Por Eduardo Tardelli
No fim de 2019, a startup de aluguel de imóveis QuintoAndar chegou ao valor de mercado avaliado em US﹩1 bilhão, recebendo o título de unicórnio. Também começamos 2020 com outro unicórnio brasileiro, também do setor imobiliário, a Loft, de compra e venda de apartamentos. Isso mostra uma reviravolta (ou seria reaquecimento) do setor que teve seu boom há cerca de 10 anos, em meados dos anos 2008, seguida por queda brusca do faturamento do setor nos últimos anos.
Segundo projeções do Banco Central, para este ano, as perspectivas são de crescimento de investimentos no Brasil de 4,1%, puxados pelo maior número de vendas no setor imobiliário. O momento, portanto, deve ser aproveitamento das tradicionais imobiliárias, construtoras e, claro, startups para lançamentos de novos negócios, serviços e produtos.
Porém, é imprescindível também ter em mente a importância da adoção e práticas de compliance nas negociações, que fazem total sentido diante das exigências que envolvem as operações brasileiras e que trazem inúmeras responsabilidades referentes a sanções penais e riscos aos envolvidos. A prática garante o cumprimento das leis vigentes e minimiza as possibilidades de erros, desvios de conduta e fraudes, ainda mais nesse setor que costuma movimentar grandes quantias.
Há inúmeros exemplos de transgressões no setor, como transações de imóveis em situação irregular que são repassadas sem as documentações corretas, lavagem de dinheiro, ocultação de exigências legais não cumpridas, não quitação do financiamento ou parcelamento, o que, em regra, impede a transferência do imóvel via compra ou venda, dívidas tributárias que recaem sobre o bem e possíveis pendências ambienteis ocultas em imóveis rurais, entre outros.
Por isso, todo cuidado é pouco e, nesse sentido, o due diligence serve para investigar, de maneira completa, os termos de negócio, imóveis e perfil do proprietário. Por meio da prática, é possível ainda detectar eventuais fatores de risco ou algum tipo de conflito na compra. Em paralelo, a checagem de terceiros evita inadimplentes em um negócio, criando, previamente, um perfil do cliente e uma percepção da sua capacidade de pagamento ou possibilidade de riscos, envolvendo corrupção e lavagem de dinheiro.
Sem dúvidas, o big data e as ferramentas de buscas de dados públicos, também das startups, estão aí para facilitar a vida do negociante e, porque não, aumentar as negociações e o aquecimento do setor. Aproveitar dessa agilidade é mais do que necessário, é econômico!
Eduardo Tardelli, CEO da upLexis