até 5 salários mínimos.
O Rio de Janeiro é o segundo no ranking regional, com déficit total de 588.562 moradias. Na região, o estado fluminense apresenta a maior proporção na faixa de renda familiar de até 5 salários: 99,5% do total do déficit está concentrado nesse extrato econômico.
Minas Gerais tem déficit de 354.992 morarias em todo o estado. Entre os mineiros, 99,43% desse universo de excluídos a casa própria têm renda familiar de até 5 salários mínimos.
Já no Espírito Santo, o contingente de moradias em déficit é de 116.510. Os capixabas com renda familiar de até 5 salários mínimos representam 98,9% do déficit estadual.
Veja o ranking completo do ranking do déficit habitacional do Sudeste por faixa de renda:
Fonte: Abrainc-Ecconit
Demanda futura
O estudo da Abrainc-Ecconit faz uma projeção sobre a formação de novas famílias – incluindo “famílias unitárias”, representada pela crescente parcela de brasileiros vivendo sozinhos. Entre 2020 e 2030, calcula-se que 11,4 milhões de famílias surgirão.
Se cada uma delas demandar um imóvel está será a demanda por moradias em todo o país. Familiar com renda de até 5 salários mínimos deve responder por 81% das que precisarão de uma nova residência até 2030.
O Sudeste deve demandar 38,1% das moradias necessárias para atender novas famílias, totalizando 4,35 milhões de unidades na próxima década. Em seguida, o Nordeste deve demandar 28,5% novas residências, o que presenta demanda por 3,252 milhões de unidades.
São Paulo deve ser o estado com maior demanda: 2.294 milhões (20,1% do total nacional). Seguido por Minas Gerais (998 mil moradias ou 8,7% do total do nacional), Rio de Janeiro (817 mil e 7,2%, respectivamente) e Espírito Santo (242 mil e 2,1%, respectivamente).