IA na construção civil: tecnologias inteligentes otimizam obras e impactam a experiência do comprador

Por décadas, a compra de um imóvel na planta realizou um exercício de imaginação por parte do consumidor imobiliário, que tinha, como único recurso de visualização do imóvel, a planta baixa convencional – aquele desenho em escala do apartamento visto de cima. Com o aperfeiçoamento dos softwares de renderização arquitetônica , hoje é possível “transportar” o comprador para dentro do projeto e fazer, com ele, um passeio virtual que mostra imagens com altíssimo nível de precisão, que simulam, com fidelidade, o resultado final da obra.

De acordo com o diretor de Incorporações da ALTMA , Patrick Vieira , as ferramentas disponíveis atualmente mostram esses detalhes, que a sensação do comprador é de efeito caminhar por áreas internas e externas do empreendimento ainda não construído. A tendência, segundo ele, é que a experiência do consumidor final seja ainda mais aprimorada, com o uso da inteligência artificial. “ O tour virtual se tornou uma interação interativa, que dá a impressão de estar presencialmente em cada cômodo. A tecnologia utiliza modelos 3D, que produzem imagens 360° de alta qualidade. Mas a renderização por IA, embora incipiente no Brasil, deve acelerar a criação e geração de animações fotorrealistas, o que deve resultar em mais um salto na qualidade da experiência da visita simulada ”, avalia.

Segundo Vieira, as ferramentas baseadas em inteligência artificial têm sido testadas nos processos de renderização e geração de imagens via prompt , mas, por ora, são soluções que estão em seus projetos iniciais de aplicação profissional no setor. “ Mas, em um futuro próximo, imaginamos que o IA seja usado para simular variações de design e arquitetura em tempo real, fácil de explorar e com feedback visual instantâneo, que virá acompanhado das soluções construtivas para cada variação do projeto ”, completa.

Além do tour virtual com renderizações ultrarrealistas, a inovação tecnológica na construção civil tem impactado certamente a experiência do consumidor final também no período entre a compra e a entrega do imóvel. Com o uso de drones , robôs de inspeção e plataformas de integração de projetos, que são atualizados no decorrer da construção, os compradores são informados sobre o avanço da obra, com dados que incluem até o mesmo percentual de execução de cada etapa, como escavação, fundação, estrutura, alvenaria, hidráulica, elétrica e acabamento.

Modelagens e simulações: menos custos, mais sustentabilidade

Outra solução tecnológica cada vez mais utilizada na construção civil é a plataforma BIM ou Modelagem da Informação da Construção , que parte de modelos tridimensionais inteligentes para a compatibilização de projetos. Essa ferramenta permite a integração de diversas disciplinas da obra – como arquitetura, hidráulica, elétrica e gás – em um único ambiente digital, favorecendo a gestão colaborativa desde as etapas iniciais do projeto.

Segundo o engenheiro civil, sócio e diretor-executivo da ALTMA, Gabriel Falavina , essas novas tecnologias representam uma mudança estrutural no modelo de incorporação imobiliária. “ Estamos falando de uma transformação que envolve eficiência energética, redução de custos e desperdício de materiais, segurança nas obras, melhor comunicação com o cliente e um produto final mais ajustado às demandas reais do usuário ”, destaca.

Com foco em eficiência e conforto térmico e acústico, os softwares de simulação computacional também ganham destaque na construção civil brasileira. Utilizados para prever incidência solar, fluxos de ventilação, desempenho térmico e lumínico, esses programas fornecem uma análise do projeto que permite tomadas de decisão que melhoram o desempenho ambiental das edificações.

A metodologia foi aplicada, recentemente, no residencial da incorporadora MYTÁ, em construção no bairro Bigorrilho, em Curitiba (PR). Os estudos da consultoria paranaense focados em soluções em eficiência e sustentabilidade na construção civil, Bloco Base , foram determinantes para o projeto do empreendimento, que tem como marca a sustentabilidade aliada ao bem-estar no ambiente urbano.

De acordo com o engenheiro mecânico e Consultor de Conforto Ambiental, Matheus Sanches , foram utilizados softwares de simulação para entender o comportamento térmico e lumínico de cada ambiente do edifício, em cada hora do dia e época do ano, permitindo a personalização e eficiência no uso de recursos. “ Iniciamos o trabalho com estudos aprofundados, a partir de matemática computacional, para analisar os dados de desempenho, como insolação, direção prioritária de ventilação e temperatura em cada hora e dia do ano. A partir de processos integrativos, simulamos os resultados do uso de diferentes materiais construtivos. Considerando o projeto de inovação original, apresentado como sugestões para o melhor conforto passivo, ou seja, que demanda menos o uso de climatizadores e iluminação artificial ”, explica.

O empreendimento terá todas as unidades com face Norte, vista para um bosque plantado, ventilação cruzada, placas fotovoltaicas, sistema de reutilização de água e irrigação automática das floreiras e recirculação da água quente, entre outros itens de sustentabilidade. ” Determinamos, desde o início, as metas de sustentabilidade do MYTÁ, com foco na redução do consumo de água, aproveitamento de recursos naturais, qualidade do ar e preparo para geração de energia renovável. Também atuamos diretamente no canteiro de obras, com diretrizes de gestão de resíduos e proteção ambiental “, detalha o consultor de Sustentabilidade do Bloco Base, Iago de Oliveira.

A intenção da ALTMA é alcançar a dupla certificação GBC Life e GBC Condomínio Nível Platina, a maior do Green Building Council Brasil.