Proteção a inquilinos durante pandemia pode beneficiar mais famílias de baixa renda

Análise de professor do Insper mostra quem paga e quem recebe aluguel no Brasil 

Defendidas por algumas autoridades para mitigar o impacto da crise econômica causada pela pandemia de coronavírus, medidas de proteção a inquilinos residenciais poderiam aliviar proporcionalmente mais a finança dos mais pobres. A massa da despesa com aluguéis está concentrada nas famílias de baixa renda, enquanto os mais ricos concentram as receitas. 

Sergio Firpo, professor titular da Cátedra Instituto Unibanco do Insper, realizou uma análise descritiva de quem paga e quem recebe aluguel residencial no Brasil, com base na mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) divulgada pelo IBGE, referente a 2018. 

Das 69 milhões de unidades familiares brasileiras, 11,7 milhões (17%) têm despesa monetária com aluguel – o gasto médio mensal é de R$ 555. A fatia dos domicílios que recebem dinheiro de aluguel é menor: 3,4 milhões (5%). 

Considerando toda a massa de pagamentos, os mais pobres estão sobrerrepresentados entre quem tem despesa com aluguel. 

Embora famílias com renda até dois salários mínimos sejam 24% da população, entre as que pagam aluguel elas são 29%. Os desembolsos com o locador também pesam mais (34%) no orçamento dos mais pobres do que na média (20%) dos lares com esse tipo de despesa. 

Já quando se trata das famílias que ganham dinheiro com aluguel, o quadro de concentração se inverte. Os lares no topo do poder de consumo, com renda mensal acima de 25 salários mínimos, embora sejam 2,5% da população, representam 12% das que recebem aluguel. 

Mais informações sobre esta e outras pesquisas do Insper podem ser obtidas em Insper Conhecimento