A importância do Big Data na construção civil durante a pandemia

Por Wanderson Leite

O crescimento acelerado do segmento de construção civil durante a pandemia foi uma grande surpresa para todos. O número de reformas aumentou significativamente, chegando a quase 37% entre os meses de abril e junho. O índice se manteve em alta, uma vez que essa tendência foi incorporada aos novos hábitos do consumidor. E a melhor alternativa para as lojas de materiais para construção alavancarem seus negócios nesse novo contexto foi o Big Data.

Essa tecnologia é capaz de analisar uma grande quantidade de dados em pouco tempo e com muita precisão. Trata-se de um recurso capaz de otimizar processos, entender padrões de comportamento de clientes e do mercado, com o intuito de facilitar a tomada de decisão por parte dos gestores. Analisar as mudanças ocorridas durante a pandemia foi crucial para o mercado de construção civil.

As pessoas ficaram mais em suas casas, que além de servirem como moradia, se transformaram em um ambiente de trabalho e também de lazer. Passando mais tempo em confinamento, a preocupação com a estética e com o conforto das residências ganhou força e, consequentemente, as obras também. Ao mesmo tempo, aqueles comércios que esperavam o momento ideal para iniciar uma reforma sem que isso prejudicasse seus funcionamentos, encontraram na quarentena uma ótima oportunidade para tirar os planos do papel.

Com o isolamento social, os clientes deixaram de sair na rua batendo em portas de lojas de materiais para construção para pedir orçamentos; esse processo aconteceu online, através de sites e redes sociais. Nesse cenário, esses estabelecimentos se viram obrigados a migrar para o mundo digital e iniciar o atendimento online para sobreviver e impulsionar suas vendas.

Entretanto, esses esforços de nada adiantam, se não estiverem aliados ao Big Data, que aponta aos comerciantes onde estão as obras em andamento na região e quais as demandas de cada uma, para que eles busquem o cliente ao invés de aguardá-lo chegar ao balcão ou ser atingido virtualmente. Trata-se de uma estratégia muito mais incisiva e assertiva.

O contexto atual fez com que as empresas começassem a entender que o meio mais eficaz de projetar seus negócios é construindo um relacionamento com o cliente e entendendo como ajudá-lo da melhor forma. Assim, o principal objetivo do Big Data é fazer a ponte entre as duas partes, para que dessa maneira seja possível entender a demanda que o cliente procura e firmar uma relação de confiança que pode também ajudar em negócios futuros.

O trabalho de prospecção hoje não é uma opção, ele é fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa. Criar uma presença digital é fazer uma prospecção passiva; é esperar que a sua visibilidade nas redes traga o cliente até você, enquanto o Big Data te leva até ele. O mais importante é ter uma prospecção passiva combinada à ativa, mirando a estabilidade e uma receita previsível. Essa foi a grande conquista dessa tecnologia em meio à pandemia.

Wanderson Leite, idealizador do YES Menu.

Faça você mesmo: como a pandemia transformou as vendas de material de construção

Por Daniel Mayo, diretor de segmento da Linx

A pandemia do novo coronavírus e o isolamento social imposto trouxeram um estilo de vida diferente. Grande parte da população passou a trabalhar de casa, em um primeiro momento de forma temporária, mas, aos poucos, como nova realidade. Com mais tempo em casa, as paredes que precisavam de uma nova pintura, reparos que estavam atrasados e até mesmo decorações para deixar o ambiente mais agradável se tornaram o novo passatempo – e, consequentemente, o famoso “Faça você mesmo” dominou o setor de construção e home center.

Prova disso é o salto de vendas de materiais pela internet para pequenas reformas. Uma pesquisa conduzida pela ELK apontou que 24% dos consumidores finais já tinha comprado materiais online para pequenas reformas alguma vez na vida. Nos três primeiros meses da pandemia, porém, esse número atingiu impressionantes 42%. Para os varejistas, essa animação de criar e reformar com as próprias mãos significou migrar rapidamente para o universo digital. Para abocanhar uma parte do faturamento do segmento, 65% dos lojistas passou a vender de forma remota, com entregas. Em maio, esse número era de 44%.

Quebrando paradigmas, lojas menores e “de bairro”, sem presença no online, precisaram se adaptar, comercializar pela internet, além de ampliar o leque de produtos para bricolagem e jardinagem. Porém, apesar da vontade e potencial de mercado, o varejista precisa estruturar sua operação consistentemente. A capacidade de adequação também inclui surpreender e munir o cliente de maneiras que facilitem a compra, como pagamentos, prazos de entrega mais rápidos e promoções eficientes. Então, como preparar a loja para tais processos e com fluidez? Abaixo, elenco dois fatores como protagonistas.

Organização, formas de pagamento e prazos de entrega: os pedidos desse tipo de varejo costumam ser complexos, com diversos itens, diferentes tipos de processos – como aquisição online e retirada em loja – e o movimento oposto, com entrega delivery. Além disso, existe a possibilidade da entrega ser realizada em locais diferentes, principalmente quando executada por terceiros (engenheiros e arquitetos, por exemplo, que compram materiais para diversas obras no mesmo dia). Investir em sistemas que integram esses processos garantirá organização e versatilidade ao cliente, que deseja uma experiência de compra ágil e eficaz em todos os passos, além de formas de pagamentos facilitadas.

Promoções e movimentação de estoque: assim como diversos segmentos, o de material de construção e home centers conta com diversas vendas “casadas”. Uma pessoa pode precisar de uma lata de tinta para uma pintura, mas também comprar plantas e produtos para pequenos reparos. Além de garantir que há disponibilidade e controle dos itens estocados, é interessante aplicar soluções que facilitem os mesmos descontos, seja no PDV ou e-commerce, com oferta de brindes para descomplicar a vida do varejista. Nesse tipo de plataforma, ainda pode ser possível gerar vouchers e fidelizações, fatores que auxiliam o fortalecimento de pequenos empreendimentos.

Para o cenário do pós-pandemia, podemos prever a manutenção da alta de vendas do setor. Uma pesquisa do Grupo Zapp indicou que o tipo de imóvel buscado mudou durante a crise, com os brasileiros desapegando de moradias menores e próximas ao trabalho e se interessando cada vez mais por imóveis afastados, maiores e com vista para a natureza. Mais do que uma tendência, a mudança do estilo de habitação deve sustentar a consolidação do “Faça você mesmo”, com mais pequenas reformas tomando lugar nas novas casas.

Qual será o impacto para o setor? Podemos listar três: a primeira é que, com o aumento de metragem das casas, produtos de jardinagem e bricolagem devem ganhar ainda mais destaque; a segunda, lojas menores e afastadas poderão ganhar mais visibilidade por contraporem a distância das grandes redes; e a última, cada lojista e colaborador precisará entender o momento do mercado e dar respostas. Ter iniciativas e governar esse novo espaço, regendo os formatos físicos e digitais será fundamental para atender o novo público.

Afinal, por que se tornar síndico?

Por Rafael Lauand, CEO e Co-fundador da Lar.app

Se você gosta de estar a par de tudo que acontece em seu condomínio e realmente se preocupa com o seu patrimônio, provavelmente já pensou em virar síndico, não é mesmo? Ou, quem sabe, essa ideia surgiu de seus familiares ou amigos próximos. Não importa qual tenha sido a sua motivação, se você vai assumir essa função ou tem em mente assumir algum dia, é preciso se preparar!

O síndico é o maior responsável por um condomínio e, justamente por isso, não é qualquer pessoa que pode assumir esse grande desafio. As responsabilidades da função são muitas: noções administrativas, legislativas, além de uma profunda capacidade de gestão financeira, de fornecedores, manutenção e de pessoas. Nesse sentido, algumas pessoas podem acabar se sentindo intimidadas com as responsabilidades.

O papel do síndico é tomar as decisões importantes sobre o condomínio e o futuro de seus moradores, representando essa comunidade. Além disso, esse profissional responde civil e criminalmente pelo condomínio. Como a lista de responsabilidades é grande, não são muitos os condôminos que se candidatam para tal posição. Afinal, em uma rotina tão corrida como a dos dias atuais, assumir mais um desafio parece loucura.

Mas, se você está lendo esse artigo, provavelmente você tem interesse em saber mais sobre a função. Apesar de não exigir uma formação específica, essa atuação exige certa complexidade. Muitos são os questionamentos: O síndico precisa residir no condomínio? Um inquilino pode ser síndico?

De acordo com o Código Civil (artigo 1.347), o síndico de um condomínio deve ser eleito em uma assembleia, podendo ou não ser um condômino. A mesma cláusula ainda define que o prazo para o exercício da função não pode superar um mandato de dois anos. Entretanto, a pessoa poderá ser reeleita conforme desejo dos moradores por tempo indeterminado. O mesmo Código Civil ainda determina que qualquer pessoa (pessoa física ou jurídica) pode ser síndico de um condomínio.

Dessa maneira, essa definição permite que qualquer possa possa assumir assuma a função, ou seja, sem precisar morar na comunidade. Esse mesmo detalhe, inclusive, possibilitou a disseminação cada vez maior da profissionalização do síndico, que pode atuar em diferentes empreendimentos ao mesmo tempo.

Assumir o papel de síndico é um grande desafio, por conta do considerável número de responsabilidades. Ao assumir o cargo, o profissional ficará encarregado de gerenciar funcionários, assembleias, atender os condôminos, lidar com questões administrativas, financeiras, manutenções e ficar responsável pela valorização do patrimônio. Um dos principais conselhos é ficar rodeado de empresas de confiança e fornecedores que realmente ajudem em sua rotina. E aí, preparado?

Implementando BIM: dificuldades na relação entre cliente e fornecedor

Por Marcus Granadeiro

A implantação de processos em BIM (Building Information Modeling) já não é uma opção, mas sim uma necessidade. As dúvidas ficam relacionadas a quando e como implementar. Para que não se transforme em um custo e acabe prejudicando a empresa, é muito importante que ela esteja alinhada com o planejamento estratégico do negócio e tenha acompanhamento e patrocínio de decisões em níveis estratégicos.

A direção da empresa precisa entender o que é BIM, ler o mercado, estudar o movimento dos concorrentes e as demandas dos clientes, que ainda podem estar ocultas. Um dos erros mais comuns é olhar a tecnologia dentro dos processos legados, imaginando que apenas com sua adoção ocorrerá redução de custo e aumento de produtividade.

Além dos pontos acima mencionados é preciso pensar em novos produtos e soluções com a visão do cliente. Este é o caminho para a verdadeira Transformação Digital, na qual o BIM irá trazer a competitividade necessária para manter o negócio e prosperar.

A fórmula parece simples, mas temos alguns obstáculos. Um dos mais significativos está relacionado à forma como se compra tecnologia. Normalmente, o fornecedor de tecnologia não conhece a estratégia do cliente, nem ao menos fala com os executivos de níveis estratégicos. Na verdade, ele vende e promove a tecnologia baseado em manuais de marketing do fabricante ou no que ele “acha” que o cliente precisa. Muitas vezes, o próprio interlocutor pelo cliente não tem a visão necessária e acaba aplicando a tecnologia com foco desalinhado aos objetivos táticos.

As implantações em BIM e incorporações de tecnologia sem uma clara visão de suas razões e consequências em relação aos planejamentos da empresa normalmente não dão certo, são taxadas de “caras” e acabam ficando sem budget…e fim da linha!

Marcus Granadeiro, engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro da ADN (Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyours).

Proptechs e lawtechs: quando a inovação chega ao setor imobiliário

Por Maria Eduarda Herriot, CLO da LegAut

Todos sabem que a parte burocrática na compra de um imóvel, no Brasil, é uma dor de cabeça. Para a realização de uma verificação completa, são coletados dezenas, quase uma centena de documentos para prosseguir no processo de adesão de uma casa ou apartamento. E muitas pessoas ainda usam o método arcaico de reunir um por um desses documentos, e acabam perdendo muito tempo. Além disso, neste modelo, ainda é preciso um advogado para analisar toda a documentação, garantindo a segurança jurídica dos envolvidos. Todo esse processo pode levar dias, até meses para ser concluído.

Juros baixos, alta rotatividade de moradia na pandemia e a busca por distanciamento social, estoque de unidades… Enfim, o cenário atual é do setor imobiliário em aquecimento. E, em pleno 2020, com um mundo cada vez mais tecnológico, seria impossível acompanhar essa movimentação sem o uso de plataformas e aplicativos que usam inteligência artificial e API’s que funcionam para organizar e otimizar as transações imobiliárias. E é exatamente nestes gargalos que atuam as proptechs e lawtechs, melhorando processos e transformando tudo isso em um jeito mais fácil, seguro e assertivo.

Com essas ferramentas, economiza-se uma coisa muito importante nos dias de hoje: o tempo. Com a inovação promovida por estas startups, o tempo de apuração, organização e disponibilização de informações e documentos pode chegar a 24 horas. O mais bacana é que ainda é possível ter acesso a todos os arquivos para eventuais consultas posteriores. No modo “tradicional”, este fluxo levaria semanas, até meses para ser concretizado, e você obteria os documentos de forma desorganizada, sem acesso simples e direto a cada um deles.

Além da economia de tempo, economizamos outra coisa: dinheiro. Com o auxílio da tecnologia, o custo operacional é 80% menor do que o método tradicional. Essas plataformas são simples, bastando o comprador, vendedor do imóvel ou a imobiliária fornecerem informações básicas para que elas otimizem as etapas de um jeito mais rápido e barato.

Muitas empresas de tecnologia do setor, imobiliárias tradicionais, incorporadoras, construtoras e até plataformas de crédito digital já utilizam desse tipo de tecnologia e das inovações das proptechs e lawtechs para otimizar suas rotinas de trabalho, facilitando a vida deles e de seus clientes na hora de buscar, comprar ou vender um imóvel.

O uso de plataformas onlines que geram e facilitam o processo de venda e compra de imóveis só tende a crescer. Este mercado está ainda mais aquecido do que estava na pré-pandemia e, somando-se o grande movimento de startups, tecnologias e ambientes digitais que têm surgido nos últimos anos, o caminho certamente é sem volta. Com inúmeras fintechs, bancos digitais e outros recursos tecnológicos formando e compondo o chamado “novo normal” e atuando em diferentes segmentos, no setor imobiliário não seria diferente.

Vale acompanhar.

Maria Eduarda Herriot, CLO e Head de Comercial da LegAut, proptech voltada para a análise automatizada de documentação imobiliária.

Os desafios do Real Estate com a LGPD: impacto e urgência nas adequações

Por Rosangela Carmanini de SouzaTainã Dias da Silva

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) entrou em vigor em setembro e trouxe a urgência da adaptação de todas as empresas. Com os direitos das pessoas físicas assegurados pela Lei, as organizações terão de criar toda uma estrutura, que antes não existia, para atender as demandas dos titulares de dados. Nos setores que precisam coletar um alto volume de informações para viabilizar o seu negócio, como é o caso do segmento imobiliário, esta tarefa é ainda mais árdua.

Acostumados a coletar os dados de leads e clientes de forma física ou digital, as incorporadoras tinham o hábito de fazer a distribuição destas informações para os setores internos com o intuito de tirar o máximo de benefício possível. Assim, os dados fornecidos na ocasião de uma visita a um empreendimento ou mesmo por meio de sites e redes sociais seriam insumos para criar uma base de dados de envio de e-mail marketing, conteúdos e informes, ou ainda poderiam ser compartilhados com terceiros para possibilitar vendas de serviços, como decoração e móveis planejados, por exemplo.

Outra ação corriqueira no mercado real estate é a compra para o enriquecimento de base de dados visando identificar potenciais clientes e prospecção de imóveis. No entanto, com a LGPD, todas essas práticas não poderão mais acontecer de forma desenfreada, sem respeitar as disposições da Lei.

Para as bases de dados já adquiridas, uma alternativa de adequação à LGPD é solicitar o consentimento dos leads, uma vez que a empresa não tem como garantir que houve prévia solicitação. Essa ação poderá gerar, inicialmente, uma redução da base por baixa aderência, mas manterá apenas os interessados nos produtos ofertados pelas empresas, permitindo estratégias de marketing mais assertivas.

Para a coleta de novos dados pessoais de leads, cabe à organização solicitar o consentimento contendo informações claras sobre o que será feito com os dados pessoais e quais as possibilidades de compartilhamento. Quanto ao tratamento de dados indevido por terceiros, as empresas terão que implementar medidas de segurança da informação e de controle e restrição de acesso de usuários em seus sistemas, cláusulas contratuais, incluindo responsabilidades acerca das disposições da LGPD.

A empresa tem a obrigação de ser transparente com o titular ao coletar suas informações, deixando claro e explícito quais serão as finalidades, as formas de tratamento e o descarte ou anonimização após o uso. Além disso, é necessária uma atenção especial para o tratamento de dados sensíveis, que deverá contar com o consentimento específico e destacado do titular, bem como as finalidades de uso, que devem ser igualmente específicas, ou seu tratamento estar justificado em uma das outras bases previstas no artigo 11 da LGPD, que são aplicáveis a depender da finalidade da atividade.

Com isso, o que se percebe é a necessidade imperativa de remodelar a forma de uso dos dados coletados pelo setor imobiliário principalmente no que tange as áreas de marketing e comercial, tendo como diretriz as bases legais (Art. 7º e 11º da Lei 13.709/2018), que suportam os tratamentos, bem como adequar seus contratos com parceiros de negócio para garantir a liberdade e privacidade dos titulares de dados.

Portanto, com a LGPD em vigor, o setor imobiliário possui um grande desafio pela frente para adequar suas bases de dados, estratégias de marketing e comerciais, além de demais atividades que envolvem tratamento de dados pessoais. Para tanto, é urgente o início da conscientização dos colaboradores sob o aspecto da proteção dos dados e privacidade dos titulares, prevenindo e corrigindo ações que gerem riscos de tratamento inadequado ou mesmo de vazamento de dados, além de prover aos titulares de dados possibilidades e oportunidades de exercer seus direitos.

Rosangela Carmanini e Tainã Dias da Silva , consultoras seniores de Data Privacy da ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados

Gerenciamento de empresas no setor imobiliário: 3 tendências para o “novo normal”

Por Regis Souza

Mesmo em meio a pandemia causada pelo COVID-19, o mercado imobiliário começa a retomar e respirar com mais tranquilidade. Após anos de gargalo, enfrentados principalmente na recessão de 2014 a 2016, o setor começa a aquecer devido a medidas do governo, ampliação do crédito e taxas mais baixas de juros, como a Selic que está em 2% ao ano, menor patamar desde 1999. Para se ter uma ideia, as vendas no primeiro semestre de 2020 foram as maiores para o período desde 2014. Foram mais de 61.600 imóveis vendidos entre janeiro e junho, o que representa um crescimento de 10,6% em relação aos primeiros seis meses de 2019. O mês de maio foi o melhor desde março de 2015, com 12.707 imóveis vendidos, segundo a Abrainc e a Fipe. 

É necessário verificar se esses imóveis se enquadram em todas as medidas de segurança e legislação. Para garantir a manutenção das operações e eliminação de multas, além de prejuízos financeiros e de reputação da marca, é necessário que imóveis de uso comercial e industrial estejam legalizados nos Órgãos Públicos. É preciso ter uma clara visualização das necessidades de cada imóvel, realizando o estudo de viabilidade do empreendimento, é possível analisar detalhadamente a legislação afim de obter todo o histórico do imóvel perante aos Órgãos Públicos e os próximos passos na legalização da atividade do cliente. 

O mercado imobiliário e as empresas do setor também devem adotar medidas para se enquadrar na cultura e tendências de um “novo normal”. Tudo se torna cada dia mais digital, o home office passou a ser visto com bons olhos, assim como medidas mais flexíveis de trabalho. As pessoas buscam ainda mais relações humanizadas, de qualidade e com o auxílio da tecnologia, por isso tanto as construtoras, consultorias e incorporações devem adotar processos de qualidade interna e com os clientes.

Abaixo, listo três tendências e pontos que o mercado deve se atentar e adotar para o “novo normal”. Confira: 

1 – Análise da Regularidade Documental do Imóvel: quem aluga imóveis para instalação de suas atividades deve verificar se o local está com as suas licenças em dia e atendendo todas as exigências legais. É preciso verificar se o projeto está aprovado na prefeitura e possui toda documentação atualizada, como o Habite-se, por exemplo. Além disso, fique atento, com documentos como o Auto de Vistoria do corpo de bombeiros, Projeto aprovado em Prefeitura e se a atividade pretendida é permitida na zona do imóvel. 

2 – Utilização da tecnologia: com a revolução tecnológica, torna-se necessário adoção de ferramentas em diversos setores – no setor imobiliário isso não foi diferente. Pensando nisso foi desenvolvido um software pela empresa levando em consideração todas as necessidades do cliente para o gerenciamento dos seus ativos imobiliários próprios e locados, sendo eles Bens de Uso – BDU ou Bens Não de Uso – BNDU. O PropertyDocs permite acesso em tempo real aos imóveis da carteira, além da centralização e facilidade no controle da situação patrimonial de cada imóvel com relatórios e análises gráficas, também permite o controle das pendências e obrigações, assegurando a mitigação de multas e associadas às irregularidades dos imóveis. 

3 – Mais humanização e qualidade nos processos internos: com o crescimento do setor e a migração para o digital é necessário garantir a otimização de processos e a agilidade no desenvolvimento de produtos para levar satisfação aos clientes, colaboradores e empresas. A tendência de crescimento do setor é uma realidade, por isso é importante adotar a ISO 9001, um sistema de gestão da qualidade, focado em garantir que o negócio forneça um nível consistente de qualidade aos seus clientes, oferecendo processos e procedimentos bem definidos e regularmente revistos. Esse sistema também se integra aos procedimentos de negócios já presentes e ainda se torna parte da cultura dentro da organização. 

Também é preciso olhar para oito princípios essenciais de negócios, entre eles: foco no cliente, liderança, envolvimento de pessoas, processos de abordagem, abordagem do sistema à gestão, melhoria contínua, abordagem factual para a tomada de decisões e relações mutuamente benéficas com fornecedores. Além disso, é preciso focar na gestão do negócio assim como na gestão das demandas dos clientes. 

Regis Souza, CEO da Property Management

A busca por imóveis maiores e afastados dos grandes centros deve continuar no pós-pandemia?

Por Livia Rigueiral, CEO do Homer

A pandemia acabou impulsionando e acelerando mudanças no comportamento das pessoas, e o distanciamento social, que colocou muita gente em home office e tele-estudo, apresentou uma nova realidade ao mercado imobiliário. É perceptível que algumas necessidades mudaram, e que o imóvel, por exemplo, deixou de ser só um local de descanso e convivência com a família, para abrigar essas novas atividades profissionais e pessoais. No Homer, aplicativo gratuito que oferece soluções tecnológicas aos corretores de todo o Brasil, notamos um aumento significativo na busca por casas longe dos grandes centros – ou até mesmo no interior -, e com mais espaço.

E falando em espaço, cômodos melhor divididos, com uma área de lazer interessante, quintal, e um cantinho confortável/funcional para o home office, se tornaram fatores determinantes quando o assunto é qualidade de vida. 67% das pessoas que buscam um novo imóvel já perceberam isso, foi o que revelou uma pesquisa feita pelo Grupo Zap para mostrar como o coronavírus influencia o mercado imobiliário brasileiro, pois é essa a porcentagem de pessoas que acham importante ou muito importante que os cômodos sejam bem definidos – algo que ajuda, e muito, na sensação de organização e amplitude do ambiente.

Mas, e no pós-pandemia, será que essa procura vai continuar?

A meu ver, o custo benefício de se morar em um lugar maior, em bairros e cidades mais afastados, é excelente. E quando aliado à percepção das pessoas de que o home office é um modelo de trabalho interessante, acaba se tornando quase irresistível – mesmo com o fim do distanciamento social. Quem não quer poder atuar de qualquer lugar? E se esse lugar for confortável então?

Talvez o trabalho à distância não permaneça 100%, mas acredito que pelo menos ele se dê no formato híbrido – com alguns dias no escritório, e outros dias trabalhando de casa. Isso deve manter em alta essa tendência. E se a necessidade dos consumidores se consolidar mesmo em imóveis maiores, e não mais os menores mas “bem localizados”, o setor terá que se adaptar, afinal, o objetivo do mercado imobiliário é – de forma muito cuidadosa, por lidar com investimentos de alto custo – ajudar as pessoas a encontrarem imóveis com o perfil que elas procuram, e que elas possam chamar de lar. Se o novo modelo de lar dos sonhos precisa ter mais espaço para o convívio em família, ou ser bem planejado com áreas bem aproveitadas e o indispensável escritório em casa, então é a isso que o mercado deverá voltar suas atenções daqui pra frente.

É urgente aprovar o Marco Regulatório da Hipoteca Reversa!

Por Elyseu Mardegan Jr.

No Brasil, o assunto da hipoteca reversa (em voga nos EUA há dois anos) já esteve em pauta no Congresso Nacional e em grupos de trabalho do Ministério da Economia e do Banco Central desde 2018, ano em que o Senador Paulo Bauer apresentou o projeto de Lei PLS 52/2018, cujo conteúdo se assemelha ao modelo adotado nos EUA.

Neste mesmo ano, na campanha política à Presidência da República, o Presidente Bolsonaro e o Ministro da Economia mencionaram explicitamente a aprovação desse modelo de crédito como parte do programa de Governo. Mas, como outros tantos projetos absolutamente necessários para o País, este PL dorme tranquilamente na CCJ à espera de ser levado a pauta para votação, à mercê da vontade dos nossos deputados e senadores, sujeito a pressões e interesses diversos.

Chamo a atenção, não para a questão política, mas sim, para a necessidade urgente da aprovação do Marco Regulatório que permitirá a oferta deste produto no mercado brasileiro dada às condições econômicas precárias das pessoas com 60 anos ou mais, para quem esse produto foca seus benefícios, principalmente, após o período de pandemia.

Durante a recente Reforma Previdenciária, fomos inundados com informações, números e detalhes que demonstravam a fragilidade do nosso sistema, incapaz de prover aos aposentados uma vida digna após longos anos de trabalho e contribuição social. Fomos apresentados abertamente à sua ruina, caso as mudanças não fossem aprovadas e, mesmo assim, mudanças deveriam ser adotadas em breve tempo.

Como resultado de uma previdência social insuficiente e incapaz de prover aos aposentados um valor mínimo para a manutenção de uma qualidade de vida digna e decente, empurramos esta imensa população à margem da sociedade, como presas fáceis para ofertas de crédito (consignado), que se tornaram absolutamente necessárias para aqueles que vivem da mísera aposentadoria social.

Afinal, no momento de suas vidas cujas despesas médicas crescem e o poder de compra se deteriora, resta aos nossos aposentados complementar suas rendas com os tais empréstimos consignados, que escravizam e os mantém como reféns. Com a hipoteca reversa, muitos brasileiros nessa situação, e que conseguiram conquistar algum patrimônio imobiliário durante a vida, poderiam complementar a sua aposentadoria mensal com um valor adicional, calculado com base no valor do seu imóvel e na sua expectativa de vida.

Trata-se de permitir que as pessoas utilizem em vida o patrimônio conquistado com grande esforço e poupança, sem gerar um super endividamento de curto prazo, que reduz ainda mais a já insuficiente renda mensal desse público. Ao optar por essa modalidade de crédito, os idosos poderão receber ainda uma contribuição adicional ao valor das suas aposentadorias, sem comprometer seus ganhos, a taxas de juros mais baixas e com um benefício calculado para um longo prazo.

Com regras claras e bem definidas, este aposentado ou seus herdeiros, poderiam ainda optar pelo refinanciamento do imóvel dado em garantia na hipoteca reversa ao término do contrato, seja pela morte do beneficiário ou por decisão de vender o imóvel, ainda em vida.

São muitas as vantagens e as contribuições deste produto para um segmento que, cada vez mais, sofre as consequências de políticas públicas equivocadas e mal geridas. É urgente a aprovação deste Marco Regulatório para possibilitar uma vida mais digna e decente para essa parcela da população que, a partir daí, teria um grande desenvolvimento e uma nova forma de crédito em um momento tão delicado de suas vidas!

Elyseu Mardegan Jr, CEO da LendMe – fintech de empréstimos com base imobiliária

Por que o BIM se tornou tão valioso na era da Transformação Digital?

Por Marcus Granadeiro


A Transformação Digital pode ser resumida nas mudanças necessárias para que empresas nascidas em tempos pré-internet consigam se manter e competir no mundo atual. Bem além de implantar novas tecnologias, estas mudanças estão relacionadas à alteração do modo de pensar, também chamado de mindset. Para melhor compreender os cenários e desenvolver estratégias para a Transformação Digital, deve-se analisá-la dentro do espectro de seus cinco domínios: clientes, concorrência, dados, inovação e valor.

Não há dúvida que a mudança para a metodologia BIM (Building Information Modeling) é uma das estratégias da transformação digital para a engenharia e construção se transformarem e já não existe o dilema de ir ou não para o BIM, mas quando e como ir. Pensando em estratégia de negócio, cada caso é um caso, não há fórmula mágica, porém o caminho é analisar os domínios da transformação digital, entender os novos cenários e buscar o posicionamento e a lucratividade dentro de cada um deles.

Um dos pontos é a convergência do processo BIM com os demais processos, pois a sinergia e os ganhos aumentam muito com a digitalização e integração. Um processo de compras não automatizado, uma topografia tradicional e procedimentos de qualidade antigos criados na era pré-BIM além de não terem sinergia com o BIM podem se transformar em obstáculos. Assim, observamos nos melhores cases do mercado a convergência das implantações BIM com implantações de projetos em aplicativos para celular e tablets e com inovações em controle de qualidade e supervisão de obra por meio de equipamentos e tecnologias emergentes.

Neste novo cenário, o cliente deve fazer parte e estar integrado, muitas vezes a concorrência passa a ser aliada e parceira, os dados se transformaram em valioso ativo e inovar não é mais um luxo, é necessidade. No entanto, todas estas mudanças não alteraram um antigo conceito relacionado a valor, no qual se sabe que a corrente é tão forte quão seu mais fraco elo. Assim, a digitalização não pode ficar restrita ao modelo, pois desta forma grande parte do seu valor estaria sendo desperdiçado.

Digitalização de processos, continuidade do fluxo de informação ao longo da cadeia de valor, integrações e entrega de modelos e dados que gerem valor sob a visão do cliente são os pontos-chave para uma implantação BIM de sucesso. Implantações como essas nunca vão ser consideradas caras, mas serão vistas como o melhor investimento a ser feito.

Marcus Granadeiro, engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro da ADN (Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyours).