Por Roberto Sampaio
O home equity é uma linha de crédito acessível que permite gerar liquidez com bens imóveis, além de ser muito utilizado pelo tomador do empréstimo como uma opção de substituição de dívidas mais caras, capital de giro, reformas, entre outros. A taxa chegou, inclusive, a ser praticada em 11% ao ano (redução acentuada nos últimos meses, reforçada pelos sucessivos cortes da SELIC).
Diante da atual mudança do cenário mundial – impactado pelo COVID-19 – ainda não é possível precisar as possíveis consequências comportamentais e econômicas. No entanto, por conta da garantia real do imóvel, as taxas dessa modalidade devem continuar as mais baixas do mercado, possivelmente com alguns ajustes.
A modalidade vem sendo, cada vez mais, estimulada pelo Banco Central (BACEN). Em agosto de 2019, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, anunciou que o home equity injetaria o montante de R﹩ 500 bilhões no mercado, podendo chegar a 20% do PIB. Nesse sentido, fica claro que o BACEN enxerga o mercado imobiliário como um dos protagonistas no processo de crescimento econômico brasileiro e não mede esforços para fomentá-lo.
Sabe-se que, no Brasil, existe um subaproveitamento significativo de imóveis como fonte de acesso ao crédito. Só para ter uma ideia, nos dois últimos anos, o volume de empréstimos via home equity passou de R﹩ 2,064 bilhões (2018) para R﹩ 3,017 bilhões (2019) – aumento de 46%, segundo informações da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Atualmente, o valor de mercado total de unidades residenciais nas 27 capitais soma-se R﹩ 12 trilhões, sendo 96% quitadas, o que revela espaço para usar parte desse patrimônio para obtenção de crédito. Em contrapartida, o crédito imobiliário representa um saldo de R﹩ 670 bilhões, indicando que ainda há um longo e crescente caminho a ser desenvolvido.
Diante de um cenário mundial instável, principalmente por conta dos impactos decorrentes do COVID-19, é difícil precisar o crescimento exato do home equity no Brasil. No entanto, entendemos que o risco mudou e existe – num futuro próximo – a probabilidade de aumento de solicitações para essa modalidade de financiamento, até pela facilidade e garantias já mencionadas. Vamos continuar acompanhando o desenvolvimento do mercado e os novos direcionamentos adotados pelos órgãos governamentais.
Roberto Sampaio, engenheiro civil (Poli-USP), mestre em Habitação (IPT-SP), membro do Comitê de Mercado de Real Estate da EPUSP e CEO da Empírica Real Estate.