Estudo da Deloitte, em parceria com a Abrainc, revela aumento na busca por flexibilidade e valorização do espaço urbano na hora da compra de imóveis

Os hábitos de consumo vêm se transformando, em adaptação aos novos rumos da tecnologia, da economia e das mudanças de gerações. Nesse contexto, o setor imobiliário brasileiro foi um dos que mais sentiu essa mudança, e já começa a enxergar a necessidade de oferecer soluções adaptáveis para as necessidades de uma sociedade mais plural e dinâmica.


Realizado pela Deloitte em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o levantamento inédito “Comportamento do Consumidor Imobiliário para 2040” busca entender e retratar esse cenário a fim de desenhar estratégias para que as empresas do setor naveguem rumo a esse futuro que se torna cada vez mais próximo. O estudo analisa dados oficiais e de mercado, que foram combinados a pesquisas de comportamento e consumo nacionais e internacionais e também a entrevistas quantitativas com 1.313 respondentes das gerações Baby Boomers, X e Millennials (ou geração Y).

Flexibilidade é a palavra de ordem. Uma oferta diversificada visa atender o crescimento da demanda pela incorporação da tecnologia no imóvel e das novas configurações familiares. O crescimento do aluguel e de soluções de compartilhamento, tendências também identificadas pelo estudo, são respostas à valorização do espaço urbano. “Os consumidores imobiliários apresentam uma diversidade em seus interesses, comportamentos e expectativas, que variam de acordo com o seu momento de vida.

Entre as grandes tendências que pudemos mapear está a diversificação dos imóveis para atender a famílias com configurações dinâmicas e plurais. Além disso, constatamos que elementos já prioritários na escolha de um imóvel, como segurança, privacidade e espaço devem se manter relevantes até 2040, contudo, adaptados às restrições financeiras e características comportamentais das novas gerações”, avalia Giovanni Cordeiro, economista-chefe e líder de pesquisas da Deloitte.

A demanda por segurança e boa localização também é prioridade na hora da escolha de um imóvel para as novas gerações. Locais próximos a hospitais e comércios, além de facilidade na mobilidade, como acesso ao transporte público, são as principais escolhas.

Espaço urbano valorizado

Em qualquer cidade grande, nas regiões onde há uma alta na concentração de pessoas, o valor do metro quadrado sobe. Segundo o presidente da Abrainc, Luiz França, por esse motivo, as pessoas preferem morar em apartamentos menores, mas em regiões com maior infraestrutura e que demandem menos tempo de deslocamento. “Temos que nos adaptar aos novos hábitos das pessoas. Muita gente está optando por morar perto do trabalho, em regiões mais nobres, o que faz com que optem por locais menores, que caibam no bolso”, afirma França. Assim, o estudo observa que o compartilhamento de serviços e áreas comuns tende a ganhar escala, como forma de reduzir os custos para o consumidor.


Consumidores em 2040

Segundo a pesquisa realizada com 1.313 consumidores de imóveis, mais de 50% dos entrevistados poderão, em 2040, abrir mão do corretor e do consultor no processo de compra dos imóveis. No contexto da economia digital, os sites e plataformas digitais deverão oferecer ao consumidor possibilidade maior de informações, além de facilitar comparações entre as escolhas, como vídeos do imóvel, do condomínio e da região, bem como indicadores sociais, como o de violência, e oferta de serviços, como hospitais e escolas próximos ao imóvel.

Caso tivessem acesso a uma plataforma online que disponibilizasse, de forma abrangente, todos esses indicadores sobre o imóvel, 44% dos entrevistados comprariam um imóvel por meio de um processo 100% online.

Metodologia da pesquisa

O estudo foi dividido em duas partes. A primeira compreende a análise de dados e criação do cenário 2040, na qual foram traçados cenários a partir da análise de fatores econômicos, comportamentais e sociodemográficos obtidos em fontes de informações acadêmicas, públicas e oficiais. Esses cenários foram selecionados por meio do método de análise morfológica “Field Anomaly Relaxation”, que prevê a visão de contextos de futuro e a eliminação de fatores ilógicos ou incoerentes para a formação de cenários completos.

Os fatores de análise utilizados para a criação de cenários foram: envelhecimento da população, características das famílias, diferenças entre as gerações, preferência e comportamento do consumidor, condições econômicas e de mercado, crescimento dos centros urbanos, amadurecimento da tecnologia digital e características da construção civil brasileira.


Traçado o cenário para o ambiente do mercado como um todo, e para o setor da construção civil em particular, foram então identificados os grandes fatores que poderão definir o modelo de compra e locação de imóveis no Brasil. Essas tendências, muitas vezes interconectadas, foram compreendidas à luz dos aspectos geracionais, comportamentais e socioeconômicos que se desenham para as próximas décadas. Para complementar as variáveis de preferência e comportamento do consumidor, foi realizado um levantamento inédito com 1.313 pessoas por meio um questionário eletrônico durante o mês de junho de 2019.