Mercado Imobiliário em Minas Gerais: Aluguel Cresce 137% e torna alternativa essencial de moradia

O mercado de locação de imóveis em Minas Gerais passou por uma transformação expressiva nas últimas duas décadas. De acordo com o Censo 2022, o estado já conta com quase 1,7 milhão de domicílios alugados, o que representa 10,51% do total de imóveis alugados no Brasil. Esse crescimento acelerado reflete uma mudança estrutural no acesso à moradia e no comportamento do mercado imobiliário.

As cidades mineiras com maior volume de imóveis para locação são Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem, Juiz de Fora e Uberaba. Belo Horizonte lidera a expansão, com 25,55% dos domicílios ocupados por aluguel, um aumento expressivo de 41,50% desde 2000. Contagem e Uberaba também registraram forte crescimento, com altas de 39,71% e 25,96%, respectivamente. O levantamento mostra que 99% dos 852 municípios mineiros registraram aumento na quantidade de imóveis alugados entre 2000 e 2022, evidenciando uma forte tendência de crescimento no setor.

O total de domicílios no estado aumentou 64,86% no período, atingindo 9,5 milhões de unidades. No entanto, a expansão dos domicílios alugados foi ainda mais expressiva: 137% de crescimento, reforçando a locação como uma solução habitacional cada vez mais relevante. Esse movimento acompanha o cenário nacional, onde a locação de imóveis cresceu 151% entre 2000 e 2022.

Crescimento desacelera, mas locação segue acima da expansão dos domicílios

Apesar da contínua expansão, os dados do Censo indicam uma desaceleração no ritmo de crescimento do aluguel. De 2000 a 2010, a taxa média composta de crescimento anual (CAGR) dos imóveis alugados foi de 5,07% ao ano. Já entre 2010 e 2022, essa taxa caiu para 3,63% ao ano. Mesmo com essa redução, o crescimento do aluguel continua superando o aumento do número total de domicílios, reforçando a locação como um fator estruturante do mercado imobiliário.

O perfil do mercado de locação em Minas Gerais

A análise do perfil dos imóveis alugados em Minas Gerais revela que 96,91% dos domicílios alugados possuem até 9 cômodos. Além disso, mais da metade das locações (54,37%) são de imóveis com até cinco cômodos, evidenciando a predominância de unidades menores no mercado de aluguel.

O Censo 2022 ainda não detalha o rendimento médio dos domicílios alugados, mas, segundo os dados do Censo 2010, a renda média dos lares alugados em Minas Gerais era de 2,75 salários mínimos, o equivalente a R$ 1.400,00 em valores nominais à época. 

Caio Belazzi, CEO da Apop, fintech que promove acesso à moradia, e atua como agente financeiro da transação do aluguel, permitindo que as imobiliárias parceiras ofereçam a locadores e locatários a possibilidade de alugar sem fiador, com segurança e praticidade. Comenta os dados no segmento.

“É importante destacar que a metodologia do Censo tende a subestimar a renda domiciliar. Para um panorama mais atual e preciso, os dados da PNAD Contínua Trimestral são a principal referência. No 4º trimestre de 2024, a renda nominal média per capita em Minas Gerais ficou em 2,54 salários mínimos”, disse. 

Mercado imobiliário e oportunidades para imobiliarias

Apesar do crescimento do mercado de locação, boa parte dos contratos ainda ocorre de maneira informal, principalmente nos imóveis de menor valor. Esse fator abre uma grande oportunidade para as imobiliárias, que podem expandir sua atuação no segmento econômico – o principal responsável pelo crescimento das locações no Brasil.

Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2018 mostram que 77% das famílias que tiveram despesas com aluguel estavam na faixa de renda familiar de até 6 salários mínimos. Esse dado reforça que o mercado de locação é predominantemente voltado para o segmento econômico, uma fatia ainda pouco explorada por muitas imobiliárias.

Caio fala qual ponto é importante observar nesse contexto. “As imobiliárias que desejam crescer sua carteira de locação devem olhar com atenção para esse segmento, que concentra o maior volume de locações no país. Com estratégias adequadas e ferramentas especializadas, as empresas do setor podem ampliar suas operações, otimizar seus processos e aumentar suas margens de lucro”, pontua.

“Além disso, as imobiliárias que enxergarem o valor no econômico estarão contribuindo para fornecer melhores imóveis para as famílias de renda popular, permitindo que o aluguel funcione como uma das soluções possíveis para combater o déficit habitacional no Brasil”, finaliza.

*O levantamento foi feito pela Alpop e pelo Selfie com o Mercado