Maior investimento em ética e compliance são necessárias para reverter imagem ruim do setor de construção civil no Brasil

Depois de seguidos anos em baixa, o setor de construção civil iniciou 2020 com perspectivas de crescimento de 3%. Segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil (SindusCon) do Estado de São Paulo, hápotencial para criação de mais de 2,3 milhões postos de trabalhos formais até o fim do ano. Contudo, apesar da retomada de investimentos, construtoras, incorporadoras e prestadores de serviços têm um longo caminho a percorrer no que tange a imagem do segmento frente a sociedade, que foi abalada nos últimos anos por inúmeros casos de envolvimento em ações de corrupção. 

Por isso, crescem iniciativas para diminuir tais problemas e combater a corrupção com seriedade, garantindo sustentabilidade dos negócios e maior credibilidade a todos os players envolvidos. O caminho para isso passa pela tecnologia e prevenção. “Investir em compliance com processos bem estruturados, como Know you Supllier(KYS) ou Conheça seu Parceiro; Know Your Employee (KYE) ou Conheça Seu funcionário, backgroung checkdue dilligence, entre outros, são talvez as melhores maneiras de prevenir fraudes diretas e indiretas”, pontua Eduardo Tardelli, CEO da upLexis, empresa especializada em tecnologias para busca e estruturação de informações retiradas de grandes volumes de dados (big data) extraídos da internet. 

O momento, portanto, exige do empresariado um investimento maior em ética e compliance, a fim de garantir o cumprimento das normas e regulamentações, e consequente durabilidade do aquecimento. “Por ser um setor que possui muitas leis, é essencial investir em metodologias que garantam o cumprimento destas”, lembra Tardelli. Outro motivo é que empresas que desejam estabelecer contratos com a Administração Pública de alguns Estados em valores acima de R$ 5 milhões devem adotar o Programa de Integridade – comumente conhecido como Compliance, seguindo Decreto 40.388/2020 regulamentou a lei 6.112/2018 (atualizada pela lei 6.308/2019), cujo objetivo é implementar uma cultura de ética empresarial e prevenir a corrupção. 

Iniciativas nesse sentido têm ganhado espaço: há dois anos, por exemplo, a Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma cartilha para auxiliar empresas do setor de construção civil a lidar com casos de corrupção e implantarem práticas de compliance. Mais recentemente, a Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) concretizou a primeira turma do curso EAD sobre “Ética & Compliance na Construção: transformando valores em ação”, que contou com 270 inscritos, sendo realizado entre outubro a dezembro do ano passado.