Aplicativo potencializa modelo construtivo BIM

Grupo Toctao e Globaltec desenvolvem plugin que facilita coleta de dados direto da obra para alimentar o BIM a partir do próprio celular

Com 25 anos de mercado, o Grupo Toctao traz um case de sucesso sobre a aplicação do Building Information Modelling (BIM), ou Modelagem da Informação da Construção.  A empresa, que atua em todo Brasil, tem em seu portfólio empreendimentos e obras de diferentes portes e segmentos, fundou a TocTec  em parceria com a empresa de tecnologia Globatec, em 2019. A TocTec é uma marca independente voltada à  assessoria técnica e fornecimento de soluções de software, que trabalha com desenvolvimento de tecnologia para a área de engenharia, com foco na implantação e coordenação de projetos BIM. Seu principal produto é o TocBIM, um aplicativo que conecta as informações dos modelos BIM com as obras. 

Tudo começou em 2014, quando a Toctao começou a usar o BIM em suas obras e a partir desta experiência desenvolveu e testou o aplicativo na obra de um shopping que estava construindo naquele momento.  “Desenvolvemos o software que fazia o controle físico da obra usando os modelos BIM. Diante de seus bons resultados, veio a ideia de compartilhá-lo com todo o mercado. Foi quando surgiu a TocTec”, relata  o engenheiro civil Larsson Diogo Seabra Coelho Romangoli, que desenvolveu o aplicativo TocBIM.

Ele explica que o BIM é um processo de trabalho que acompanha a obra em todas as suas fases – o que inclui compatibilizar projetos, fazer planejamento de execução e gerir orçamentos. “Para isso é preciso reunir o máximo de informações sobre a edificação e o nosso plugin ou aplicativo faz justamente isso: de maneira rápida e fácil pega os dados do modelo [construtivo] e faz essa comunicação de quantitativo [quantidade de um serviço estabelecido em um projeto arquitetônico para cada área] e controle físico [comparativo da quantidade de serviço que foi executada até uma determinada data, com a quantidade prevista]”, detalha o engenheiro civil Larsson.

Para demonstrar o que na prática faz o TocBIM, o engenheiro explica que, antigamente, para fazer, por exemplo, a modelagem entre os projetos (arquitetônico, hidráulico, elétrico, de engenharia e outros), pegava-se cada um deles, extraí-se suas medidas, colocava-se numa papel e jogava-se numa planilha. “Hoje pelo aplicativo, que pode ser inserido no celular, você jogar essas medidas e todas as informações nos formulários já pré-definidos e esse plugin alimenta o Revit, que é software de projeto que segue os princípios do BIM. Portanto, as informações que alimenta o programa e possibilita uma visualização em 3D da edificação e também a intervenção para possíveis correções ou adaptações”, explica Larsson.

Lógica do sistema


O BIM é um processo de trabalho o qual acompanha a edificação em todo o seu ciclo de vida: viabilidade, projeto, orçamento, planejamento, operação e reforma e/ou demolição. O projeto, neste conceito, torna-se muito mais próximo da obra real (virtualização dos elementos), facilitando a observação de possíveis inconformidades (erros de projeto, sobreposições, etc.), evitando, portanto, retrabalho e desperdício de material, e por consequência, garante-se um orçamento e planejamento precisos. De maneira resumida, o BIM é uma representação digital ou virtual das características físicas e funcionais de uma edificação, que contém todas informações do ciclo de vida da construção, disponíveis em projeto.

De acordo com o engenheiro, o BIM integra a lógica do sistema construtivo Last Planner System (LPS). Já no início dos anos 90, em muitos países, o LPS vinha sendo aplicado como uma nova forma de estruturar os processos de planejamento e controle da produção na indústria da construção, a partir das experiências bem-sucedidas em outros setores industriais. Tal abordagem de produção foi baseada em conceitos e princípios do Sistema Toyota de Produção.

Esse sistema de planejamento baseia-se nos princípios da construção enxuta (lean construction). O LPS consiste em levantar conjuntos de tarefas a serem realizadas e selecionar aquelas que possam efetivamente ser designadas às equipes executoras. Quando as restrições referentes a mão de obra, materiais, especificações de projetos e equipamentos forem removidas, considera-se o plano aprovado.

Mas as mudanças propostas no processo LPS esbarraram na qualidade e na quantidade de informações requeridas para a tomada de decisão. É a partir daí que o BIM emerge como um novo sistema de modelagem, que proporciona a vantagem de agregar informações em um banco de dados único e se apresentar como uma alternativa destinada ao auxílio do processo de tomada de decisão na gestão de sistemas construtivos.

“São vários benefícios do BIM e em várias etapas da obra. Dentro da parte de projeto um dos principais motivos de usar o BIM é que ele como processo traz um resultado melhor de projeto, melhor compatibilizado, mais fácil de entender, tem a visualização 3D que ajuda muito no entendimento e análise do projeto. É uma informação que fica registrada e guardada e pode ser acessada a qualquer momento”, esclarece Larson.