IA e Locação: as apostas para o mercado imobiliário em 2025

Por Julio Viana, cofundador e CEO da Plaza

O mercado imobiliário brasileiro deve atravessar um momento de transição. Após um 2024 de resultados expressivos –  como o aumento de 33% nas vendas e 47% nos lançamentos de unidades residenciais na capital paulista, segundo o Secovi-SP — a virada do ano traz desafios e oportunidades para investidores, construtoras e consumidores.

No cenário econômico atual, marcado por altas taxas de juros e uma inflação que corrói o poder de compra, a demanda por financiamentos imobiliários deve ser drasticamente reduzida. Até porque, a expectativa é que ocorra um aumento das parcelas em relação à renda média da população, fazendo com que muitos pensem duas vezes antes de adquirir um imóveis. Além disso, o aumento dos custos de construção, impulsionado pela valorização do dólar — responsável por cerca de 20% dos insumos do setor —, agrava o cenário.

Menos lançamentos, mais Minha Casa, Minha Vida

Este contexto tende a frear os novos lançamentos, afetando principalmente o mercado de média e alta renda. Por outro lado, o segmento de baixa renda deve manter uma performance positiva, sustentado pelo programa Minha Casa Minha Vida, que continua sendo um motor de crescimento para o setor. A estimativa é que o programa alcance 2,3 milhões de unidades até o final de 2026, desempenhando um papel social fundamental ao promover o acesso à moradia.

Além disso, mesmo com as dificuldades esperadas nas compras, isso não significa um setor imobiliário menos aquecido. Apenas os nichos devem se alterar. A área de locação, por exemplo, ganha destaque, com a expectativa de crescimento impulsionada por um maior número de pessoas optando por alugar em vez de comprar.

Entre os jovens de 25 a 39 anos, a locação se consolida como uma tendência crescente. De acordo com uma pesquisa da Agência Today, 80% desse público prefere alugar, motivado pela flexibilidade e pela ausência de compromissos financeiros de longo prazo. O trabalho remoto também contribui para essa mudança, ampliando a necessidade por soluções residenciais adaptáveis.

Locação em alta

Não à toa, investidores encontram nas locações uma oportunidade atrativa de investimento. A combinação de alta demanda por aluguéis e a valorização dos imóveis cria um cenário propício para aplicações que aproveitam um mercado em transformação. Além disso, a integração de tecnologias de inteligência artificial (IA) é um diferencial que promete otimizar a gestão desses ativos, tornando o processo mais eficiente e fácil para o proprietário, inquilino e imobiliária.

O avanço da tecnologia, aliás, merece uma atenção especial. A expectativa é de que o desenvolvimento e maior adesão de ferramentas deva seguir representando evoluções para o setor em 2025. O recurso que lidera esse movimento é a IA, que cada vez mais assume um papel central na desburocratização de processos como a coleta e análise de documentação para locações, vendas e financiamentos. Para este ano, a expectativa ainda é de que a experiência para adquirir ou alugar um imóvel se torne mais ágil e eficiente, desde o contato inicial para as tratativas até o momento da entrega da chave, também graças ao auxílio das soluções.

Em resumo, o mercado imobiliário em 2025 apresenta um panorama desafiador, mas também cheio de possibilidades. Enquanto as dificuldades econômicas exigem adaptações por parte dos players, o fortalecimento do setor de locação e o avanço tecnológico oferecem caminhos promissores para o crescimento e a inovação. Para aqueles que souberem aproveitar as tendências, 2025 pode se revelar um ano de grandes oportunidades.